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Secretário diz que ações de governo vão ajudar Jaques Wagner a eleger sucessor

Secretário Cícero Monteiro
Secretário Cícero Monteiro

Titular de uma das pastas mais importantes do governo, responsável pela execução das principais obras do Estado, a Secretaria de Desenvolvimento Urbano (Sedur), o secretário Cícero Monteiro assegura o ritmo célere de alguns projetos que o governo do Estado deve concluir em 2014. Nesta entrevista, o secretário destaca o investimento de R$7 bilhões até o final do mandato em infraestrutura urbana e mobilidade em Salvador e o andamento das obras de duplicação da Avenida Pinto de Aguiar, dos viadutos do Imbuí e de Narandiba, as vias marginais e o metrô, linha 1, que deve passar pelo primeiro teste em 13 de junho. Monteiro considera a possibilidade de se lançar como candidato a deputado federal no próximo ano e defende a candidatura de Rui Costa ao Palácio de Ondina.

Tribuna - A pasta que comanda é responsável por muitas obras de mobilidade em Salvador. Qual a avaliação do senhor sobre os projetos do governo que estão em execução aqui na cidade?
Cícero - Eu acho que a avaliação é muito boa, muito positiva. A Sedur atua em três setores: saneamento, habitação e gestão territorial e mobilidade urbana. E nesse último item o governo do Estado vai investir até 2014 mais de R$ 7 bilhões, com a retomada da linha 1 do metrô e com a entrada e expansão da linha 2, incluindo Pirajá - Cajazeiras. Só de metrô serão R$4,4 bilhões em investimento. Além disso, já estamos com obras em andamento, como a duplicação da Pinto de Aguiar, estamos construindo os viadutos do Imbuí e de Narandiba, fazendo três quilômetros de vias marginais aqui na Paralela, a interligação da Luis Eduardo Magalhães com a BR-324. Além disso, estamos fazendo outra obra que é a estrada do Curralinho – uma ligação de 700 metros que vai interligar o Stiep, o Costa Azul e o Centro de Convenções. É uma área do exército, onde vamos fazer uma via, próximo ao Residencial dos Bancários. Ontem nos reunimos com a prefeitura, que vai fazer a requalificação urbana, que vai operar o trânsito na área. Estamos tocando em conjunto com a prefeitura municipal.

Tribuna - Como está o ritmo dessas obras?
Cícero - A Avenida Pinto de Aguiar está em um ritmo muito forte. Começamos em abril e vamos entregar até junho do próximo ano. A obra da Orlando Gomes é a segunda etapa, essa nós licitamos com recursos do Estado. O corredor da Orlando Gomes (duplicação da Orlando Gomes), viaduto em cima da Paralela e implantação da Avenida 29 de Março, viaduto em cima da BR e implantação de Águas Claras até São Luiz que é o final de linha de Paripe – fazendo um total de 20 km, ligando a orla atlântica. Essa última será uma obra com recurso federal, no valor próximo de R$600 milhões que a Caixa Econômica está analisando, pois é recurso da União. A previsão é de que seja entregue até sexta-feira para que seja lançado o edital de licitação já nas próximas semanas.  

Tribuna - Como estão as obras executadas no interior do Estado pela Conder? Fala-se que no interior tinha muita obra pequena sendo tocada, o que dificultava um acompanhamento maior e um ritmo mais célere por parte da Conder...
Cícero - A gente tem executado muito no interior. A Conder, diferente da Cerb e da Embasa, tem estruturas regionais no interior da Bahia. A Conder é originada de uma empresa de planejamento metropolitano e virou uma executora de obras em todos os 417 municípios do Estado e não acompanhou. Agora que nós fizemos um concurso público. A Conder foi fundida com a Urbis há algum tempo, tem um corpo técnico experiente, com foco em arquitetura e planejamento, e agora estamos resgatando por concurso. Vamos contratar mais de 300 pessoas por esse concurso, dando uma oxigenada na empresa. Continuamos fazendo obras no interior, a maioria em convênio com as prefeituras municipais, principalmente pavimentação, mercados e obras de praças. 

