Alberto Oliveira

Propor "impeachment" de Dilma agora é atitude antidemocrática

Alberto Oliveira

Um movimento começou a tomar forma nas redes sociais, nesta terça-feira (28/10), com o objetivo de angariar 5 milhões de assinaturas em favor de um “impeachment” da presidente Dilma Rousseff.

É no mínimo uma atitude antidemocrática, além de sem sentido.

Ora, ainda no domingo (26) 10 vezes mais brasileiros disseram “sim” à permanência da então candidata petista no cargo. Como se pode imaginar que a vontade de 5 milhões prevaleça sobre a de 54,5 milhões de eleitores?

Pode-se discordar dos que apoiaram a petista, mas eles foram a maioria. Os outros 50 milhões que preferiram o tucano Aécio Neves formam um contingente respeitável, mas ainda assim minoritário.

Perceba-se que estou alijando dessa conta aqueles brasileiros que optaram por votar em branco ou anularem o voto. Esses – conscientemente ou não – decidiram abrir mão do direito constitucional de escolher o próximo presidente.

Acabaram favorecendo a candidata vencedora, ao reduzirem o contingente de votos válidos; adotaram - a meu ver - a pior das opções, mas tinham o direito de fazer isso.

Em um estado democrático de direito o que não se deve é rejeitar o desejo da maioria. Um “impeachment” pode ser motivado por muitas razões, nunca pelo fato de que ficamos insatisfeitos com o resultado das urnas.

Da mesma forma que era inaceitável o "Fora FHC" proposto pelo PT, é igualmente injustificável - nesse momento - um "Fora Dilma".

Os que desejavam ver os petistas apeados do poder tiveram duas chances este ano. Terão uma nova, em 2018. Até lá - a menos que surjam fatos incompatíveis com o cargo - Dilma Rousseff é a presidente do Brasil. De todos os brasileiros; incluindo os que votaram em Aécio Neves, em branco, anularam seus votos ou se abstiveram.

É assim em uma democracia.