Alberto Oliveira

Bolsonaro e a imagem dos militares no poder

O desafio de administrar o Brasil é proporcional ao tamanho de seu território e de suas desigualdades


O presidente eleito, Jair Bolsonaro, em cerimônia na Academia Militar das Agulhas Negras - Foto Tomaz Silva/Agência Brasil

Chamados por parte da população brasileira a voltar ao poder (mesmo que para isso fosse preciso dar uma rasteira na Constituição), os militares estão de volta ao controle do País e sem atropelar a democracia: pelo voto da maioria do eleitorado, que se decidiu por um capitão (Jair Bolsonaro) e um general (Hamilton Mourão), em detrimento do civil Fernando Haddad.

Iniciada a composição do futuro Ministério, 7 pastas encontram-se em mãos de membros das Forças Armadas (e contando). Mais de um terço da Esplanada, em Brasília, portanto (se somados os cargos ocupados por pessoas de alguma forma ligadas aos quarteis o número aproxima-se de metade da administração).

Um sucesso do governo Bolsonaro terá que ser em boa parte creditado à atuação dos militares; de outro lado, um fracasso obrigatoriamente será atribuído também em parte considerável à administração dos oriundos da caserna, colando-se à sua imagem.

 
Acho difícil corromper um general"
-- Jair Bolsonaro

O desafio de administrar o Brasil nos próximos 4 anos é proporcional ao tamanho de seu território e de suas desigualdades. O fosso que separa as regiões Norte e Nordeste do Sul e Sudeste, por exemplo, ainda parece intransponível. O déficit fiscal paralisa o país e trava o seu crescimento.

A Previdência continua sendo um nó górdio a exigir novo Alexandre, o Grande, capaz de desatá-lo agora não à força da espada (ou do sabre), mas pelo diálogo com a sociedade. Uma missão para o general Carlos Alberto Santos Cruz, que esteve à frente de tropas da ONU em países conflagrados, café pequeno diante das víboras que rastejam na Esplanada dos Ministérios.

E há, em particular, o medo de uma retaliação aos Estados cujos eleitores, em sua maioria, mostraram-se favoráveis ao petista Haddad no segundo turno das eleições presidenciais.

Se isso ocorrer, Jair Bolsonaro dará uma mostra de inesperada falta de inteligência (mas esse é assunto para a próxima coluna).

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Quanto custa o natal

Os brasileiros vão gastar R$ 53,5 bilhões com a celebração do natal, em 2018, prevê a Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC).

Mais de 110 milhões de consumidores devem ir às compras, de acordo com as projeções.

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A morte na pele

De cada 100 mil homens negros americanos, 1.083 morrerão vítimas de armas de fogo; no caso da população branca esse número cai para 885, mostra estudo divulgado pelo BMJ Evidence-Based Medicine.

É o mesmo destino de 728 mulheres negras amercanas para cada 100 mil e de 642 brancas.

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Facebook: mais problemas

A empresa de Mark Zuckerberg repassava dados de seus usuários para Airbnb e Netflix (e negava para empresas concorrentes dessas, o que pode ser visto como favorecimento à concorrência desleal), revelou esta semana um comitê de investigação do parlamento britânico.