Helô Sampaio

Receita: canjica de milho para adoçar os santos e passar a raiva

Foto: Pixabay/Creative Commons

Mas vocês viram que ‘boquinha abençoada’ eu tenho? Na coluna passada fui reclamar dos preços dos alimentos da cidade e, principalmente, da gasolina a quase cinco reais o litro e vejam no que deu: os caminhoneiros entraram nessa greve sem fim que fez com que os alimentos aumentassem ou sumissem das prateleiras – e apodrecessem nos campos – e os combustíveis alcançassem níveis espaciais, com preços quase inimagináveis. O país ficou de cabeça para baixo com a subida do custo de vida, que ficou pela ‘hora da morte’. Estou esperando – dentro de casa - que tudo volte ao normal.

Que dias terríveis, com o tomate, a batata e a cebola a preço de caviar. Deixei o carro parado porque também sou ranzinza: me recuso a pagar preço aumentado por safadeza de empresário. Preferi não sair de casa e assim fiquei até que o combustível chegou ao preço ‘normal’, só com a roubalheira do Governo. Um dia, tomaremos vergonha e também faremos uma greve contra essa política safada: pararemos todos os nossos carros, no Brasil inteiro, para eles verem o que é bom.

Ou juntaremos todos os cidadãos que são extorquidos de todas as formas, para pressionar os políticos que elegemos para reduzir impostos, diminuir as mordomias deles, combater a corrupção e garantir saúde, educação e segurança, obrigações do Estado. Será que ainda terei tempo para ver este País saneado? Sabe Deus!

Mas chega! O lenço já está encharcado com tanta lamúria. Já viu como o mar fica lindo, revolto, com este tempo de ventos e chuvas? Perigoso, mas belo, cheio de ondas grandes, imponente. Fico parada, observando o movimento das águas, e a diversidade da coloração com o cinza em todas as cores chegando até o escurão lá perto do céu. Quando o sol aparece, o cinza cede lugar para o verde e é outra belezura. Parece Deus brincando com as águas como faz com as nuvens. Acho que Ele se distrai com isso. É lindo demais!

Mas a Vida é linda demais. Basta a gente ter olhos para as coisas mais simples e observar as lindas flores ao lado das pistas, sobrevivendo a tanta poluição; a dança dos coqueiros por toda orla; e eu, que tenho o privilégio de morar em Itapuã, vejo a cantoria dos pássaros todos os dias, o acasalamento e a aparição de filhotes nas plantas da minha casa. É um premio divino.

Outro dia fui ao supermercado com Ana, minha irmã, e depois de fazermos as compras, enquanto esperávamos a vez no caixa, sentei em um banco com ela. Aí, apareceu uma senhora com a mãe bem velhinha procurando um lugar para acomoda-la. Ana levantou e cedeu o seu lugar. Puxei conversa e senhora me disse que a mãe iria fazer ‘cem anos no dia de São Pedro’. E avisou a mãe: fica com ela que eu vou pegar umas coisas. Ao que a mamãe retrucou: ‘tu vai é arrastar o chulé por aí’. Eu caí na risada. Eu guento, velho? Arrastar o chulé! Essa eu não conhecia. E trancei no papo com a senhora. Quando perguntei seu nome, ela me disse: ‘tá na palma da mão, fia’. Tem coisa mais óbvia? É Maria, a grande Maria. Amei os momentos que passei ouvindo as suas histórias.

Mas já começamos a rezar a trezena de Santantoinho para pedir uns amorecos dengosos e carinhosos, pois Toinho é casamenteiro e logo depois do dia dos Namorados. Aí vem a fogueira de Joãozinho e depois a choradeira das viúvas de Pedroca. O mês é animado, amorzinho. E foi por isso que Elíbia, a nossa loira amadinha mandou essa receita de canjica, bem prática de fazer, pra você adoçar os santinhos. Avental a postos, vamos pra cozinha.

Canjica para adoçar os santos

Ingredientes
-- 1k de grãos de milho verde
-- 400ml de leite de vaca
-- 300ml de leite de coco
-- 300g de açúcar refinado
-- Uma colher (sopa) rasa de manteiga
-- Uma pitada de sal e canela em pó a gosto.

Modo de fazer

- Bater o milho no liquidificador com o leite e, em seguida, passar por uma peneira de palha, que deve estar forrada com um pano de prato úmido. Usar o pano para espremer bem;

- Levar ao fogo, numa panela antiaderente, juntamente com o leite de coco, o açúcar, a manteiga e o sal, misturando sempre;

- Deixar cozinhar até engrossar e soltar do fundo da panela, mexendo, por uns 30 minutos. Colocar numa travessa, polvilhar com a canela em pó e servir depois de fria, agradecendo a Santantoinho, São Joãozinho e São Pedroca poder apreciar esta delícia.