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Gualberto diz que Neto é o favorito em 2018

Confira entrevista exclusiva à Tribuna da Bahia

Presidente do PSDB na Bahia, o deputado federal João Gualberto vive a expectativa de que o Brasil melhore e possa sair da crise econômica e política instalada nos últimos anos.

Em entrevista exclusiva à Tribuna, ele falou sobre a participação do seu partido no governo Temer, o crescimento da sigla no estado e as investigações da Operação Lava Jato. Segundo Gualberto, o grande legado que o atual presidente da República pode deixar para a população é a não intromissão nas apurações e a prisão de políticos e empresários corruptos. “Confesso que torço para que o presidente Temer não esteja envolvido, para que o Brasil possa crescer. A população não aguenta mais o desemprego; a inflação, graças a Deus, tem melhorado.

A população brasileira quer que os corruptos sejam presos, devolvam o dinheiro que roubaram, mas também precisa de crescimento. Eu torço para que o Temer consiga acabar o seu governo e que melhore a vida dos brasileiros”, afirmou ele. No cenário estadual, Gualberto afirma que ACM é favorito para levar o Governo do Estado em 2018 e faz duras críticas a gestão do governador Rui Costa.

Segundo ele, o petista faz muita propaganda e não está interessado em acabar com os problemas da sociedade. É um governo muito frágil, que gosta de fazer muita política e não está preocupado em melhorar a vida do cidadão. E um governo que deve passar rápido para que venha um outro e possa desenvolver a Bahia.

Tribuna da Bahia - O PSDB baiano conseguiu emplacar dois ministros na última reforma do presidente Michel Temer. A o que o senhor atribui essa ascensão?
João Gualberto -
O PSDB foi fundamental na resposta ao povo brasileiro no impeachment, junto com os partidos da oposição, e, para ser muito sincero, o PSDB, o Democratas e o PPS. O PSDB soube entender aquele momento, o pedido das ruas, da população, pelo impeachment e fim da corrupção. Por conta disso, o PSDB ficou com um dilema após o impeachment. Como um partido que participou do impeachment não participaria do governo? Então, depois de muita discussão interna, o PSDB achou que deveria participar do governo e contribuir para o desenvolvimento do Brasil, como sempre foi quando esteve no governo. O PSDB encarou essa missão de participar do governo Temer e, por sorte nossa, depois de muito tempo a Bahia tem dois ministros: o Imbassahy e a Luislinda. 

Tribuna - O governo Temer tem algumas medidas amargas a tomar, entre elas as reformas da Previdência e Tributária. Qual a estratégia do PSDB e do Planalto para conseguir isso?
Gualberto -
São medidas amargas, no jargão popular, mas ultranecessárias. Eu só tenho medo do governo gastar todo o capital político tentando algumas medidas não republicanas e não aprovar o mais difícil, mas  necessário, como a Previdência, a Trabalhista. São medidas necessárias para o futuro do Brasil, as próximas gerações. Acho que isso seria uma medida importante para o Brasil, embora a gente reconheça que é muito difícil. Me preocupa muito as movimentações, dos últimos dias, do governo; ao invés de gastar seu capital político para aprovar as medidas necessárias do Brasil, talvez fica pensando um pouco em como atrapalhar a Lava Jato.

Tribuna - Qual o melhor caminho para conseguir aprovar essas reformas, sobretudo por conta da fisiologia que continua pulsando dentro do Congresso?
Gualberto -
Eu acho que nesse momento, com a força que o governo tem na Câmara e no Senado, ele consegue aprovar qualquer coisa. A melhor estratégia é conversar com o povo, como está sendo formada as comissões, eu mesmo estou na trabalhista, e mostrar as necessidades. A sociedade tem evoluído, e lógico que os sindicatos e corporações não vão aceitar essas medidas, mas temos que pensar no Brasil. Muitas vezes o trabalhador pensa apenas no salário, mas não pensa no emprego. Então, temos que pensar nesses 14 milhões de desempregados. E por essas pessoas que estamos fazendo as reformas. 

