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"Queda de Geddel significa perda para a Bahia", diz Azi

Confira entrevista exclusiva à Tribuna da Bahia

Deputado eleito pelo Democratas, Paulo Azi acredita que as mudanças que estão sendo implementadas pelo governo Michel Temer vão encerrar o ciclo da recessão em 2017 e o país voltará a ter uma economia ajustada. Em entrevista à Tribuna, o parlamentar falou sobre temas como as eleições que decretaram a reeleição de Neto em Salvador, o governo Rui Costa na Bahia e a queda do ministro Geddel Vieira Lima, o que ele classifica como uma importante perda para o estado.  

“Acho que a Bahia perde muito. O ministro Geddel estava ocupando uma posição central no governo e eu não tenho dúvidas de que isso ia trazer enormes benefícios. Na verdade, já estava trazendo. Com sua força, já havia destravado projetos importantes para a  Bahia, como o BRT, e outras obras no interior do estado. Projetos que estavam paralisados começaram a ser retomados, e eu lamento muito que o ministro Geddel deixe o governo.

Ele deixa em um movimento voluntário, percebeu que poderia causar algum tipo de constrangimento ao presidente Temer e de forma espontânea decidiu deixar o governo”, disse ele. Sobre 2018, preferiu cautela ao ser questionado se ACM Neto seria a grande aposta do partido. No entanto, não negou a possibilidade, admitindo ainda que a pressão é muito forte.  Confira entrevista:

Tribuna da Bahia - Como o senhor viu o resultado da última eleição e a vitória de ACM Neto em Salvador?
Paulo Azi -
O crescimento muito grande dos partidos de oposição, principalmente o nosso Democratas, que teve um crescimento enorme na Bahia, nas dez maiores cidades do estado vencemos Salvador, Feira de Santana, Alagoinhas, Camaçari, Itabuna e Barreiras, seis municípios entre os dez mais importantes do estado, o que demonstra que o nosso partido voltou a assumir o protagonismo na política do estado. 

Tribuna - O PT foi o grande derrotado das eleições. O partido se recupera?
Azi -
A população deu uma resposta ao PT sobre os desmandos que se observou nos últimos anos levando o país a uma crise econômica sem precedente, uma crise ética que o país foi submetido e, diferente do que muita gente pensa, o país está sim sabendo votar, sabendo dar uma resposta aos que traíram a sua confiança. É muito difícil a situação do PT, eles precisam se requalificar, mas infelizmente eu acho muito difícil a recuperação do partido porque eles não fazem o que deveriam fazer há muito tempo, uma reavaliação de todos os seus atos, reconhecer os seus erros, pedir desculpas para a população, e reconstruir o seu discurso, construir uma nova ação que venha voltar a ter a confiança de uma parcela da população brasileira. Mas o PT tem uma enorme dificuldade de reconhecer os seus erros e pedir desculpas para a população brasileira. 

Tribuna - O resultado das urnas fragiliza o governador Rui Costa para 2018?
Azi -
Eu não tenho dúvidas de que sim. Claro que cada eleição é uma eleição, mas a população do estado da Bahia deu uma sinalização muito clara da desaprovação do atual governo. Perdeu na maioria das cidades do estado e foi uma sinalização muito clara de que o governo precisa parar de fazer propaganda, de ficar se preocupando com o prefeito ACM Neto e voltar a ser um governador que se preocupe com os interesses de toda a Bahia, que tenha uma visão sistêmica do estado, que se preocupe em dar resultados aos graves problemas que a Bahia está vivendo, estado que não tem segurança pública, que a saúde só faz piorar, que a educação sai de um patamar que coloca a Bahia como um dos piores indicadores da edução pública do nosso país. Então, o governador teve uma sinalização muito clara de que  a população está insatisfeita com a sua administração, mas ele, como ainda tem mais dois anos de governo, pode tentar se recuperar, mas o resultado das eleições foi uma derrota tamanho G que o governador Rui Costa teve na Bahia.  


Tribuna - A fragilidade do PT deixa o governador Rui Costa refém do PP e do PSD, já que são partidos que terminaram mais forte?
Azi -
Isso é uma coisa que  fica um pouco difícil de avaliar pois é algo que se dá dentro das relações internas deles. O que a gente pode avaliar é que companheiros que hoje estão no PP, PSD, no próprio PR, em outros partidos que hoje fazem a base do governador, é de que a insatisfação entre eles só faz aumentar.   A gente que conversa informalmente com membros desses partidos sente um desconforto que só faz aumentar, principalmente pela gula do PT. O PT quer os partidos como seu aliado, mas dificilmente abre mão de determinadas posições. Nós acompanhamos situações em vários municípios em que mesmo o PT não tendo uma situação favorável tentou impor o candidato do seu partido, levando o governo a derrota nesses municípios, mas isso é da índole do partido e claro que se transfere para uma situação de que esses partidos que são aliados ficam em desconforto e começam a avaliar outros caminhos que podem seguir em 2018. 

