Integrante da bancada do governo na Câmara de Salvador, o vereador Geraldo Júnior (SD) avalia que “não há erros” na gestão do prefeito ACM Neto (DEM), e, dando como certa a vitória do democrata na disputa de outubro próximo, aponta como prioridades “da próxima gestão” de ACM Neto a “equiparação das áreas de periferia” à estrutura atual de Salvador.
Preocupado com as dificuldades da campanha para vereador neste ano, Geraldo Junior prevê muito pouca arrecadação financeira pelos candidatos e afirma que a campanha terá de ser feita no “corpo a corpo”, “tocando nas pessoas”.
Sobre a atual legislatura da Câmara, o parlamentar parabenizou o presidente da Casa, Paulo Câmara (PSDB), e disse que o Legislativo “quebrou todos os recordes” de produtividade.
Tribuna da Bahia - Como avalia a atual legislatura da Câmara de Salvador?
Geraldo Junior - A Câmara Municipal tem um papel preponderante nesse processo de organização da cidade, apesar de toda a crise econômica, de valores sociais e políticos que vive o país. Sob a condução do presidente Paulo Câmara (PSDB) e toda a Mesa Diretora, e aí por consequência os 43 vereadores, a Casa teve a oportunidade de resgatar a confiança do cidadão soteropolitano no Poder Legislativo. Batemos todos os recordes de sessões, audiências públicas, na apresentação de projetos de lei.
Fiquei muito feliz por aparecer como o segundo vereador que mais apresentou projetos nesta Casa. A Câmara tem tido hoje um papel fundamental, e neste último ano, que é ano de eleição, tivemos grandes projetos do Executivo aprovados na Câmara.
Eu destaco a aprovação do plano diretor (PDDU) da nossa cidade, e agora, a Lei de Ordenamento do Uso do Solo (Louos), que visa, em primeiro lugar, a geração de emprego e renda na nossa cidade, visa à possibilidade de reconstruir o modelo de uma cidade muito mais moderna e bem aparelhada para o cidadão soteropolitano.
Mas eu destaco acima de tudo a aprovação desses dois projetos, que foram preocupação do Executivo, e na Câmara teve um grande número de audiências públicas, ouvimos a sociedade civil, tivemos grande participação popular para que grandes contribuições fossem dadas para que a gente pudesse mudar esse modelo a í de plano diretor.
Tribuna - Como avalia o seu próprio mandato?
Geraldo Júnior - Alguns destaques foram feitos nesse processo. Nossa participação tem sido de fazer com que a voz da população, principalmente nas áreas onde a gente tem maior atuação de trabalho, esse trabalho seja ouvido não só pelos vereadores, mas na representação da nossa cidade.
Eu costumo dizer que cada vereador, independentemente de posição política, partidária e ideológica, cada um representa sua cidade. Salvador é a terceira maior capital do país. O prefeito ACM Neto tem tido uma sensibilidade muito grande para ouvir os líderes comunitários, independentemente dos vereadores. Nós, representando esse elo entre a população e as autoridades, no caso em específico, a gestão do prefeito ACM Neto... acho que em nenhum momento da história da nossa cidade nós tivemos a oportunidade de ver uma cidade tão bela, tão arrumada, tão cuidada.
Logicamente que tem muita coisa ainda a ser feita. Temos ainda muitas áreas na periferia. Eu, como um dos vereadores mais votados no subúrbio ferroviário, tenho procurado empenhar todos os esforços para que a gente possa construir um processo para ter uma cidade melhor.
No meu segundo mandato, eu vejo um crescimento não necessariamente em relação os votos. Mas um crescimento pessoal, um crescimento político partidário, mas acima de tudo um crescimento em favor da minha cidade.
Tribuna - Como avalia o governo de ACM Neto?
