Alberto Oliveira

Daniela Mercury merece respeito

O autor é jornalista

É vergonhosa a intenção da Câmara de Vereadores de Salvador, de substituir a denominação do Circuito de Carnaval Dodô (Barra/Ondina) para Daniela Mercury; e Osmar (Campo Grande) para Dodô e Osmar.

A cantora Daniela Mercury, que tanto já fez pela música baiana, não precisa disso e não merece ter seu nome associado a esse desrespeito com a memória de Dodô. 

A suposta "homenagem" a Daniela Mercury é dispensável. A cantora baiana já entrou para a história do carnaval de Salvador como a pioneira - entre tantas outras coisas - no desenvolvimento da folia no circuito que vai do Farol da Barra à praia de Ondina.

É injusta com a memória de Dodô, e injusta com a coerência de Daniela Mercury, essa troca de nomes do circuito.

A Câmara de Vereadores de Salvador tem dado mostras seguidas de que tem pouca ou nenhuma vontade de defender os interesses da população.

Veja-se o caso Uber. Por unanimidade de votos foi aprovada a proibição do Uber na cidade, favorecendo taxistas e donos de frota, em detrimento dos usuários, que flagrantemente são beneficiados com a concorrência.

O argumento de que os motoristas do Uber não pagam impostos municipais é pífio. E quem aluga seu apartamento ou casa pelo serviço digital AirBNB, paga?  

Ficar contra a economia do compartilhamento é uma atitude medieval, ludista, destinada a virar piada nos livros de história. 

Parte considerável dos motoristas de táxi trabalha em carros de outras pessoas, pagando taxas semanais que chegam a R$ 800. 

Se tiverem um mínimo de juízo compram um carro e vão trabalhar para o Uber.

Além do mais, a negação da Câmara é inconstitucional, segundo a opinião de largo número de juristas, já que só uma lei federal pode tratar da questão.

Os vereadores estão dando um tiro em cada pé. Podem até ganhar os votos dos taxistas e seus familiares, mas provavelmente perderão os das dezenas de milhares de moradores que preferem pagar menos e ser tratados com dignidade.