Tribuna - Após todo impasse em torno da construção do metrô, é possível prevê prazos para a entrega da obra? Há riscos de atrasos?
Cícero - A Bahia, junto com o Estado de Minas Gerais, é campeã de PPP (Parceria Público-Privada). Essa é a quinta PPP que estamos fazendo no Estado. Só para rememorar, a primeira feita, a do Emissário Submarino de Jaguaribe, a segunda foi a do Hospital do Subúrbio, a terceira foi a Arena Fonte Nova e a quarta é o Hospital Couto Maia, e por último a quinta agora é a do metrô. Os nossos resultados das outras PPPs nos dão essa garantia e tranquilidade que a do metrô vai dar certo. O consórcio vencedor é grande e experiente esse do metrô, o maior do Brasil, com empresas grandes. O nosso projeto foi bem avaliado e aprovado, tanto que houve um desconto na PPP, de 5%, mesmo não tendo concorrente.  É um projeto que nós não temos dúvida que vai andar. O prazo para operação comercial é setembro do próximo ano, até o Retiro, e janeiro de 2015 será Pirajá. Numa sexta, dia 13 de junho, será o primeiro jogo da Copa, teremos o primeiro teste, em operação assistida. Vamos combinar isso com a prefeitura para fazermos os testes nos dias dos jogos da Copa. Ao mesmo tempo a empresa vencedora do consórcio vai apresentar um projeto para levarmos o sistema de Pirajá a Águas Claras. O prazo total da obra é de 42 meses. 

Tribuna - Esses viadutos que estão em construção ficarão prontos a até a Copa?
Cícero - Eu não tenho dúvidas. Nosso prazo é junho, mas podem ser inaugurados até antes, maio ou abril. As obras estão em um ritmo muito forte. Isso todos podem ver. Agora em dezembro vamos lançar a primeira viga sobre a Avenida Paralela, antes do Natal. Os pilares já estão quase todos prontos. As vias marginais nós entregaremos antes, em janeiro, os três quilômetros ligando a Avenida Luis Eduardo Magalhães até o CAB.

Tribuna - Em relação à obra da Via Expressa, recentemente entregue, há quem critique a dificuldade na locomoção por ausência de sinalização. Há expectativa de melhorar a sinalização na via?
Cícero - É verdade. É uma obra magistral de R$ 480 milhões, sendo a maior intervenção urbana, nos últimos 30 anos, em Salvador. O nosso governo já tinha entregado há três anos o Complexo 2 de Julho, que melhorou muito o entorno do Aeroporto–Lauro de Freitas, que foi um investimento de R$ 30 milhões. Nós do Estado, através da Conder, fazemos as obras e entregamos a cidade para a prefeitura operar. Tudo que fazemos de sinalização é em comum acordo com a prefeitura e a Transalvador. Há essa queixa, eu passei lá recentemente e acho também que pode melhorar. Estamos sentando com a prefeitura para vermos o que podemos melhorar na Via Expressa.

Tribuna - O senhor citou a Conder, que é um órgão muito importante. Por que as obras executadas pela Companhia não andam?
Cícero - Acho que nós tivemos dificuldades em algumas obras. Posso citar uma por uma. Tivemos dificuldade com a obra da Passarela aqui em Pituaçu, tivemos dificuldade em projetos, recursos federais e com a Caixa, que é nossa parceira. Mas, há um volume muito grande de obras e todo recurso federal passa pela Caixa, que não tem um número adequado de pessoas que possa dar vazão às demandas. Precisamos da Caixa não só para aprovação dos projetos, mas para fiscalização. Como o Estado da Bahia tem muitas obras, a gente tem essa dificuldade. Mas, nós fizemos uma reformulação e agora, hoje, todas as obras andam no ritmo certo. A única que não está no ritmo que queremos é a Feira de São Joaquim, que estamos concluindo agora a segunda etapa e depois vamos relicitar para pegarmos uma empresa com um ritmo mais forte. Fora isso, muitos falam do Largo de Roma que vamos entregar agora em dezembro, a orla da Ribeira vamos entregar em fevereiro. Tivemos dificuldades, mas hoje estamos em um ritmo bom.   