Tribuna - O prefeito ACM Neto vai ser candidato ao governo do estado?
Azi -
A gente quando começa a tratar nesse assunto com ele, ele sempre se recusa a conversar, a discutir. Ele sempre disse durante a campanha que o foco dele é Salvador e depois dessa eleição consagradora continua dizendo isso, que o compromisso dele é com a populaçao de Salvador, governar a cidade por mais quatro anos. Mas claro que ele sabe o que está acontecendo e que uma pressão avassaladora nos quatro cantos do estado querendo que ele possa fazer pela Bahia tudo aquilo que ele vem fazendo por Salvador, mas ele está muito conciso, muito consciente, sabe a responsabilidade que é um movimento desse tipo. Sempre tem dito que não tomará nenhuma atitude nesse sentido e que ainda está muito longe e qualquer ação que ele  porventura venha fazer será sempre pensando e tendo à concordância da população de Salvador, que foi aquela deu a oportunidade para ele mostrar toda a sua capacidade de administração, enfrentando e vencendo os desafios que ele assumiu quando resolveu ser candidato a prefeito de Salvador. Eu que estou na política sei que a pressão que ele vai sofrer é muito forte, mas a gente ainda está muito longe, o foco dele é administrar Salvador e quando as coisas começarem a se aproximar eu tenho certeza de que ele saberá tomar a melhor decisão para a Bahia e para Salvador. 

Tribuna - O resultado das eleições em todo o país sepulta o discurso de golpe usado pelo PT e pelos aliados?
Azi -
Eu não tenho dúvidas. A população não caiu nessa. Até porque, o afastamento da presidente Dilma só aconteceu porque era desejo da população. Por mais que nós que somos parlamentares e que votamos nesses processo, que tivéssemos a prova dos crimes que a presidente cometeu, ela só foi afastada porque esse era um desejo da população brasileira, que foi enganada na eleição de 2014 e estava sofrendo com a inflação, o aumento do desemprego, mais de 12 milhões de brasileiros vivendo o sofrimento de perder o seu emprego, e tudo isso fazia com que o processo de impeachment fosse uma ação que partia do Congresso Nacional, mas com uma fatia da população muito grande. As ruas foram tomadas pela maioria das pessoas para que fosse dado um basta, o país precisava viver um novo momento, os senadores e deputados tiveram a coragem, mesmo com todos os elementos jurídicos, de dar um fim a esse governo que tanto infelicitou a vida dos brasileiros.  

Tribuna - Que leitura o senhor faz do atual momento político do país e do governo Michel Temer?
Azi -
Um momento muito difícil, não é fácil assumir um governo, primeiro de forma interina e agora definitiva, mas imerso em uma crise profunda, crise econômica sem precedente, uma crise ética por conta da Lava jato que não se encerra, ao contrário do que todos diziam, continua com toda a liberdade de ação, o poder judiciário, Polícia Federal, continuam com seus trabalhos, o governo em momento algum interferindo nas suas ações, mas claro que isso tem uma repercussão muito forte no ponto de vista político, não se sabe até onde vai chegar, quais serão as pessoas envolvidas, e isso traz um cenário de muita dificuldade. Mas o presidente Temer  pela sua capacidade de articulação, conseguiu baixar a temperatura da crise política, tem uma relação muito próxima com a classe política, com o Congresso Nacional, conseguiu aprovar na Câmara dos Deputados a PEC do ajuste dos gastos, que é fundamental para o país, e eu tenho muita segurança que em 2017 nós vamos viver um novo momento, o país consiga encerrar esse ciclo de recessão, gerar empregos, ter uma economia ajustada para que possamos definitivamente sepultar essa página triste que o nosso país foi submetido pelo governo do Partido dos Trabalhadores.     . 

Tribuna - Geddel Vieira Lima não aguentou a pressão e caiu. Como o senhor avalia?
Azi -
Fiquei muito triste, acho que a Bahia perde muito. O ministro Geddel estava ocupando uma posição central no governo e eu não tenho dúvidas de que isso ia trazer enormes benefícios. Na verdade, já estava trazendo. Com sua força já havia destravado projetos importantes para a  Bahia, como o BRT, e outras obras no interior do estado. Projetos que estavam paralisados começaram a ser retomados e eu lamento muito que o ministro Geddel deixe o governo. Ele deixa em um movimento voluntário, percebeu que poderia causar algum tipo de constrangimento ao presidente Temer e de forma espontânea decidiu deixar o governo. Ele deixa em um movimento voluntário, percebeu que poderia causar algum tipo de constrangimento ao presidente Temer e de forma espontânea decidiu deixar o governo. Eu lamento que uma coisa pequena, uma coisa pontual, uma relação pessoal dele com outro ministro, a gente não sabe de que maneira que isso ocorreu, lamento muito que isso tenha gerado toda essa situação, tenha desembocado  nessa ação do ministro ter deixado o governo, mas aconteceu, 

com a mesma competência que o ministro Geddel estava tendo e o sucesso disso é a provação da PEC na Câmara dos Deputados e possivelmente no Senado. 