Tribuna - A Operação Lava Jato atingiu em cheio o ex-presidente Lula e o PT, agora mira o PMDB. No entanto, há muitas acusações de que o PSDB continua sendo blindado. Qual é a sua opinião?
Gualberto -
Sempre quem esteve envolvido nos últimos anos foi o PT, o PMDB e o PP, os grandes atores da Lava Jato, Mensalão, etc. Então, o PSDB não está blindado, ele não participou. Estava fora do governo e não participou. As pessoas, principalmente, do PT e do PCdoB, sempre falam: e o PSDB? Está blindado. Blindado por quê? Qual prova que tem contra alguém do PSDB? Eu mesmo na Câmara não tenho compadre, tenho companheiros. Se tiver alguma denúncia consistente, eu não vou ficar favorável a ninguém que fez coisa errada. Pode ser que tenha algum desvio de conduta de alguém do PSDB, que pague. Mas quem fez tudo, essa lambança, corrupção, todo mundo sabe que foi o PT e o PMDB, e alguns coadjuvantes menores como o PP. 

Tribuna - O senhor acredita que as investigações em andamento atinjam o presidente Temer, sobretudo após a decisão do TRE do Rio que cassou o mandato do governador Pezão e do vice Francisco Dornelles?
Gualberto -
Eu não sei exatamente sobre o presidente Temer. Claro que sou o presidente do partido, mas não tem nada provado contra ele. Mas acredito que vai ser apurado, eu espero que seja apurado. Tem outros caciques do PMDB, que nós conhecemos que são os mentores dessa corrupção muito grande no Brasil. Confesso que torço para que o presidente Temer não esteja envolvido, para que o Brasil possa crescer. A população não aguenta mais o desemprego; a inflação, graças a Deus, tem melhorado. A população brasileira quer que os corruptos sejam presos, devolvam o dinheiro que roubaram, mas também precisam de crescimento. 


Tribuna - O senhor teceu duras críticas ao presidente Temer, mesmo sendo aliado. Qual a avaliação que o senhor faz do governo?
Gualberto -
Eu acho que os partidos políticos e a população esquecem muito rapidamente o que tem acontecido. A maior manifestação a favor do impeachment e contra os políticos corruptos, a favor da Lava Jato, se deu em menos de um ano, foi no dia 15 de março. Mais de três milhões de pessoas, todos os estados com manifestações, e o tema era contra a corrupção, já havia um movimento do governo da Dilma para atrapalhar a Lava Jato, o povo foi para as ruas e aconteceu o impeachment logo em seguida, e todo mundo esqueceu disso. Agora a gente percebe uma movimentação daqueles mesmos atores querendo atrapalhar a Lava Jato. A minha avaliação do governo é de que está indo no caminho certo. Se você perceber, no ano passado foram aprovadas várias leis estruturantes, que vão ajudar o Brasil a crescer, diminuir o desemprego. Porém, não queremos que continue a bandalheira, que a atrapalhe a Lava Jato. As movimentações que você começa a perceber. A população e os políticos precisam ficar atentos para que isso de fato não aconteça.

Tribuna - Qual o legado que o senhor acredita que o presidente Michel Temer vai conseguir deixar para o país neste curto mandato que ele está fazendo?
Gualberto -
É difícil falar isso agora, tem menos de um ano de mandato. Mas o legado que eu gostaria que ele deixasse é que o Brasil volte a crescer, a economia melhore, voltem os empregos, e, principalmente, que coloquem os corruptos na cadeia. Todos eles, os empresários e os políticos. Isso que a população quer, espantar esse fantasma da corrupção que já vem há tantos anos. Não tenho dúvida de que será o maior legado dele. Tem menos de dois anos de mandato, a inflação já começa a dar sinais de que a macroeconomia está bem, mas não pode ele ficar na história como o presidente que atrapalhou a Lava Jato e que tirou do brasileiro a oportunidade de ver todos os corruptos na cadeia, limpar essa corrupção e colocar o Brasil no rumo do país de primeiro mundo, para que a corrupção não reine, como vem reinando nos últimos anos. 