Geraldo Júnior - Na gestão do prefeito ACM Neto, os dados estatísticos e a resposta das pesquisas mostram muito bem o que ele tem feito. Eu acho que um dos grandes fatores que têm contribuído para esses processos é a utilização de recursos próprios para aplicação nas questões de reestruturação na área da educação, e aí eu destaco o ex-secretário Guilherme Bellintani, que teve um papel fundamental não só no aparelhamento da educação como no crescimento de todos esses índices.
A saúde, como secretário José Antônio, que tem tido um papel de destaque nesse processo. Na manutenção da nossa cidade, o secretário Marcílio Bastos tem feito aí um processo de reorganização de nossa cidade. Leiam-se aí todas as partes das intervenções viárias, bem como um papel de destaque no processo da reformulação e construção de novas praças. Aí eu destaco o papel do secretário Paulo Fontana, do Almir Melo na Sucop, que tem tido um papel destacado. Houve algum erro na administração municipal? Não. São alguns equívocos de ordem operacional que precisam ser sanados, repensados nesse processo.
Eu acho que o prefeito ACM Neto tem tido essa preocupação no sentido de fazer uma cidade melhor. Você vê que o reordenamento das barracas de praia, pela secretária Rosemma Maluf, isso tem sido motivo de regozijo em todo o cenário.
Você vê que a cidade, em consonância com o que fez o vereador Tiago Correia como presidente da Limpurb, uma das grandes referências hoje nesse processo aí da nossa cidade, que é reconhecido inclusive no cenário Norte-Nordeste.
Tribuna - Dentro das carências que a cidade tem hoje, o que deve ser colocado como prioridade pelo próximo prefeito?
Geraldo Júnior - A grande prioridade é nós trabalharmos aquelas comunidades que precisam da parte da revitalização e estruturação dos sistemas viários. A Louos hoje corrobora para que as ZEIs (zonas de interesse social) tenham uma atenção especial. Essas zonas precisam avançar no tempo, precisam ser modernizadas, precisam ter um processo de equiparação ao crescimento da própria cidade.
Hoje, com essas áreas de centralidade, que são as áreas do centro da cidade, como Pelourinho, Comércio, todo o Centro Histórico, Avenida Sete de Setembro, Carlos Gomes, Península Itapagipana.
Acho que o próximo governo de ACM Neto, porque eu acredito na vitória dele nas próximas eleições, deve focar acima de tudo pela revitalização dessas áreas que precisam ter uma atenção especial, ter um foco especial.
Tribuna - Com as mudanças da legislação eleitoral, como será a campanha deste ano, sobretudo no quesito arrecadação?
Geraldo Júnior - Vai ser uma campanha muito difícil. Esse modelo aprovado pela Câmara dos Deputados dificultou o processo das eleições. Favorece quem tem mandato, porque é uma eleição muito curta, uma campanha de apenas 45 dias, com todas as restrições. Temos aí a proibição de doação de pessoa jurídica, e a pessoa física só pode doar 10% daquilo que declarou nas últimas eleições.
É difícil ter arrecadação hoje, muito difícil. Hoje você vai conseguir mitigar, divulgar e propagar seu mandato e aquilo que você faz e o que você espera que a população possa ter de credibilidade e confiança em você pela sua história. Essa é uma eleição muito forte no corpo a corpo, uma eleição do caminhar e do tocar nas pessoas.
O país vive hoje uma crise econômica, política, social e de valores. Acredito que nessas eleições teremos uma abstenção muito grande. Acredito que todos os vereadores eleitos, testados e aprovados, terão redução em seu número de votos por causa desse momento precário em que vive o país.
Tribuna - O cenário nacional de crise vai impactar nas eleições este ano em Salvador?
Geraldo Júnior - Com certeza. Não só em Salvador, mas em todas as grandes capitais. Esse processo vivido hoje de desgaste do modelo político vai ser verticalizado. Vai ser no cenário federal, no cenário estadual e nessas eleições repercutindo nas grandes capitais. Isso vai ter uma repercussão direta na vida do eleitor.