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"ACM Neto não tem nenhum ponto negativo", diz vereador

Confira entrevista exclusiva à Tribuna da Bahia

No exercício de seu primeiro mandato há um ano e meio, o vereador Antônio Mário (PSC) é radical quanto às doações de dinheiro para campanhas políticas. Ele não acredita que o fim da doação por empresários (pessoa jurídica) tenha eficácia no combate à corrupção (caixa 2), e defende que as doações financeiras deixem de existir, de qualquer que seja a fonte.

“Esse negócio de gastar dinheiro com campanha eleitoral prejudica a comunidade carente. Por quê? Porque o cidadão vem de uma máquina, e aí ele joga a máquina contra todo mundo e a comunidade carente vai sofrendo. Depois das eleições, ele desaparece”. Antônio Mário não poupa elogios ao prefeito ACM Neto e, em sua avaliação, diz que “não há nenhum” ponto negativo na gestão do democrata. “Os pontos positivos nós temos que enumerar”, diz. Confira entrevista:

Tribuna da Bahia - Que avaliação o senhor faz da atual legislatura da Câmara Municipal de Salvador?
Antônio Mário -
Boa. Há uma relação muito boa entre a Câmara e a cidade de Salvador. Estive dois anos como suplente acompanhando o trabalho dos vereadores, e quando assumi o mandato, dois anos depois, vi que havia um engajamento entre os vereadores para fazer Salvador crescer e se desenvolver. É muito boa a atuação dos vereadores na Câmara hoje.
 
Tribuna - Como o senhor avalia seu próprio mandato? O que pode ser destacado do seu trabalho em benefício da população?
Mário -
Eu já fiz vários projetos e requerimentos, e entre eles nós tivemos aprovado pela Câmara numa sessão especial um requerimento para homenagear os 85 anos da (igreja) Assembleia de Deus; fizemos 346 requerimentos administrativos, e quase todos já foram deferidos. Já apresentei 10 projetos de lei, e tivemos entre eles denominação de logradores públicos; sete projetos de utilidade pública e já tivemos dois aprovados. Temos seis projetos em tramitação e apenas dois projetos foram arquivados. Tivemos também oito projetos de indicação, dos quais três foram aprovados. Temos quatro em tramitação e um arquivado.
 
Tribuna - Dentro de sua área de atuação na cidade, quais são os locais pelos quais o senhor tem atenção maior?
Mário -
É a periferia e, em especial, nos bairros de Valéria, Palestina, Águas Claras, Paripe, Lobato (Santa Luzia), IAPI, Saramandaia. Salvador é muito grande. Dentro de um ano e meio que eu tenho de mandato, não daria para correr toda a cidade.
 
Tribuna - Como o senhor avalia a gestão do prefeito ACM Neto?
Mário -
Involuntariamente, qualquer vereador, mesmo sendo de oposição, vai ter que elogiar. Salvador estava destruída. Não existia mais Salvador na verdade. Só existia o nome. ACM Neto começou logo no início de seu mandato a arrumar Salvador. Hoje nós podemos dizer que Salvador resgatou o título de capital do turismo. Salvador mudou de cara completamente. Não é a Salvador que nós víamos na gestão passada. É muito bom o trabalho dele, tanto que eu era da base de oposição e, sem interesse pessoal nenhum, apenas pela cidade, que eu deveria ajudar a cidade.
 
Tribuna - O que o senhor destaca de pontos negativos e positivos do prefeito?
Mário -
Vou falar primeiro do ponto negativo: nenhum. Os pontos positivos nós vamos enumerar: o prefeito ACM Neto se aproximou da comunidade carente, coisa que nenhum outro se dizendo periférico fez. Teve candidatos a prefeito que não foram nem na periferia. Ele foi antes, foi durante e agora, na sua gestão, está fazendo um trabalho muito bonito, se aproximando da comunidade, ouvindo a comunidade para saber da questão da saúde. Por exemplo, vários bairros ganharam uma UPA (unidade de pronto atendimento), vários bairros tiveram seus postos de saúde reformados. Por exemplo, no bairro onde eu moro, que era esquecido por todos, nós tivemos quatro colégios implantados por essa prefeitura. Em outros bairros que tenho acompanhado, eu tenho visto que o prefeito tem se engajado muito nessa questão da educação e da saúde. Sem educação e sem saúde fica difícil a gente ir mais adiante. Sem falar na infraestrutura da cidade.
 
Tribuna - Quais as maiores carências que Salvador tem hoje? O que deve ser colocado como prioridade pelo próximo prefeito?
 Mário -
Prioridade para mim ainda é a saúde. Tem UPA 24 horas? Tem. Temos postos de saúde? Temos. Mas precisamos investir mais em hospitais. A prefeitura está construindo um hospital, mas nós precisamos ter no mínimo uns cinco hospitais municipais. Sei que é um pouco difícil, mas a gente tem que fazer para não ficar um esperando pelo outro. Salvador está andando bem com a administração da prefeitura.
 
Tribuna - Com as mudanças das regras eleitorais, como está sendo a campanha deste ano, sobretudo no quesito arrecadação?
Mário -
Não sei muito bem como falar de arrecadação, porque minha campanha em 2012 foi feita sem dinheiro nenhum. Inclusive sem ajuda do partido em que eu estava anteriormente. Eu vejo que deveria ser proibido ajuda de campanha. O cidadão que queira ser candidato, ele deve se aproximar da comunidade. Esse negócio de gastar dinheiro com campanha eleitoral prejudica a comunidade carente. Por quê? Porque o cidadão vem de uma máquina, e aí ele joga a máquina contra todo mundo e a comunidade carente vai sofrendo. Depois das eleições ele desaparece. Tem políticos aí que depois da eleição acaba por pegar seu celular e joga o número fora para começar o mandato sem ninguém saber onde ele está. Tem que ter trabalho. Para ter voto, tem que ter trabalho dentro da comunidade, para que ele possa ser conhecido. As pessoas até um tempo atrás estavam elegendo políticos que elas nem conheciam, porque eles iam lá, levavam dinheiro, ajudavam um e outro, uma liderança que tinha um nome na comunidade. Depois o político desaparecia e a liderança ficava lá sem saber o que fazer, porque o político desaparecia também para a liderança. E é bom dizer que eu fui líder comunitário. Na época em que eu fui líder comunitário e de associação, nunca deixei entrar um político para eu apoiar dentro da comunidade.
 
Tribuna - O cenário de crise nacional vai ter impacto nas eleições na Bahia?
Mário -
Muito. Porque infelizmente as pessoas não sabem separar ainda o político verdadeiro e o mau político. O mau político a gente percebe logo: ele chega na comunidade oferecendo muita coisa. Você vê que o povo diz ‘todo político é ladrão’. ‘Entrou na política para roubar’. Por que? Porque esse é o retrato que está na política brasileira. Então, até as pessoas de bem que eu conheço aqui na Câmara, alguns vereadores de bem, eles estão sendo respingados pelos maus parlamentares que nós temos no Brasil, na esfera municipal, estadual e federal. Isso é um problema.