Tribuna - Existe alguma possibilidade de rompimento entre PSDB e PMDB, ou a última repactuação dá tranquilidade para o presidente até 2018?
João Gualberto -
Não estou falando pelo PSDB, estou falando como João Gualberto. Sou o presidente do PSDB baiano, mas essa é a minha opinião. Não vejo nenhum movimento do PSDB para rompimento, mas acredito eu que se o presidente Temer enveredar por esse caminho, se for verdade o que estão falando, suspeitando, de que ele quer melar a Lava Jato, não tenho dúvidas de que o PSDB vai romper  com o governo, não tenho dúvidas. Vamos ficar com a sociedade. Esse caminho que estão falando, que dá sinais, se for verdade, não tenho dúvidas de que o PSDB vai romper com o governo. 

Tribuna - Desde que o ex-ministro Geddel saiu do governo, pararam as negociações e acomodações dos partidos aliados nas indicações de cargos na Bahia. O PSDB já foi contemplado ou vocês ainda vão disputar por mais espaços por governo federal na Bahia?
Gualberto -
Após o impeachment houve reuniões para divisão de cargos, coisa deste tipo, e lhe confesso que não estou por dentro disso. Fiz indicação, uma pessoa de carreira, não nomeei ninguém e não me preocupo com isso. Esses cargos às vezes prendem muito ao Executivo. Se houver necessidade, se eu tiver gente para indicar, eu indico, mas nada que seja importante para o meu mandato. 

Tribuna - O governador Rui Costa disse que o então ministro Geddel nada fez pela Bahia enquanto esteve no cargo. De que forma o senhor acredita que Imbassahy vai conseguir ajudar o estado, sendo que é também um adversário político do governador?
Gualberto -
Eu não sei o que Geddel fez  ou deixou de fazer pela Bahia, não vou entrar nesse mérito. O que eu sei é que as grandes obras que estão acontecendo no governo Rui Costa é com dinheiro do governo federal. A maior obra, por exemplo, que é o metrô, é parte do governo federal e parte da operadora, nada de dinheiro do estado. Acho que ele falar isso é uma injustiça. A Bahia nos últimos anos tem sido contemplada pelo governo federal, mesmo quando o governo era Dilma e Lula. Acho que isso é intriga, estão falando hoje de Geddel, mas ele foi o maior aliado deles na eleição de Wagner. Isso é a política, se ele é aliado, é bom, se ele deixa de ser aliado, é ruim. Não vou entrar nesse mérito porque não comungo com essas ideias  de que o político é bom quando é aliado. O político é bom quando ele é sério, é competente, se preocupa com o Brasil, o seu estado, o seu município. Mas, no Brasil, o político só é bom quando é aliado, infelizmente.     

Tribuna - Qual a avaliação que o senhor faz do governo Rui Costa?
Gualberto -
Um governo muito frágil. É só você verificar as coisas básicas da população, a saúde, educação e segurança. Se você pegar os principais indicadores, por exemplo a segurança pública, quando o governo do PT assumiu era cerca de  25 homicídios por cada 100 mil habitantes, e hoje é mais de 40, só foi piorando. Na educação, nada, só propaganda. Na saúde, piorou assustadoramente. É um governo muito frágil, que gosta de fazer muita política e não está preocupado em melhorar a vida do cidadão. E um governo que deve passar rápido para que venha um outro e possa desenvolver a Bahia.

