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Conheça a trajetória do rock baiano

50 anos: A história do rock na Bahia

Waldir Serrão e seus Cometas
Waldir Serrão e seus Cometas

O rock acontece na Bahia bem antes dos Beatles. Com Elvis Presley. Em 1964, todos os domingos pela manhã, direto do Cine Roma, Waldir Serrão comandava o som na Rádio Cultura. Começam a surgir bandas de rock, os conjuntos de iê iê iê (fenômeno ocorrido apenas no Brasil e que se apropria do refrão de “She Loves you”, dos Beatles). Serrão atribui a ele o uso inicial, em Salvador, de expressões como “banda” e “pauleira total”.

Entre as inúmeras bandas da epoca, destacam-se: Waldir Serrão e seus Cometas (grupo de cover dublado), Raulzito e seus Panteras, The Gentleman (com Pepeu e os irmãos Jorginho e Carlinhos), Eles 4, 5 Loucos, The Jormans, The Jetsons, Brasa Bossa, Dedos de Ouro, Os Selvagens, Os Desafinados, MJ6.

Apresentavam-se em bailes, nos diversos clubes sociais da cidade (Estância Campomar, Piatã Clube, Português, Baiano de Tênis, Associação Atlética da Bahia), também no cinema Roma e em programas da TV Itapoan, produzidos por Domitila Garrido e Cid Seixas.

Só para Brotos. 1965. Aumente o rádio. Idealizado por Newton Moura Costa e apresentado por Waldir Serrão (que cedia os discos) o programava contava, também, com Jayme Fahel, Almir Duarte, Diniz Oliveira. “Entre 59 e 62 o que tocava era Elvis Presley, Cely Campelo, Neil Sedaka, Paul Anka, Little Richard, Carlos Gonzaga, Demétrius, Sergio Murilo, Ronny Cord”, recorda Waldir Serrão.

“O programa funcionava com entrevistas, cartas, telefonemas”, explica Serrão. Com a explosão dos Beatles e da Jovem Guarda aconteceram muitos shows no Ginásio Antonio Balbino, o Balbininho. “O Big Boy é que me deu o toque para fazer um programa igual ao dele na Rádio Mundial, no Rio de Janeiro. Muito Elvis e Beatles, era a receita”, conta.

1966. Acontece o boom total, a Guaraná Platense promove shows de Roberto Carlos, Elis Regina, Zimbo Trio, Cauby Peixoto, Angela Maria, Wanderléa, Jair Rodrigues. O palco era sobre um caminhão, no Campo Grande.

1967. Aos sábados, Elias Sobrinho comandava o “Sabatinas da Alegria”, programa com shows promovidos por Edmundo Viana e Waldir Serrão (Big Bem, desde então) no Cine Nazaré, com auditório lotado e transmissão ao vivo, pela TV Itapoan. Ao lado da cena rock, havia, ainda, a presença dos sambistas acontecendo simultaneamente: Tom e Dito, Antonio Carlos e Jocafi, Berimbau, Riachão, o maestro Carlos Lacerda. Era o cenário musical da cidade à época.

O Som do Big Ben passou para a Rádio Bahia, onde permaneceu por cinco anos. Depois na Tv Itapoan, rádios Sociedade, Excelsior, Cultura, Clube. E existiam também os fãs clubes: Elvis Rock Club, na Boa Viagem, onde se ensinava a dançar rock e twisty; Elvis Today Fã-clube; Imperial Rock Clube, na rua Saldanha da Gama.

São nomes marcantes desse período, ainda, as estrelas do iê iê iê: Jerry Adriani, Wanderley Cardoso, Os Vips, Leno e Lilian, Golden Boys, todos em apresentações concorridas no Balbininho.

Os superstars se hospedavam no Palace hotel e os fãs paravam a Rua Chile. Há que se mencionar, também, David Barauh, Plínio, irmão de Raul, Thildo Gama, Gino Frei, Bartilloti e Nilton Papaum, o primeiro beatnik baiano. Dos anos 70, Mar Revolto, Creme, 19º Colapso Nervoso, Pulsa...

Com um histórico repleto de nomes de peso nacional, a produção roqueira baiana não pararia mais: de Raul Seixas a Pitty, passando por Novos Baianos, Camisa de Vênus, Maria Bacana e Penélope, entre tantos outros.