Entrevista com o presidente do Conselho Deliberativo do Yacht Clube da Bahia, Jonny Brussel.
Tribuna da Bahia – Os clubes sociais já ocuparam um espaço importante na Bahia, mas tem perdido cada vez mais espaço. No entanto, o Yacht se mantém fortalecido. Medidas, como o aumento do IPTU, podem prejudicar ainda mais os clubes da cidade?
Jonny Brussel – Posso falar pelo Yacht Clube da Bahia. O aumento do IPTU foi impactante demais, pois os valores ficaram muito altos. Já recorremos desse aumento na instância administrativa e a Prefeitura está analisando esses valores.
Tribuna - Os clubes podem oferecer alguma contrapartida à cidade?
Brussel – Esse é um tema difícil, pois os clubes são associações fechadas. O Yacht contribui muito para cidade no quesito esporte náutico, por exemplo. Esse é o nosso mote mais forte. Auxiliamos na geração de emprego e renda. São quase 400 pessoas que trabalham na associação, pagando impostos sobre serviços, IPTU e TFF. Contribuímos significativamente para o fortalecimento dos esportes, principalmente os olímpicos. O Yacht é também um dos maiores centros no Brasil no desenvolvimento do stand up pedal. A equipe da Bahia tem mais de 150 participantes. Mesmo não sendo modalidade olímpica, tem campeonatos mundiais.
Tribuna – Poderiam ajudar a fomentar esportes olímpicos, através da parceria com os governos federal, estadual e municipal?
Brussel – Poderiam e deveriam, pois os clubes estão bem mais preparados para atender esses quesitos de preparação de atletas que a prefeitura e os governos. Eles não têm uma expertise sobre isso. Seria interessante eles utilizarem as boas práticas dos clubes para alavancar o esporte no estado todo. Eu quando fui comodoro do Yacht fiz um convênio com a Bahiatursa e trouxemos diversos eventos de grande qualidade, inclusive dois campeonatos mundiais. O governo do Estado e prefeitura não tem expertise para esses tipos de eventos. Têm clubes que são especialistas em futebol, nós somos especialistas no mar. Sabemos como fazer tudo, temos embarcações, bote, boias, juiz...
Tribuna - A intenção seria ajuda no processo de treinamento das delegações?
Brussel – Claro. Mas o associado não vai querer pagar para o estado utilizar. Seria o caso de fazermos um convênio.
Tribuna – Já que estamos falando sobre o Yacht, será feita uma eleição para 1/3 do seu conselho deliberativo. Qual a importância desse pleito e porque essa movimentação intensa?
Brussel - É muito importante essa eleição para a renovação dos 14 conselheiros do clube, nos ajudando a manter sempre a mobilização e atenção do seu quadro social, o que reforça a independência do conselho em relação à diretoria, já que o conselheiro é o representante dos associados eleito pelo voto direto. Esta disputa embora esteja dando muito trabalho, me alegra e demonstra já uma grande mudança nas eleições do clube com uma participação bem maior dos candidatos e do eleitorado.
Tribuna - Qual o motivo desta disputa em torno das finanças do clube?
Brussel - A discussão entre os candidatos é se as finanças do clube estão sendo bem geridas ou não. O clube funciona em regime de rateio, mais ou menos como um condomínio, o que significa que tem que haver um trabalho constante para manter o equilíbrio entre despesas e receitas, impactando o mínimo possível nos aumentos dos valores das mensalidades. O ideal é sempre que a diretoria busque alternativas para aumentar o caixa com novas receitas, além das mensalidades. O orçamento é aprovado, e assim é definida a mensalidade que o associado irá pagar para cobrir as despesas. O que se discute são os critérios para fazer o orçamento e a execução deste, reduzindo a possibilidade de ultrapassar o previsto. Mantida a cota obrigatória de reserva imposta pelo conselho, quando gastos de um centro de custo ultrapassa o orçado, a Diretoria deixa de executar investimentos previstos no orçamento. Assim, embora não apareça nos números finais dos resultados, haverá sem dúvida uma perda para o associado. Ao conselho compete, através da sua Câmara de Finanças, informar, esclarecer e proteger o associado.