Fim de Semana / Palco

João Sanches estreia Chorume: uma Comédia de Restos

A peça é uma "comédia sobre excessos"

Foto: Diney Araújo

Com uma dramaturgia radicalmente fragmentada e dinâmica, Chorume – uma comédia de restos, de autoria do paulistano Vinicius Calderoni e direção de João Sanches (Egotrip/Revele), reflete sobre o excesso de lixo (material, verbal, emocional e comportamental) que a vida urbana tem produzido numa velocidade impressionante.

O espetáculo estreia no Teatro SESI – Rio Vermelho, 18 de maio, onde cumpre curta temporada, aos sábados e domingos, às 20h, até 16 junho. Ingressos à venda através do site do Sympla e na bilheteria do Teatro.

O elenco formado por quatro atores e um músico se reveza em 86 personagens. Para o desafio de encarnar múltiplos papeis, sobe ao palco um grupo prestigiado e experiente composto por Evelin Buchegger, Mariana Moreno, Talis Castro, Wanderley Meira e o músico e produtor musical Leonardo Bittencourt, responsável pela trilha sonora de diversas peças de sucessos na Bahia .

A montagem encenada por Sanches e escrita por Calderoni aborda com um humor cheio de sarcasmo questões contemporâneas como fake news e polêmicas geradas nas redes sociais.

“Com o avanço tecnológico da comunicação, temos, hoje, um mundo onde todo mundo quer e pode falar, mas onde ninguém se escuta”, afirma o diretor.

Esse “lixo de vozes e palavras” é a matéria prima dessa comédia contemporânea, cujo humor irônico e caótico pretende nos proporcionar a experiência de revirar o nosso próprio “lixo”. 

Chorume – uma comédia de restos aborda o excesso, a saturação, o lixo que a vida urbana contemporânea tem produzido numa velocidade impressionante.

Composta a partir, literalmente, de restos de outros textos do autor e também de todo tipo de literatura “imprópria para o palco”, como afirma o próprio Calderoni, a peça apresenta um dispositivo polifônico em que se pode ouvir/ver, de maneira louca e caótica, as diversas vozes e cenas que atravessam diariamente o cotidiano das grandes cidades.

Num mundo do “hiper” (hipermercado, hiperconsumo, hiperconectividade, hipervelocidade, hiper-comunicação), em que a velocidade do consumo se confunde com a velocidade do descarte, onde as tecnologias de informação permitem a publicização massiva de opiniões, imagens, notícias e apelos diversos, a encenação de Chorume – uma comédia de restos convida a plateia a se perguntar sobre sua identidade e revirar esse grande “lixão” que se tornou nossas cidades, nossas time lines, nossas vidas.

Concepção cênica

O diretor João Sanches, que também assina cenário, luz e figurino da montagem, propôs um cenário composto a partir do lixo produzido pela própria equipe. Com esse material, ele preencheu todo o teto do palco com sacos cheios de lixo os quais, juntos, se assemelham a uma grande onda de lixo prestes a desabar sobre a cabeça dos atores.