Nova onda de preconceitos atinge os nordestinos, após a reeleição da presidente Dilma Rousseff.
Parte da população - principalmente de São Paulo, mas certamente uma minoria - considera-se superior e imagina ser possível continuar sendo a maior economia do País sem a presença dos migrantes.
A par da série de crimes cometidos nas mensagens divulgadas pelas redes sociais, tem-se, aqui, um profundo desconhecimento da importância dos migrantes para a consolidação da economia brasileira, e da sulista em particular.
Dos 3,9 milhões de migrantes que se estabeleceram no Brasil entre 1870 e 1945, nada menos de 2,2 milhões tiveram o Estado de São Paulo como destino.
Primeiro explorados como escravos, depois como mão-de-obra barata nas plantações de café.
Eles eram nordestinos mas, também, japoneses, italianos, espanhóis, etc. Mais de 60 nacionalidades estão representadas.
Com a industrialização, transformaram-se em operários, ajudando no processo de modernização das fábricas e formando um contingente consumidor imprescindível para o crescimento da economia paulista.
O que aconteceria, hoje, se todos resolvessem sair de São Paulo? A cidade literalmente quebraria. São Paulo não existiria - como é hoje - e não sobrevive como metrópole sem os migrantes.
Dito isto, examinem-se os muitos crimes cometidos pelos que - quem sabe, por falta do que fazer - entopem as redes sociais de textos contra os nordestinos, muitos até incitando ao separatismo.
Comecemos por este último. Defender o separatismo é crime previsto no artigo 11 da Lei 7.170/1983, com pena de reclusão de 4 a 12 anos.
Agora, veja-se o que diz o artigo 1º da Lei 7.716/1989: "Serão punidos, na forma desta Lei, os crimes resultantes de discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional". O delito (xenofobia) é inafiançável e imprescritível.
Os que atacam os nordestinos incorrem, ainda, em crimes de injúria e difamação, previstos no nosso Código Penal.
Denunciá-los é fácil: basta fazer uma cópia da tela com a mensagem criminosa e enviá-la para a organização SaferNet Brasil.
A melhor política, no entanto, talvez seja ignorá-los. Merecem o silêncio da história. Nada mais que isso.