No Recife antigo e pulando o frevo, "visse?"
Escrevo para vocês daqui da praia da Boa Viagem, sentindo esta brisa fresca, respirando ares pernambucanos, andando pelas areias tépidas da praia enquanto saboreio uma tapioca com queijo coalho, ‘visse?’. Olha, meu lindinho, viajar é bom demais renova a vida, revigora o espírito, melhora o astral.
Estava na tranquilidade da minha casa em Itapuã quando tocou a campanhia. Ao abrir, me deparo com o meu pilotinho de Rallye, Dumas, recém chegado de Londres, com Fernanda, sua companheira pernambucana. Surpresa em dose dupla pois não esperava a vinda dele antes de março, inda mais acompanhado de uma lourona bonita. Ele antecipou a viagem para vir passar as festas com a Fernanda, ‘Fê’ para nós. Após muitos beijos e abraços saudosos, sentamos para atualizar as novidades e regular a vida.
Aí meu pilotinho me disse que a Fê já estava prestes a voltar para o Recife mas que ele irá buscá-la uma semana depois para ir passar as festas com ele e a família lá em Varginha, Minas Gerais, a terra do ET, lembra? “Você vai buscá-la sozinho, de carro, né?”. Era. Fiquei matutando com os meus botões sem falar nada e, ao sairmos para almoçar, anunciei: “tô indo com você pro Riiicifi, véio. Vamos juntos nessa”. Dias depois deixamos a terra do São Salvador de manhã cedinho e já fomos almoçar na bela praia do Porto das Galinhas no meio da tarde.
Foram mais de 800 quilômetros de belas paisagens, lugares encantadores, alternando boas pistas duplicadas com trechos esburacados e estradas normais. Mas tudo vale a pena quando a alma não é pequena. Rever lugares que passei décadas atrás foi muito gostoso. E chegar em Porto de Galinhas, onde estive quando ainda ‘riponga’, foi surpreendente. O povoado da minha memória deu lugar a uma localidade moderna, cheia de novidades, ruas ornamentadas, lojas chiques, com produtos maravilhosos, pessoas afáveis e hospitaleiras, uma maravilha. Fiquei pasma e encantada.
Ao chegar, me alojei logo numa cafeteria, a Moinho do Porto, onde conheci Aline, a dona do comércio, – e que já é a minha mais nova amiga de infância. Ela também já serviu de guia de turismo para nós, enquanto aguardávamos a vinda da Fernanda do Recife. Rapidinho, a gente se entrosou com o astral da cidade e logo eu estava fazendo fotos com os variados tipos de galinhas, que ornamentam a cidade; depois fomos ao Pontal de Maracaípe, a praia dos surfistas.
Voltando ao Porto, confesso que fiquei apaixonada pelas coleguinhas, digo, pelas belas galinhas que decoram o local e também que são servidas ao molho pardo, ensopadas, guisadas, assadas. Mas nem só de galinhas vive o Porto. Aline, que é arquiteta paisagística, além de excelente cozinheira e jurada do master chef, varia no cardápio, diversificando as opções com comida natural e vegana, oferecendo do filé mignon ao termidor, a crepioca de frango ou queijo, coxinha de carne de jaca ou de cogumelo, além de escondidinho de abóbora e outras delicias. “Temos pra todo gosto, visse?”. Vi.
Depois de nos fartarmos com coleguinhas, digo com as deliciosas galinhas, rumamos pro ‘Ricifi’, ficando no apartamento da Fê, na praia da Boa Viagem, quando conhecemos a filhota Maria Clara, um amor de garota e aplicada estudante de Direito, que passou a nos servir de guia enquanto a Fê trabalhava.
Aí, pegamos minha amiga Fátima Leão, publicitária pernambucana que trabalhou muitos anos em Salvador, e fomos turistar pelo Recife. Começamos pelo o Marco Zero, com a Coluna de Cristal, monumento com 32m de altura, em cima de um arrecife no rio, feito por Francisco Brennand em comemoração aos 500 anos do Brasil, (e apelidado pela galera de ‘bilola’ do Brennand pelo seu formato sexual).
Fomos depois conhecer o Instituto Ricardo Brennand, com rico material artístico, belíssimos trabalhos antigos e atuais, obras maravilhosas como o museu de cera e esculturas perfeitas. Uma aula de cultura e arte. Aula que se aperfeiçoou com a visita a Olinda, lugar que eu amo e que continua bela, com suas praças, suas ladeiras, suas praias lindas, tudo lindo. Amei. Ainda fico aqui por mais uns dias, mas já queria partilhar as emoções com você, meus lindinhos, cês sabem que tudo de bom a gente divide.
Vamos dividir também esta delicia de escondidinho que a Aline copiou para mim e vou colocar como ela fez. Quando você preparar, meu gostoso, me chame que eu vou provar (de cozinha, eu só sei comer). Aventais a postos, vamos pernambucar o almoço.
Escondidinho vegano Moinho do Porto
Para a Massa:
Ingredientes
-- Uma abóbora pequena
-- meio maço de salsa
-- meia cebola e quatro dentes de alho cortados em pedaços bem pequeninos (quase picadinhos)
-- sal
-- pimenta do reino
-- azeite de oliva a gosto.
Modo de preparar
Descascar a abóbora, cortar em cubos, temperar com sal, azeite e pimenta do reino, colocar numa forma e cobrir com alumínio, e levar ao forno pré-aquecido (180º) por 25 minutos.
Em outra forma, colocar o alho, cebola e salsa para desidratar. Pegar o tempero desidratado e amassar no pilão, ou processar no mixer, e reservar.
Amassar e peneirar a abóbora cozida, ajustar o sal e acrescentar o tempero feito com o alho, cebola e salsa. Reservar.
Para o recheio:
Ingredientes
-- Uma jaca verde
-- dois tomates
-- uma pimenta cariri sem sementes
-- um ¼ de cebola e um dente de alho cortados em pedaços bem pequeninos (quase picadinhos)
-- ½ pimentão vermelho e um tomate sem pele cortados em cubos pequenos
-- curumin e páprica defumada a gosto.
Modo de preparar
Lavar a jaca, embrulhar em alumínio e levar ao forno pré-aquecido a 200°, por 90 minutos. Retirar, soltar a primeira casca e usar a parte da carne que fica entre a fruta (gomo) e a primeira casca. Reservar.
Em uma caçarola colocar o azeite e dourar a cebola, alho e pimentão, colocando o tomate, páprica e cúrcuma por último. Colocar depois 100gr da carne de jaca reservada, refogar, e acrescentar 200ml de água.
Ajustar o sal e a pimenta cariri. Cozinhar a batata e passar na peneira. Colocar a batata na carne de jaca e finalizar o recheio.
Preparar um molho vegano refogando alho no azeite de oliva, retirar; colocar em azeite frio o tempero feito de alho, cebola e salsa com uma pitada de sal e servir montando: abóbora, carne, abóbora, com o molho vegano.
É um pouco difícil de fazer mas vale a pena tentar pois é uma delícia.
Experimente.