Helô Sampaio

Como foi a festa de debutante da morena que enfeitiçou Vinícius

E ainda aprenda a fazer uma feijoada de frutos do mar


Gessy Gesse e Vinicius de Moraes - Foto: Arquivo pessoal

Sabem o que é uma festa de debutante daquelas, muito linda? Aliás, pra começar, vocês ainda sabem o que é debutante? Explico: tempos pra trás, quando a gente fazia 15 anos, sempre havia uma festa bem social onde a gente dançava valsa com o papai e oficialmente já podia namorar, dar um cheiro o cangote do nêgo, essas coisas. Era o ‘debut’, ou a entrada no mundo das mocinhas.

Pois é. Outro dia fui a uma festa dessas, maravilhosa, com coroa e valsa dançada pela aniversariante, onde damas eram também coroadas por madrinhas, com muita comida de qualidade e gente bonita.

A debutante desfilou translumbrante, irradiando felicidade e até o mar de Itapuã parecia encantar a todos. A Casa di Vina era uma festa só, bem decorada por Renata, Rose e pela aniversariante, a minha amada amiga Gessy Gesse, que debutou ao completar 80 aninhos (com essa carinha de 44).

Era um sonho que Gessy realizava posto que não teve festa aos 15 anos. E Rose, sua filha, veio do Rio de Janeiro para realizar o desejo da mamãe. Foi um momento memorável para a vida de todos os amigos.

Eu, dama, ‘coroei’ a madrinha Elíbia Portela, minha irmãzinha do coração, que também estava linderésima. E como ‘um convidado convida 100 (e o dono da casa bota os 101 pra fora’, diz o povo de minha terra), levei meus irmãos Ana e Paulo para cantarem o parabéns da amadinha, Gessy.

Gessy nasceu no Santo Antônio Além do Carmo, num dia da Lavagem do Bonfim. Por isso muitas baianas e algumas Filhas de Ghandy sempre vão homenageá-la. Sua avó, uma índia tupinambá, era quem satisfazia todos seus gostos.

Começou a fazer teatro em casa, em cima de caixotes, para irmãos e vizinhos que tinham obrigação de aplaudi-la. Cresceu, e foi ser telefonista num hotel. Então foi convidada para fazer um comercial. Aí, começou a vida: foi fazer a escola de teatro e quando foi convidada para estrelar em vários filmes. O sucesso logo bateu na porta da morena bonita.

Um dia, após o fim do filme o Cangaceiro, a baiana gostosa e maravilhosa foi ao Rio de Janeiro, para passear e rever a família. Aí, encontrou com Maria Bethania e foram juntas a um evento onde o amigo de Beta, Vininicius de Moraes iria colocar a mão no cimento da Calçada da Fama, deixando para a marca para a posteridade. Gessy não queria ir pois “festa de intelectual é muito chata”. 

Bethania prometeu não demorar e ela resolveu ir. Foi quando conheceu o ‘muso’ Vinicius de Moraes que bateu os olhos em cima da morena e... se apaixonou. O resto, vocês lêem no livro ‘Minha vida com o Poeta’, que ela escreveu e conta todo o amor com Vini. Eu já estou lendo para ver todos os romances.

Já trouxe o livro até para Itabuna, onde vim com a minha irmã, Ana, para matar saudade do restante da família. Estamos indo para a Ponta da Tulha, uma praia que fica na estrada de Ilhéus para Itacaré, onde Lula, meu irmão, tem um sítio. É um lugar onde beleza é substantivo comum, produto que se encontra em todos os locais.

Veja o filme "Os Cangaceiros" (1953), na íntegra

Acho que é o que resta do Paraíso: sol, águas claras e mornas, praias de areia branca ainda com búzios, um coqueiral translumbrante, e principalmente Paz, produto difícil nos dias de hoje.

A sereia vai se apresentar altamente sedutora durante o mês de fevereiro. Estou pensando seriamente em comprar um biquine cavadão para reinar gostosona no pedaço, ofuscando todas as mulheres que se atreverem a aparecer. Só vai dar euzinha. He-he!

Não adianta chorar, meu lindinho, que não vou brilhar na festa de Itapuã e no Carnaval aí, da capital, não. Este ano vou resplandecer aqui pelo interior, em Ilhéus, terra que amo, e Ibicaraí, cidade natal onde revejo meus amigos de infância e meus primeiros aluninhos, que eu dava esporro e botava de castigo (não era Braitt e Adailson?), mas evitava a suspensão pela professora Léia, que era bem mais rigorosa. Que saudade!

Falar em professora, lembrei da minha amada amiga professora de culinária, Elíbia Portela, que eu recorro sempre que estou ‘apertada’. E ela publicou umas receitas (www.bahiasocial.com.br) de feijoadas para todos os gostos, que eu não resisti.

Tem a feijoada carioca com feijão preto, a feijoada baiana com o feijão mulatinho, a sergipana com vários tipos de legumes e até a feijoada com frutos do mar, com feijão branco.

A dúvida foi: qual a mais gostosa? Já pedi a amiga para fazermos um teste bem equilibrado: ela cozinha e eu provo. Quer melhor, neguinho?

Vou antecipar a feijoada de frutos do mar, como foi publicado, lembrando que um quilo de feijão dá para alimentar cinco comilões. Xero.

Feijoada de frutos do mar de Elibia

Ingredientes:
-- 1k de camarões médios
-- 250g de lulas em anéis
-- 300g de polvo já cozido
-- 500g de feijão branco demolhado
-- 500ml de caldo de camarões
-- 3 tomates sem pele e sem sementes, picados
-- Suco de um limão
-- Uma cebola grande
-- 4 dentes de alho picados
-- 30ml de azeite de oliva
-- ¼ de xicara (chá) de salsa, cebolinha e coentro picados.

Modo de preparar:

-- Cozinhar o feijão na própria água em que ficou de molho e folhas de louro, até ficarem macias, sem se desmanchar (por aproximadamente uma hora); se precisar, juntar mais agua quente;

-- Em uma frigideira, refogar no azeite a cebola, o alho e os cheiros verdes; adicionar a lula, o polvo, o feijão já cozido e os camarões crus temperados com sal e pimenta a gosto;

-- Por fim, agregar o caldo de camarões e deixar que cozinhem até ficar cremoso. Finalizar com o tomate, coentro e algumas gotas de limão.

Bom apetite e belíssimas festas até o Carnaval. Aproveitem!