DESATIVADO / Entrevistas / Política

Vereador diz que para se reeleger vai gastar "santinho, sapato e saliva"

O vereador concedeu entrevista à Tribuna da Bahia

Foto: CMS
Alberto Braga: "vai ser uma gincana"
Alberto Braga: "vai ser uma gincana"

Em seu segundo mandato na Câmara Municipal de Salvador, o vereador Alberto Braga (PSC) é o entrevistado de hoje.

Questionado sobre a atuação da atual legislatura, ele corroborou o posicionamento dos colegas, defendendo que a Casa conseguiu avançar em projetos de interesse social.

Em relação ao próprio mandato, Braga destaca um projeto de capacitação de jovens carentes e outro para criar áreas especiais para a atuação das autoescolas.

O vereador também se mostra preocupado com as mudanças na legislação eleitoral, que reduziu o tempo de campanha e proibiu as doações de empresas privadas.

Tribuna da Bahia - Como avalia a atuação da Câmara na atual legislatura?
Alberto Braga - Muito positiva, com grandes quadros que têm compromisso com a cidade de Salvador.

Tive a oportunidade de participar da legislatura passada e posso dizer que essa correspondeu às expectativas da cidade, e também o prefeito ACM Neto, que foi o grande líder, o comandante, porque ele deu voz ativa aos vereadores para representarem as comunidades e levando as demandas às secretarias para fazerem as intervenções necessárias.

Então, sem dúvida nenhuma, a Câmara, e também a prefeitura, fizeram um excelente papel nos últimos quatro anos visto o fato da crise nacional.

A gente olha para Salvador e imagina que não tem crise porque a cidade deu um salto de qualidade em relação a educação, saúde, trânsito, enfim a essas demandas principais.

Tribuna - Como avalia o seu próprio mandato?
Alberto Braga - Tivemos a oportunidade de fazer um mandato tendo relação com a prefeitura e de fazer inúmeros trabalhos sociais. Em Pirajá, por exemplo, temos um projeto social chamado Vovô e Vovó.

Conseguimos no Nordeste de Amaralina, junto com a Paróquia Nossa Senhora da Luz, fazer um centro de empreendedorismo para dar capacitação a jovens carentes de nossa cidade. Estamos agora também com um projeto de trânsito, com a lei das autoescolas, para regulamentar os espaços adequados para as autoescolas, para que nos momentos de pico não compliquem o trânsito.

Estamos também com um projeto de o uso de cigarros no volante com crianças e gestantes dentro do automóvel, sob pena de tomar multa. Então, junto com a prefeitura, tivemos condições de fazer um mandato que com certeza correspondeu, e o retorno a gente vê nas urnas. O maior reflexo do mandato é nas urnas.

Tribuna - Quais são os principais projetos que o senhor colocaria como destaque da sua atuação?
Alberto Braga - Coloquei também a obrigação dos bancos de colocar câmeras internas e externas para combater as saidinhas bancárias. Nunca mais se ouve falar em saidinha bancária, era uma coisa corriqueira em Salvador.

A questão das divisórias também foi uma vitória nossa. A questão das autoescolas repercutiu muito porque as pessoas estão aprendendo em horários de pico em vias principais de Salvador e termina congestionando e atrapalhando ainda mais o trânsito. Estamos com o projeto de colocar lugares específicos para as autoescolas, para que a gente possa melhorar o fluxo de trânsito.

Tribuna - Como o senhor avalia a gestão de ACM Neto? Quais os principais erros e quais os principais acertos?
Alberto Braga - O maior acerto sem dúvida foi levar autoestima para o cidadão soteropolitano. Quando falei no momento de crise, instabilidade, onde a questão do desemprego é latente no país todo, ele conseguiu elevar a autoestima da população com intervenções não somente em bairros pontuais, mas em toda a cidade a gente vê a prefeitura presente. Isso sem dúvida dá um alento positivo a toda a população.

Sobre o ponto negativo, o problema é que quatro anos é pouco tempo para fazer tudo, e como com certeza vamos ter uma reeleição, haverá mais tempo para resolver certas questões. Salvador tem muitos problemas, sobretudo nessa questão do turismo. A gente viu agora o Centro de Convenções, o governo estadual já disse que não vai fazer, e a gente tem a oportunidade de construir um centro de convenções municipal. Isso vai ser muito importante para Salvador.

O turismo de negócios, o turismo comercial, praticamente não existe. Isso ficou voltado para São Paulo, Rio de Janeiro, então esse centro de convenções será um gol de placa que com certeza o prefeito vai fazer. Como que o governo estadual não consegue fazer o Centro de Convenções, quantos anos ficou desativado?

A cidade está perdendo com essa situação, e nos quatro anos que virão tenho certeza que o prefeito vai conseguir fazer esse centro de convenções, que será um marco para a cidade.

Tribuna - Quais as principais carências de Salvador hoje e o que deve ser colocado como prioridade pelo próximo prefeito?
Alberto Braga - A principal carência é a geração de emprego, de oportunidade. Salvador vem há alguns anos sendo a capital do desemprego. E essa não é uma tarefa fácil, é uma tarefa que requer investimentos. Isso quer dizer ganhar confiança. O prefeito com certeza nesses quatro anos ganhou confiança, zerou todos os débitos da prefeitura na Serasa.

Todo tipo de gestão requer credibilidade, e o prefeito ACM Neto resgatou a autoestima do cidadão e a credibilidade. E com isso começa vir a confiança, junto com apoiadores, com gente que quer investir na cidade. Acabamos inclusive de aprovar um novo PDDU, o outro foi uma rixa, então o que gera instabilidade gera insegurança e afeta o investimento.

O prefeito fez um novo PDDU que a Câmara aprovou, fez a Louos, que a Câmara também aprovou. E nessa nova gestão dele será uma tarefa árdua, mas tenho certeza que virá à tona essa questão da geração de emprego.

Tribuna - Com as mudanças na legislação eleitoral, como será a campanha deste ano a vereador, sobretudo no quesito arrecadação?
Alberto Braga - A mudança está sendo um modelo embrionário, porque mudou recentemente. A reforma, que é necessária, mas ainda é tímida. Deveria ser mais ampla, faltou mais aprimoramentos. Vai ser uma gincana. Reduziu o tempo de campanha de 90 para 45 dias.

Vai ser uma campanha difícil, de ideias, de argumentos, e que vai ser muito positiva também. Vai ser uma campanha dessas que eu chamo “Santinho, sapato e saliva”.

É gastar os três, e quem tiver o melhor discurso, os melhores argumentos, quem a população achar que for ideal, vai ter vantagem e com certeza será eleito.

Tribuna - Acredita que o cenário nacional e a crise política que o Brasil atravessa vão impactar nas eleições aqui na Bahia?
Alberto Braga - Sem dúvida. O cenário de crise gera o desemprego. Com o desemprego, logicamente deixa a autoestima baixa. Uma pessoa que investiu em educação, e educação não é barata no país, e está desempregada, isso gera um certo desconforto em todos os ambientes familiares e dos amigos.

Então, atrelado a isso, temos aí a Operação Lava Jato, que já dura dois anos, com o mar de corrupção que inundou o país. Isso causa reflexo. Mas tem aquelas pessoas que têm trabalho. Por exemplo, quando chego a algum lugar e o pessoal fala que não quer saber de política, dou logo o meu nome e peço para pesquisar na Internet e nas redes sociais, e fico tranquilo porque ele vai ver que a gente trabalha, e nada vence o trabalho. É a ferramenta de dar resposta à crise. E essa instabilidade e a corrupção, é só arregaçando as mangas e trabalhando.