Tribuna - A eleição municipal mostrou que o senador Otto Alencar terminou de forma muito maior do que começou na Bahia. Isso de alguma forma deixa o PT e o governador como reféns do PSD de Otto e do PP de João Leão?
Gualberto -
Quem não trabalha, prioriza a política, sempre fica refém de alguém. Quando você trabalha, a população avalia bem, não precisa ficar refém de políticos. O PT criou isso de aliados, de dar secretarias fechadas, e fica refém dos políticos. No passado, o Wagner ficou refém do Geddel que fez vários prefeitos na época. Agora é o Otto que fez várias prefeituras. Acredito que as prefeituras feitas pelo PP e pelo PSD, muitos porque não poderiam mais fazer pelo PT, a população estava rejeitando, e terminam indo para outras legendas. Acho que é por aí, para mim é zero preocupação da força de um ou de outro. O que a população quer é a força de trabalho da seriedade e da coerência, isso que a população quer avaliar, é desse jeito que eles vão votar, isso foi visto nessa última eleição. Lógico que em uma cidade do interior o que menos vale é o partido, o que vale são as pessoas. E as pessoas se criaram porque estavam debaixo do guarda-chuva do governo. Acho que é por aí.    
Tribuna - O senhor acredita que o prefeito ACM Neto vai ter força suficiente para se lançar ao governo em 2018?
Gualberto - O prefeito ACM Neto assumiu Salvador no pior momento da economia do país. O seu antecessor assumiu Salvador no melhor momento da economia e deixou a cidade em uma situação muito ruim, em todos os aspectos. Ele mostrou competência, mudou Salvador, foi reeleito no primeiro turno com mais de 70%, contra o governador, toda essa base que já governa a Bahia por mais de dez anos, isso não foi de alianças políticas, foi da população reconhecer nele um excelente prefeito. E olha quantos prefeitos conseguiram se reeleger no Brasil todo. Acho que ele é um forte candidato, quem participou das eleições municipais no estado todo, e eu participei, viu o pedido de todos os prefeitos por ACM Neto. Ele no interior está bem forte e acho muito difícil, caso ele dispute, que ele perca essa eleição. O melhor é que é pelo trabalho, ele mudou Salvador, isso me deixa mais feliz em ser seu aliado. 

Tribuna - O fortalecimento de ministros o projeta para 2018? E quem terá espaço em uma eventual chapa de Neto, Imbassahy ou Jutahy?
Gualberto - Isso é muito cedo para falar. Vamos ver quais vão ser os partidos, quem vai participar. Acho que quem souber o que vai acontecer em 2018 é um vidente. Se coloca as peças principais e o resto é especulação. O Jutahy, todo mundo sabe, é um dos mais antigos aqui do partido e tem suas pretensões legítimas, mas o que vai acontecer vamos ver mais para frente, Acho que a partir do final do ano é que vamos ter uma perspectiva mais realista. 

Tribuna - Falamos em eleição em 2018. O PSDB entrou mais forte do que saiu na disputa? O senhor acredita que o partido começou a deixar de ser um nanico na Bahia?
Gualberto -
Tivemos um investimento de mais de 70% de votos para prefeitos e vereadores, o partido mostrou coerência, principalmente as pessoas que se filiaram ao PSDB, que iam ser candidatos, que fizeram acordos para retirar a candidatura, como existe em outros partidos, acho que o PSDB está em outra fase, estamos crescendo com segurança, os partidos tendo confiança no nosso partido. Infelizmente temos no Brasil, e na Bahia não é diferente, pessoas que se filiam a um partido e que por decisões de cima terminam mudando a legenda.Tivemos candidaturas com poucas chances de sucesso, mas que disputou  a eleição, mostrou os seus programas, isso que é importante, nem sempre se disputa para ganhar. O PSDB sabe que não é uma legenda em que você se filia e depois fica preocupado se vai disputar. A gente quer que dispute, se vai ganhar ou perder é da disputa. Muitas pessoas estão nos procurando para as eleições para deputado e tenha certeza que vamos crescer cada vez mais. 
Colaboraram Fernanda Chagas e Gabriel Silva.