Na reta final do seu primeiro mandato na Câmara de Salvador, o vereador Claudio Tinoco (DEM) diz que a atual legislatura é marcada pela diversidade de perfis.

O democrata disse ter se surpreendido ao conseguir “aprovar projetos de interesse da sociedade”, de forma transparente e participativa.

Presidente da Comissão de Finanças, Orçamento e Fiscalização, o democrata também falou sobre as perspectivas para a campanha diante das mudanças na legislação eleitoral, expôs os problemas que Salvador ainda precisa enfrentar e analisou a gestão do prefeito ACM Neto (DEM).

Tribuna - Como avalia a atuação da Câmara nessa legislatura?
Claudio Tinoco - É uma avaliação especial, considerando que é a minha primeira legislatura. Desde que defini ser candidato a vereador, em 2008, mesmo não obtendo êxito e ficando na primeira suplência, é claro que tinha uma noção externa da função legislativa, sobretudo na elaboração e discussão de normas e leis de interesse da sociedade.

E é evidente que eu trouxe uma expectativa em relação à função que eu exerço, que é a de presidente da Comissão de Finanças e Orçamento, buscando vincular não só o conhecimento da minha formação de administrador público, como também minha atuação como ex-gestor, tendo tido a oportunidade de exercer funções na administração pública e compreender por dentro como é o funcionamento.

Então, a expectativa nossa é a de uma contribuição, que acho que conseguimos construir sobre elaboração de peças orçamentárias.

A legislatura me surpreendeu, primeiro pelo resultado, numa inovação significativa, e depois pela variedade de perfis. Temos aqui um vereador muito novo e duas peças emblemáticas da política baiana, um ex-governador e um ex-prefeito. A minha avaliação é que essa legislatura correspondeu à expectativa.

Acho, inclusive, que ela ficará marcada pela transparência, pela capacidade de produzir um bom debate com a sociedade, como o processo do PDDU. Até mesmo a reforma tributária em 2013 levou a Câmara a participar com setores organizados da sociedade, o que se repetiu com o PDDU e agora no processo final da Louos. Então, a minha avaliação é muito positiva é eu fico muito satisfeito em estar participando dessa legislatura.

Tribuna - Como avalia o seu próprio mandato?
Claudio Tinoco - Primeiro, a rapidez no início do mandato em transformar as minhas principais bandeiras em propostas efetivas. Desde que fui candidato, apresentei na minha campanha proposta de melhorias da infraestrutura da cidade, do turismo, da cultura, da educação…

Fui autor da Lei da Transparência, representada não só pelo acesso à informação como também pela propaganda das obras públicas, e isso não só serviu para a proposta legislativa, já transformadas as duas em lei, mas nas ações. Combatemos, ao longo desse mandato, o desperdício através da paralisação de obras, sejam obras do município, sejam obras importantes do governo do Estado.

Lutei para evitar o equívoco da construção de uma arena na Praça Castro Alves, por exemplo; lutei pelo aceleramento da requalificação da Feira de São Joaquim; para garantir a reforma do Centro de Convenções, considerando que a falta do equipamento levaria ao que estamos vivendo hoje, que é baixo fluxo de turistas, uma baixa ocupação da rede hoteleira, levando inclusive a fechamento de hotéis.

Por isso mesmo apresentamos uma indicação ao Executivo Municipal para que apresentasse um projeto de incentivo à indústria hoteleira; consegui implementar a Frente Parlamentar pela Educação, lutando pela implantação de pontos de leitura no sistema de transporte; ampliação de vigência dos prazos dos contratos REDAs dos professores da rede municipal.

Então, o meu mandato eu resumo dizendo que estamos entregando aquilo que nos comprometemos, e isso me dá muita satisfação porque existe o reconhecimento da sociedade.

Tribuna - Como o senhor avalia a gestão de ACM Neto?
Claudio Tinoco - Estou com a maioria da população aprovando a gestão do prefeito ACM Neto. Tive a oportunidade de dar algumas opiniões.

Desde a minha campanha, por exemplo, defendia a criação da Secretaria de Turismo e Cultura, e veja como conseguimos avançar nessas duas áreas. Só na área da cultura tivemos um aumento significativo do investimento através do orçamento que saltou de R$500 mil/ano para R$40 milhões/ano, e consegui estruturar o setor de cultura de Salvador que sempre esteve atrelado à Bahia, ao governo do Estado, muito dependente.

Então, essa área de cultura, com os editais e os mais de R$10,5 milhões investidos nos últimos anos da gestão do prefeito, a requalificação dos espaços importantes… A requalificação do Espaço Barroquinha e o Gregório de Mattos, que eram uma novela antiga de incapacidade da prefeitura e inércia da iniciativa privada e do próprio governo do Estado, a prefeitura resolveu. Então a área de cultura foi um fator importante na gestão do prefeito ACM Neto.

Destaco ainda o avanço na área da educação. Na segunda metade do mandato, o prefeito conseguiu encaixar uma política pública clara e com um plano estabelecido não só de melhoria da estrutura física das escolas, como a construção de escolas, e também criando um programa pedagógico próprio, ouvindo e construindo isso com o corpo docente, e tudo isso sobre as regras do Plano Municipal de Educação, com metas bem definidas.

E eu não poderia deixar de destacar a requalificação urbana da cidade. A orla foi requalificada de Tubarão, no subúrbio, passando por São Tomé de Paripe e chegando a Itapuã, nos seus diversos trechos, mas também a parte interna. É incrível como nós que atuamos na cidade reconhecemos hoje a importância das áreas de lazer e esporte na cidade, com a reforma dos campos de futebol e das praças.

Então, quem quiser chegar hoje à noite em São Caetano, vai ficar encantado, as pessoas estão voltando às ruas. Todo esse movimento de requalificação do espaço urbano, convidando as pessoas a ocuparem o espaço, é uma marca importante dessa administração e que tem sido aprovada pela sociedade.

Tribuna - Quais as principais carências de Salvador hoje e o que deve ser colocado como prioridade pelo próximo prefeito?
Claudio Tinoco - Tem uma área que considero fundamental e que infelizmente não é de competência municipal, mas isso precisa assumir um papel importante para Salvador, e espero que o prefeito no segundo mandato possa influenciar mais a possibilidade de maior investimento na área de saneamento. Isso prejudica porque confunde também a própria sociedade.

As ruas, principalmente em bairros populares, há esgoto transbordando, a rede de drenagem pluvial, que é de responsabilidade do município, está associada a uma saturação da rede de saneamento. Isso tem prejudicado muito a salubridade e a higiene nos bairros. Assistimos recentemente a Embasa despejar esgoto nas praias de Salvador.

Aquilo que se avançou nas gestões passadas se perdeu praticamente, não conseguimos avançar com a ligação das casas, e, consequentemente, com a recuperação desses canais. As praias estão sendo consideradas impróprias para banho. Então acho que esse é o grande desafio de Salvador.