Comportamento

Transtornos mentais estão entre as maiores causas de afastamento do trabalho

Saiba qual o papel das empresas

Foto: Divulgação

O trabalho é uma parte importante da vida e precisa ser fonte de realização, sustento e crescimento. Muitas vezes, porém, não é isso que acontece e a atividade laboral se torna causa de adoecimento. Quando falamos em Saúde e Segurança do Trabalho, o que vem à mente inicialmente são os acidentes e as patologias físicas. Nos últimos anos, porém, as estatísticas apontam que os transtornos mentais figuram entre as principais causas de afastamento no Brasil. Diante desse cenário, é preciso falar sobre assunto e profundar os motivos que levaram a esse quadro – e como evitar que ele se agrave.

Neste mês de abril, destinado a estimular a prevenção, saúde e segurança do trabalho, a necessidade de se atentar para a saúde mental no ambiente laboral se sobressai, especialmente considerando dados recentes sobre o tema. Conforme a Previdência Social, em 2017, episódios depressivos geraram 43,3 mil auxílios-doença, sendo a 10ª doença com mais afastamentos. Já doenças classificadas como outros transtornos ansiosos também estão entre as que mais afastaram, na 15ª posição, com 28,9 mil casos. O transtorno depressivo recorrente apareceu na 21ª posição, com 20,7 mil auxílios.

O aumento de jornadas exaustivas, imposição de metas abusivas, falta de reconhecimento e autonomia no ambiente de trabalho são algumas das possíveis causas de tantos afastamentos ligados à saúde mental.

“Além disso, o excesso de auto cobrança e uma tentativa desenfreada de querer responder a demanda de um ‘outro Institucional’ como forma de validar seu trabalho, ultrapassando assim seu próprio limite e negligenciando sua vida social e lazer, contribuem para estas estatísticas”, a alerta o psicólogo e diretor técnico da Holiste Psiquiatra, Ueliton Pereira.

Ele ressalta que as doenças mentais associadas ao trabalho mais comuns são depressão, transtorno de pânico, ansiedade e síndrome de bournout. Os trabalhos mais estressantes envolvem bombeiros, militares, policiais, jornalistas, altos executivos, médicos, enfermeiros que trabalham em UTI e emergências, economistas e professores.

 Ueliton destaca ainda que a doença laboral se caracteriza quando os sintomas surgem decorrente a rotina do trabalho e envolvem o ambiente e qualquer assunto referente ao trabalho. Geralmente as pessoas sentem a crise de ansiedade e pânico no momento que têm que sair para ir trabalhar, ou o coração dispara quando fala do chefe ou de alguma situação que remete ao trabalho.

“Quando o desânimo começa no final de semana, ao lembrar que no dia seguinte retomará a rotina e isso começa a aumentar a ponto de os sintomas começarem a um ou dois dias antes é um sinal. Muitos pacientes relatam que sonham, só falam no trabalho e sentem todos os incômodos possíveis, a ponto de começar a gerar faltas e outros. Cansaço excessivo - físico e mental, dor de cabeça frequente, alterações no apetite e no sono, dificuldades de concentração, sentimentos de fracasso e insegurança e negatividade constante são possíveis sintomas de adoecimento”, sublinha.

Síndrome de Burnout

O conceito mais usado para Síndrome de Burnout é um estado físico, emocional e mental de exaustão extrema, que resulta do acúmulo excessivo em situações de trabalho emocionalmente exigentes e principalmente estressantes, que demandam muita competitividade ou responsabilidade.

“A principal causa da doença é justamente o excesso de trabalho. Geralmente começa com uma crise de ansiedade ou pânico, para depois se desenrolar como a Burnout”, completa Ueliton Pereira.

O papel das empresas

Para contribuir na tarefa de proporcionar mais saúde e segurança para os funcionários, as empresas podem utilizar estratégicas que diminuam o estresse e a pressão no trabalho. 

“Geralmente programas que melhorem a qualidade de vida no ambiente de trabalho ajudam, bem como, a melhora do espaço físico e emocional. O reconhecimento dos profissionais, bem como campanhas motivacionais são excelentes exemplos. Qualquer empresa tem que cuidar da saúde mental de seus funcionários, proporcionando informações, cultura, lazer, dentre outros”, opina o psicólogo.