Logo cedo me deparei com uma situação em um grupo que participo e fiquei pensando em como é difícil essa história de vivermos com outras pessoas. Fico observando como a necessidade de se sentir valorizado é forte e como as pessoas acabam se utilizando de estratégias em busca de atenção, de amor, mesmo que seja através de situações conflituosas.
Esse comportamento é bastante comum na infância quando a criança passa despercebida pela família e acaba descobrindo que se tirar notas baixas, fazer bagunça na casa e até bater no irmãozinho, será uma forma de ser olhado e ouvido. A atenção de forma distorcida acaba sendo melhor do que não ter um lugar.
O tempo passa e vamos vivendo de acordo com o que é possível dentro de nossa história, chegamos à vida adulta e muitas vezes continuamos reagindo ao meio como aquela criança da infância, machucada e sem afeto. Vamos reproduzindo em nossas relações e ao meio da mesma forma, tentando chamar a atenção. Uns irão dar um jeito de outra maneira, mas uma grande parte continuará presa as dores da infância.
Cada pessoa tem um jeitão de ser, acaba se moldando ao ambiente, utilizando de máscaras para dar conta de seguir em frente com suas dores. Quando falo em máscaras não estou usando em tom pejorativo, mas como um recurso que foi extremamente útil para você sobreviver. Se para eu ser amado dentro de minha casa precisei esconder uma parte de mim que não seria aceito, a máscara do bonzinho me garante o amor dos pais.
Desta forma vamos encontrando várias pessoas cada qual com suas particularidades e quando nos esquecemos do papel que desempenhamos e mostramos o que sentimos de verdade, isso pode ser muito difícil para quem convive ao nosso redor. Isso porque o nosso lado sombra vem sendo abafado, ninguém quer assumir que teve um pensamento ruim a respeito de outra pessoa, que teve vontade de sair do carro e dar um murro em uma pessoa em uma situação de trânsito. Esses exemplos são mais fáceis de lidar, mas sabemos que muitas vezes temos desejos bem obscuros.
Ser quem somos é uma tarefa muito árdua, requer de nós e do outro muito equilíbrio, clareza, percepção e consciência senão saímos reagindo a tudo sem medidas. O interessante não é querer tirar as máscaras, mas ter consciência das mesmas, de quem somos e porque somos. Sermos mais íntegros com os nossos desejos e com o que vendemos a nosso respeito.
Ao tirarmos as máscaras mostramos quem somos na essência, mas nem sempre teremos uma boa acolhida, afinal todos nós estamos em processo de construção constante.