Ahhh! Que bom é espichar os braços, espreguiçando, olhar para o céu azul enfeitado com esse sol de verão, e respirar os ares do novo ano. Fala sério: 2017 não queria acabar nem com o capeta correndo atrás. O país passou por momentos dificílimos, com denúncias de corrupção e roubalheiras quase diárias, quebradeira nas estatais, falta de credibilidade generalizada na política, caos na segurança, saúde, educação. E o reajuste do salario mínimo? 50 centavos nos dias úteis e um real para os domingos. Total de 17 reais por mês. Pode, froide? Mas não foi tudo ruim.
Felizmente o 'cara', com todos os erros e defeitos conseguiu baixar a já histórica inflação. No frigir dos ovos, conseguimos chegar vivos e apreciar o raiar do novo ano em relativa Paz. Graças ao bom Deus, que é brasileiro (e eu acho que é baiano. Senhor do Bonfim taí pra atestar e pra nos iluminar na hora de escolher em quem votar).
As festas já chegaram pelas nossas bandas e eu estou para correr doida pra ver como vou me desenrolar para atender toda programação. Quando o Carnaval cai na primeira quinzena de fevereiro é uma zoeira só, colando um evento no outro. Não dá tempo nem de ter ressaca. A gente tem que se 'virar nos trinta' para beber tanta cerveja, digo, pra cumprir tanta devoção.
E meus amigos de Sumpaulo já estão chegando para o levantamento de copo e o remelexo dos quadris na rua que é de lei. Avelino já chegou para a festa do Bonfim. Nós trabalhamos no ginásio de Ibicaraí quando jovens. Ele foi pra Sumpaulo e agora vem com a amadinha paulistana animada para aprender a ginga baiana. Pode deixar, Aveco, que ela vai sair daqui professora: requebrando com charme e falando mole e doce que nem nós.
Os outros – Roberto, Eni Lane do Rio, e os primos de São Paulo – estão se agendando para desapear na Bahia. Pode vir, galera, que o coração é grande. Onde dorme um, dormem cinco, apertadinhos, todos com um sorrisinho na cara lembrando da gostosura das baianas, do axé e do acarajé. Vai por mim, que a terrinha é encantada.
E 2018 é ano par, anos da minha preferência. Pode ter certeza de que tudo vai correr bem, vai dar tudo certinho, vamos ter amor gostoso, bem querer, muita saúde, alegria e paz. O resto, 'nois corre atras', como diz o povo da minha terra, Ibicaraí. Temos que botar fé, véio, e partir pra lutar pelos ideais, começando, principalmente, por escolher em quem vamos eleger. Chega de corrupto, safado. Põe a mão na consciência e pensa que não pode votar num cara porque é 'recomendado' por gente pouco séria. O país 'num guenta mais' tanta safadeza.
Agora, chega de conselhos que não serão seguidos, vamos falar de coisa boa. Neste começo de ano, vamos preparar uma 'aristaia', uma comida árabe que meu tio, Fernando Zaidan, filho de libanês, dizia que trazia bons fluidos. E eu acredito piamente, por isso que 'fundo dentro' com gosto. É um dos pratos que eu mais aprecio. E Ana, minha irmã, prepara maravilhosamente. Ela ou a minha neguinha amadinha, Alaide, são 'doutoras' em aristaia. Põe o avental aí, meu amorzinho, e vamos pra cozinha preparar esta delícia. Vai ver que vai ser o sucesso total do novo ano. Vamos nessa.
Aristaia árabe
Ingredientes
-- ½ k de grão de bico
-- 700 g de carne fresca – patinho
-- 1 xícara de lentilha
-- 6 a 8 molhos de coentro
-- Um pacote de macarrão fino
-- Azeite de oliva (mais ou menos duas xícaras)
-- 6 dentes de alho
-- 5 cebolas brancas picadinhas.
-- Sal a gosto.
Modo de preparar
-- De véspera, deixar o grão de bico de molho; no outro dia, lavar, catar e levar ao fogo com a carne já cortada em cubos para cozinhar;
-- quando o grão de bico estiver meio mole, colocar a lentilha também já lavada e catada, acrescentando mais água para fazer um caldo. Cozinhar o macarrão já quebrado, juntando a lentilha, quando esta começar a amolecer.
Para preparar o molho:
-- Machucar o alho e colocar numa panela com a cebola picada, o azeite doce, sal a gosto, e o coentro – bem lavado e cortado, mexendo sempre, para rechear.
Juntar o molho ao macarrão com lentilha e grão de bico e deixar em fogo baixo, até engrossar o caldo (mais ou menos uns 30 a 40 minutos) mexendo sempre.
Servir com torradas e fio de azeite doce, vendo que a vida é doce e gostosa.
A cara não é muito bonita, mas o gosto... Nham!