Alberto Oliveira

A fala de Fernando Haddad que estava faltando após a derrota

O candidato do PT se diz de "coração leve"

Era o que se estava mesmo esperando, de Fernando Haddad, candidato do PT derrotado por Jair Bolsonaro (PSL), nesse domingo (28/10), na disputa à Presidência do País.

Em seu discurso uma vez conhecida a vontade das urnas Haddad decidiu falar apenas para os militantes, reconhecendo a derrota mas deixando de lado o tom conciliador que se espera em um regime democrático.

Nesta segunda-feira (29), usou o Twitter para desejar sucesso ao adversário eleito. "Nosso país merece o melhor. Escrevo essa mensagem, hoje, de coração leve, com sinceridade, para que ela estimule o melhor de todos nós. Boa sorte!".

Esta é uma mensagem de quem coloca a democracia e o interesse público acima de paixões ideológicas e compatível com o passado de Fernando Haddad. Não aquela do dia anterior, em que pregava mais do que a esperada oposição: uma resistência.

O que se espera do candidato petista é que se coloque como a principal liderança do PT (em um cenário visível é difícil imaginar que o ex-presidente Lula tenha o protagonismo que exige), até porque sai das eleições com um capital de quase 47 milhões de votos e muito forte na região Nordeste.

Haddad obteve, em números redondos, 77% dos votos válidos no Piauí, 73% no Maranhão, 72% na Bahia e 71% no Ceará.

Será preciso, no entanto, esperar os próximos movimentos do pedetista Ciro Gomes, que deixou o primeiro turno das eleições virtualmente afastado do Partido dos Trabalhadores e assim se manteve apesar dos acenos conciliatórios por parte da campanha petista.

Não se imagine que foi por acaso ou impulso o discurso do irmão do candidato, o senador eleito Cid Gomes, crítico à postura do PT e exigindo uma autocrítica que nunca veio.

Veja-se o que ele disse, segundo o colunista Carlos Holanda, do jornal O Povo, de Fortaleza: "O que fiz foi uma deliberação partidária, pensada, discutida, avaliada".

E continuou, agora falando sobre o rendimento de Jair Bolsonaro: "O brasileiro quis virar duas páginas, a página do PSDB e a página do PT”.

Dificilmente - é uma dedução lógica - Ciro Gomes se contentará com um papel subalterno na disputa pela liderança da oposição, nos próximos 4 anos.