Veículos

Número de veículos que passaram por recall cresceu 71% neste ano de 2014

Problemas com airbag estão em primeiro lugar no ranking de defeitos: em 2014, já foram 12 campanhas

Foto: Divulgação/Ford
Novo Ka passou por recall no mesmo mês em que foi lançado pela americana Ford

Segundo dados do Procon-SP, as 68 campanhas de recall de veículos que ocorreram este ano, até a quarta-feira (29.10), já afetaram 941,7 mil unidades, quase 394 mil a mais que no mesmo período do ano passado – um acréscimo de 71%. Até outubro de 2013, foram 55 campanhas que afetaram quase 547,8 mil veículos.

O número de campanhas aumentou 24% na comparação entre 2013 e 2014 – entre janeiro e outubro de cada ano.

Problemas com airbag estão em primeiro lugar no ranking de motivos para recall. Só este ano, já foram 12 campanhas por esse motivo, que afetaram 186,5 mil consumidores. No mesmo período do ano passado, 10 campanhas afetaram 55 mil veículos.

A General Motors (GM), montadora que mais vende carros no Brasil, convocou seus consumidores brasileiros em 14 campanhas este ano, segundo os dados do Procon-SP. Em 2013, foram apenas cinco.

Globalmente, a GM, que fabrica e comercializa veículos com a marca Chevrolet no Brasil, passa por uma crise. No início deste ano, a marca convocou um recall global de 2,6 milhões de carros por um problema na ignição, que pode sair da posição e parar o veículo, desabilitando airbags. O problema está ligado a ao menos 29 mortes.

A Fiat, que, até outubro de 2013 convocou apenas um recall que afetou dois modelos da marca, este ano fez uma campanha que abrangeu 16 modelos com problemas no sistema de tração. O presidente, Cledorvino Belini, no entanto, não crê que isso afete a confiança dos consumidores.

“Acreditamos que a convocação de recall mostra ao consumidor a seriedade e responsabilidade da marca”, diz.

A Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) também vê a realização de recall de maneira positiva. Em nota, a associação afirma que “a prática reflete a atitude madura dos fabricantes de veículos, que sempre que necessário convocam seus consumidores para verificação de eventual não conformidade e respectiva solução”.

A associação afirma ainda que a indústria automobilística é pioneira na realização de campanhas de chamamento no mundo e no Brasil.

Para Andrea Arantes, assessora executiva do Procon-SP, o aumento do número de recalls pode ter duas vertentes: o maior cumprimento da legislação e a maior preocupação das empresas com o controle de qualidade.

“Ainda assim, não é o ideal. O recall visa minimizar os danos do consumidor, mas o ideal é que nenhum produto precise passar por isso”, diz.

Convocação não alcança todos os consumidores

Menos de um mês depois do lançamento do Novo Ka no Brasil, a americana Ford convocou o recall de 219 unidades no País. O defeito era no cilindro da chave de ignição, que pode girar sozinho da posição "ligado" para "acessório", fazendo com que o carro desligue o motor em plena rodagem.

Natan Vieira, vice-presidente de Marketing, Vendas e Serviços da Ford na América do Sul, vê o evento como um problema casual. “Poucas unidades tinham saído das concessionárias. Foi um problema em um componente de um fornecedor e fomos os primeiros a ir atrás disso e avisar os consumidores”, diz.

Segundo Andrea, por lei, o fabricante de qualquer produto, ao detectar algum defeito deve realizar o chamamento nos principais veículos de comunicação de abrangência nacional, como jornais de grande circulação, rádios e televisão.

A representante do Procon-SP afirma que, ainda assim, apenas 50% dos consumidores são alcançados e ficam sabendo do recall. “É comum que o cliente detecte o defeito e ao fazer uma reclamação descubra que o produto já passou pelo chamamento”, diz.

Andrea ressalta que o conserto do defeito identificado pelo fabricante não pode ter nenhum custo para o consumidor. A empresa deve ainda entregar um documento ao cliente certificando que o problema foi corrigido.

Marcas têm prejuízos

A japonesa Honda cortou sua projeção de vendas global para este ano por impacto de recalls.

Na última semana, a montadora se desculpou pelo quinto recall doméstico de seu híbrido subcompacto Fit, que não é comercializado no Brasil. O presidente-executivo e uma dúzia de outros executivos sofreram cortes nos salários pelo incidente.

No Brasil, Issao Mizoguchi, chefe de Operações da Honda na América Latina, afirma que não haverá impacto nos resultados. A montadora, este ano, fez duas campanhas de recall por conta de problemas no sistema de airbag da fabricante japonesa Takata. Outras marcas, como a Nissan e a Toyota também tiveram que convocar recalls por conta do problema.