Após comandar greve na empresa, para pressionar pela demissão de Pedro Parente, a Federação Única dos Petroleiros (FUP) está comemorando a saída do executivo da presidência da Petrobras.
É a mesma Federação que não fez greve pela saída de presidentes durante os anos seguidos em que a Petrobras foi dilapidada e em que o fundo de pensão dos funcionários teve seus recursos exauridos.
Políticos se associaram às comemorações e o governo - que estava fritando Pedro Parente - mal disfarçou o alívio.
Os acionistas é que nada tem a comemorar.
A empresa perdeu R$ 41 bilhões em valor de mercado apenas nesta sexta-feira (1/6) e R$ 137 bilhões desde o início da paralisação dos caminhoneiros.
Ou seja, a Petrobras ficou um Santander menor (o banco tem um valor de mercado de R$ 133,7 bilhões).
Parente - no cargo desde 1º de junho de 2016 - havia elevado o valor de R$ 123,3 bilhões para R$ 388,8 bilhões e foi o responsável pelo primeiro lucro líquido depois de quatro anos no vermelho (R$ 6,9 bilhões no 1º trimestre de 2018).
No primeiro trimestre de 2016 o prejuízo foi de R$ 1,2 bilhão, mas os funcionários não foram para a porta pedir a demissão da presidência.
A dívida bruta caiu de R$ 450 bilhões em 2016 para R$ 340 bilhões.
Em 2017, as agências de classificação de risco Moody's e Standard&Poor's haviam elevado a nota da Petrobras e um dos destaques apontados foi exatamente a gestão da dívida, além da melhora na governança.
Em sua carta de demissão, dirigida ao presidente Michel Temer, Pedro Parente mostra que a Petrobras "é hoje uma empresa com reputação recuperada, indicadores de segurança em linha com as melhores empresas do setor, resultados financeiros muito positivos, como demonstrado pelo último resultado divulgado, dívida em franca trajetória de redução e um planejamento estratégico que tem se mostrado capaz de fazer a empresa investir de forma responsável e duradoura, gerando empregos e riqueza para o nosso país. E isso tudo sem qualquer aporte de capital do Tesouro Nacional."
Ele, no entanto, cometeu dois pecados mortais: livrou a empresa das indicações políticas, responsáveis por um assalto aos cofres da Petrobras, e manteve o foco na recuperação da estatal e não em ações populistas capazes de angariar o aplauso das ruas mas que levam à asfixia a médio prazo.
Os aliados do presidente Temer esperam, agora, ver reduzidas as pressões sobre o governo.
Ou seja: a Petrobras, um patrimônio nacional, está - mais uma vez - sendo usada por quem deseja manter-se no poder, mesmo que isso coloque em risco o futuro da empresa.