Tribuna - A Operação Lava Jato agirá com mais rigor com o ex presidente Lula? E qual será o alvo das operações a partir de agora? PMDB, PT?
Azi -
É difícil falar sobre isso. A operação Lava Jato faz um bem enorme ao país, eu não tenho dúvida de que ela vai mudar os parâmetros não só da política no país, mas das relações entre o setor empresarial e o setor político, mas a gente não sabe onde ela vai chegar, o que ainda falta, o que estar por vir. Continua desempenhando sua atividades com liberdade e aqueles que cometeram irregularidades no passado, têm que pagar por isso. Isso que a Operação Lava Jato está fazendo e acredito que deva continuar a fazer.

Tribuna - Qual a avaliação que o senhor faz do governo Rui Costa? Qual o principal erro e principal acerto?
Azi -
Um governo sem sal, que não tem uma marca, que não consegue enfrentar os problemas que tem no campo da  segurança pública e da saúde, por exemplo, agora é um governo que tem a qualidade de se comunicar efetivamente, tem uma equipe de comunicação competente que tenta fazer algo que possa mostrar para a população que está trabalhando. Na realidade, é um governo sem sal, sem marca, que não conseguiu ao longo desses dois anos entregar nada de positivo de mudança de paradigma da administração anterior e vai aí cumprindo seu mandato sem algo que venha a colocar ele como um grande governador. Um governo regular, sem sal, sem marca, mas que tem uma equipe de comunicação competente. 

Tribuna - A briga pela presidência da Câmara de Salvador pode levar a um racha na base do prefeito ACM Neto, sobretudo com o PSDB?
Azi -
Não acredito. O prefeito tem tido uma relação de distância, mas de observação. Os nomes que estão sendo colocados são pessoas qualificadas, competentes, preparadas para assumir. Esse é um assunto da Câmara e os vereadores que fazem parte da base do prefeito vão saber fazer a disputa democrática, que oxigena o poder Legislativo, mas ao final aquele que não for o vencedor vai entender, acatar o resultado e seguir junto no apoio à gestão do prefeito ACM Neto que é tão importante.  

Tribuna - Qual a expectativa que o senhor tem para a reforma administrativa que o prefeito está gestando para ser apresentada para a cidade?
Azi -
Eu, pelo pouco que conheço da reforma, que conversei com o prefeito, acredito que não vai ser algo substancial, mas o prefeito inquieto do jeito que é, é contra qualquer tipo de acomodação, está fazendo isso para sacudir ainda mais os diversos setores da administração, ao longo desses quatro anos ele adquiriu experiência para saber a maneira mais correta de funcionamento dos órgãos da administração e é isso que ele está tentando agora com essa reforma. Adequar, colocar no papel a experiência que ele adquiriu em quatro anos, questões que porventura ele ache que possam funcionar e dar um resultado ainda melhor. É isso que ele está tentando propor à Câmara, tenho certeza que ela aprovará e ele terá uma máquina ainda mais ajustada, mais preparada e ainda mais experiente para enfrentar o desafio dos próximos quatro anos. 

Tribuna - O senhor é um dos principais apoiadores do prefeito eleito de Camaçari, Antonio Elinaldo, que conseguiu desbancar o PT depois de 12 anos no comando da cidade. Qual a expectativa do senhor, sobretudo pela importância que Camaçari tem para a economia do estado?
Azi -
Uma expectativa muito positiva. Acompanhei Elinaldo ao longo desses três anos. Sei da sua competência, o quanto ele está imbuído de fazer uma administração transformadora em Camaçari. Agora nesse período de transição ele tem procurado conversar bastante, conhecer muito, ao longo desse tempo ele se dedicou a entender os programas que foram implantados na prefeitura de Salvador, tem conversado muito com o prefeito ACM Neto, vai se cercar de técnicos competentes, preparados e eu não tenho dúvida de que ele fará uma grande administração trazendo de volta a importância que Camaçari sempre deveria ter no cenário social, econômico e político baiano. Estou muito confiante e tenho certeza de que ele honrará cada voto que recebeu em Camaçari. 

Colaborou Gabriel Silva.