Advogada desde 1985, a vereadora Ana Rita Tavares (PMB) está na reta final do seu primeiro mandato na Câmara Municipal de Salvador, e comemora a aprovação de projetos voltados para a “causa animal”, bandeira que vem defendendo nos últimos anos.
Nesta entrevista exclusiva à Tribuna, ela avalia positivamente a gestão do aliado ACM Neto (DEM) e ressalta que o próximo prefeito deverá priorizar a criação de um hospital veterinário, além de promover avanços no setor da educação. Ana Rita ainda criticou as mudanças na legislação eleitoral e disse que a crise política no país mudou a perspectiva do eleitor frente à atual campanha. Confira entrevista exclusiva:
Tribuna da Bahia - Como avalia a atuação da Câmara na atual legislatura?
Ana Rita Tavares - A Câmara se notabilizou por ter esse salto democrático, sendo a casa do povo, e pelo avanço na aprovação de projetos importantes para a sociedade. Houve debate na aprovação de projetos importantes do Executivo e a cidade agradece. A Câmara cumpriu seu papel com a cidade.
Tribuna - Como a senhora avalia o seu próprio mandato?
Ana Rita Tavares - Como muito positivo. A minha bandeira prioritária é a bandeira dos animais. Fui eleita pelas pessoas que acreditavam e acreditam que eu podia modificar a situação dos animais em Salvador. E, graças a Deus, muita coisa mudou quando a cidade parou para pensar que era importante ter uma representação na Câmara para defender o direito dos animais. Esse foi o primeiro grande passo. O segundo, mudanças estruturais na implantação de políticas públicas que não tínhamos. O Castra-Móvel é um exemplo, é o projeto número 1 da Câmara Municipal. Então, hoje temos mais de 35 mil castrações, que representam o controle populacional dos animais de rua em Salvador, envolve a questão humanitária e a questão da saúde pública. Esse foi o grande acontecimento da gestão após a eleição. Conseguimos também conquistas que são os veículos que as ONGs de proteção dos animais, até então desassistidas, receberam para realizar o trabalho cotidiano. E isso acabou beneficiando a população, porque as pessoas mais carentes que não têm um veículo para transportar os animais hoje contam com esse serviço. Também a aprovação do projeto que regulamenta o comércio de animais. Proíbe a exibição de animais em gaiolas, vitrines, proíbe a venda de animais em vias públicas, constituindo a prática de maus-tratos. Conseguimos dar um passo no combate ao comércio ilegal de animais em Salvador. Ouras proposições apresentadas, mas não foram implementadas pelo Poder Executivo, estão a caminho, como o SPA para o pós-operatório, por parte de protetores de animais que resgatam os animais das ruas, castram no Castra-Móvel e não têm espaço apropriado para fazer o pós-operatório. E isso já estamos conseguindo com o prefeito ACM Neto e daqui a até o final do ano já teremos esse pós-operatório. Fora da bandeira dos animais, apresentei um projeto para a implantação dos Juizados Especiais de Fazenda Pública, porque sei a dificuldade que os cidadãos e os advogados enfrentam nas varas de fazenda pública para apresentar os seus pleitos relativos a impostos, tributos e multas de trânsito.
Tribuna - Como a senhora avalia a gestão de ACM Neto? Qual o principal erro e acerto?
Ana Rita Tavares - Erros e acertos existem em todas as administrações. E creio, por ser uma realidade incontestável, que os acertos foram maiores que os equívocos. Vemos uma cidade reabilitada no aspecto material e no aspecto da cidadania, porque transitávamos em vias totalmente esburacadas, em um trânsito caótico, desorganizado. Era uma cidade que a gente não tinha o menor gosto por estar morando nela, e hoje está aí, uma cidade diferente. Com perspectivas para o futuro, que não existiriam se não fosse a expectativa pela continuidade do governo de ACM Neto. Há muita coisa para se fazer e melhorar, mas em locais totalmente desassistidos, como partes do subúrbio, vemos agora praças, áreas de convívio. Tanto para pessoas que moram em bairros mais carentes como em bairros mais favorecidos. Ando em todos os lugares de Salvador e testemunho isso.
Tribuna - Quais as principais carências de Salvador hoje e o que deve ser colocado como prioridade pelo próximo prefeito?
Ana Rita Tavares - O hospital veterinário, que precisamos dentro da minha bandeira prioritária, que são os animais. Calendário de vacinações que virão, para combater doenças que não são apenas zoonoses, porque as zoonoses têm programas que assistem essa carência. No aspecto social, podemos ver que determinados segmentos educativos podem merecer um avanço. A violência é muito grande, o governo estadual e o governo federal não conseguem controlar a violência. E o município, como uma célula governamental e que está na base da cidade, onde as relações são mais próximas, tem uma condição muito boa de, através da educação, melhorar essa violência. E espero que o governo federal agora, não mais ligado ao governo anterior, possa dar subsídios para, através da educação, implementar outras ações importantes que deem ocupação ao jovem, que aquela criança de 9, 10 anos que já está seguindo o tráfico possa ter outro destino. Acredito muito que já tendo superado muitas dificuldades básicas nessa gestão, o governo ACM Neto, que com certeza vai ser vencedor nessas eleições, dará continuidade a esses programas de ocupação de criança através do esporte, por exemplo, através de noções básicas de respeito à vida, a começar pela vida dos animais. Ensinar a criança e o adolescente a respeitar a vida do animal e respeitar o ser humano também. Então, temos muitas coisas importantes para falar, mas trago essas que acabei de falar como prioridades para a população.
Tribuna - Com as mudanças na legislação eleitoral, como será a campanha deste ano a vereador, sobretudo no quesito arrecadação?
Ana Rita Tavares - Acho que veio realmente como uma mudança radical. Essa legislação eleitoral veio como uma consequência inevitável. Antes os candidatos que utilizavam e até abusavam do poder econômico, colocando placas nas vias públicas, era aquela poluição visual terrível, abusiva às vezes com quem não podia gastar para colocar tudo aquilo. Isso acabou. E veio até para disciplinar a conduta dos candidatos que tinham muita condição financeira. Quem tem trabalho tem uma possibilidade muito maior de se eleger, porque em 45 dias ninguém vai conseguir alcançar uma quantidade da população que seja capaz de avaliar o nível do candidato e votar nele. Esses candidatos menos conhecidos, a gente até lamenta, vão ter uma possibilidade muito menor de eleição. Quem já está aí com o nome conhecido, quem tem trabalho, terá mais chance de se eleger.
Tribuna - A senhora acredita que o cenário nacional e a crise política que o Brasil atravessa vão impactar nas eleições este ano na Bahia?
Ana Rita Tavares - Lógico que sim. A descrença do eleitor no que aconteceu no nível do governo federal vai impactar. Houve um despertar negativo na população para a política. As pessoas vão discriminar a política muito mais agora nessas eleições em relação aos autores dessas práticas lesivas ao interesse público, ao erário do governo federal. É um efeito cascata. Por mais que a gente possa imaginar que isso não vai acontecer, vai acontecer sim. Quem anda ouve o espírito que se instalou na população, as pessoas desacreditam na classe política, mas em contrapartida dão crédito a quem realmente faz o trabalho, como é o caso do prefeito ACM Neto. No meu caso, por onde passo, tenho o reconhecimento do meu trabalho. E vamos ver o que vai acontecer nas urnas no dia 2 de outubro.