Os números falam, e se forem ouvidos a tempo e hora podem ajudar a salvar vidas. A Defesa Civil, em Salvador, deveria saber isso.

Todos os anos a Codesal recebe milhares de chamados que relatam deslizamentos de terra, desabamento de imóveis, quedas de árvores, etc. 

E, durante a época de chuvas mais fortes, envia um sem número de boletins para a Imprensa, com estatísticas parciais.

Ora, elas são apenas um punhado de números, se não houver correlações, se não se fizer cruzamentos dos dados. 

Mas se tivermos, de forma acumulada, a quantidade de cada tipo de ocorrência, com seus respectivos locais, pode-se antecipar, por exemplo, quais dos cerca de 600 locais de risco, em Salvador, estão sendo mais afetados.

Isso ajudará no deslocamento das equipes, e na prevenção dos acidentes. 

Perceba que é insuficiente saber quais os locais de risco, é fundamental detectar quais deles estão sendo mais afetados no momento, de forma a retirar os moradores antes que os imóveis sejam tragados.

E como se pode saber isso? Uma boa pista pode ser dada pelos números acumulados das ocorrências.

E como se pode fazer isso? Nada mais simples. Basta ir lançando cada chamado em uma planilha eletrônica. 

Mas como faz a Codesal? Que resposta ela lhe dá se você solicitar esses dados?

Que isso vai demorar porque é preciso fazer os cálculos manualmente. Repito para retirar qualquer dúvida: manualmente.

E vai demorar quanto? Dias, semanas, talvez (estou aguardando há bem mais de uma semana).

Ou seja: quando a Defesa Civil de Salvador tabular as informações as famílias já terão voltado da missa de trigésimo dia, por seus mortos.

Que resposta dá a Prefeitura quando solicitamos essas informações? "Existe uma grande diferença entre ter as informações e ter as informações na hora que se quer".

Concordo. Nesse caso, a diferença é entre a vida e a morte de quem mora em uma das cerca de 600 áreas de risco, em Salvador.

Reproduzo um diálogo com representante da Prefeitura:

Eu: A Prefeitura tem a obrigação de ter os dados da cidade inteira
Prefeitura: Ela tem
Eu: Então me passe
Prefeitura: Ela (Codesal) vai passar. Está levantando.

c.q.d. (como eu queria demonstrar).

A Codesal tem um monte de números, não informações tabuladas, relacionadas entre si. Aparentemente nunca ouviu falar em cruzamento de dados, em planilhas eletrônicas, em computação. Continua fazendo contas manualmente, com todas as muitas possibilidades de erros que isso implica.

É impossível administrar uma cidade - pior ainda, com os problemas de Salvador - reféns de tabelas feitas a mão.

E é inadmissível receber respostas como as dadas pela Prefeitura quando se pede o número total de ocorrências por tipo e bairro: "Para sua solicitação leva tempo, mesmo".

Enterrar os mortos tem levado menos tempo.