Tribuna - A população pede um ritmo mais célere na execução de obras na Orla, por exemplo, ou na recuperação de lugares como o Pelourinho e os parques públicos de Salvador. A interferência política traz problemas para a Conder?
Cícero - Tivemos outra mudança no comando da Conder. Exatamente essa semana, o presidente José Lúcio saiu porque recebeu um convite da presidente Dilma para assumir a Valec, numa indicação do ministro César Borges. Enquanto isso, um diretor vai substituí-lo interinamente. Mas não tivemos problemas com indicação política. Estamos aguardando a nova indicação para a Conder. Porém, não é a indicação política que traz problemas. Nós temos volume de obras. Em relação ao Jardim dos Namorados, nós vamos entregar a intervenção agora em 20 de dezembro. Os parques públicos não são todos que operamos. Estamos intervindo no Jardim dos Namorados e também operamos o Parque Costa Azul, que tinha uma ocupação. O Abaeté também nós operamos. Em minha opinião, eu acho que os parques públicos de Salvador poderiam ser repassados para o município.

Tribuna - O programa Água para Todos também é da competência da Sedur. Quais são os atuais números e principais metas? Como observa as críticas da oposição sobre a suposta falta de prevenção com relação à seca?
Cícero - Aí eu posso falar até com mais tranquilidade, pois sou oriundo da área de saneamento. Sou engenheiro de carreira da Embasa e domino muito a área de saneamento. Nunca foi feito tanto investimento em saneamento como nos últimos sete anos na Bahia. São mais de R$ 7 bilhões. O que a oposição reclama é sobre construção de barragem, que foi o único item que fizemos menos, se for comparado à unidade física. Mas, em contraponto a isso, nós fizemos dois sistemas que em vez da barragem, que é uma unidade física intermediária entre a captação da água até a distribuição até o povo, nós captamos, fazendo obras em Irecê, levamos água do São Francisco para aproximadamente 350 mil habitantes. Trouxemos água do São Francisco para Guanambi, onde estamos estendendo para Caetité. Temos grandes números. São mais de quatro mil poços perfurados, mais 3.500 sistemas de abastecimento de água construídos, mais de 150 novas obras de esgotamento sanitário. No próximo ano teremos eleição e acho que temos números suficientes para compararmos com qualquer governo.

Tribuna - Falando de política, o senhor será mesmo candidato a deputado federal?
Cícero - Eu me filiei no último dia do prazo eleitoral ao PT em comum acordo com o governador Jaques Wagner. Tenho trabalhado com essa possibilidade de lançar candidatura. Desde a época da Embasa, da Cerb, tenho me credenciado para isso, com serviços prestados. Acho que caso eu me candidate, claro que eleição não é fácil, seria a minha primeira, mas eu vou andar bem. Mas tudo depende do governador. Ele já sinalizou que pode precisar de mim. Eu posso entrar na campanha para ajudar o nosso candidato ou ficar na Sedur. Minha relação política é com o governador, e eu sou leal e fiel a ele. O que ele determinar eu farei. Estou preparado para ficar na Sedur ou para ser candidato.

Tribuna - O secretário da Casa Civil, Rui Costa, foi escolhido para ser o candidato. O senhor acredita que ele irá ter fôlego para agregar os partidos da base e construir uma candidatura forte para 2014?
Cícero - Eu não tenho dúvida. Rui no primeiro governo foi articulador político do governador. Fez um trabalho de guarda-chuva do governador, de coordenador, fez um trabalho de articulação muito bom, trouxe muitos partidos para a base e agora no segundo governo é o coordenador dos grandes programas. Ele alia hoje a articulação política ao conhecimento da gestão do estado, então eu tenho certeza que Rui é um grande candidato.

Tribuna - Quanto à decisão do PSB de lançar candidatura própria e antecipar até mesmo a candidata ao Senado, com a filiação da ministra Eliana Calmon. Isso ameaça o PT?
Cícero - É uma chapa forte. São duas candidatas com nome e renome. Lídice, hoje, ainda é nossa aliada, uma pessoa da nossa confiança, do nosso campo. Eliana é uma ex-magistrada que está chegando agora, com nome e renome baiano e nacional. Claro que atrapalha. A gente perde Lídice, que foi da nossa composição de 2010, mas ganhamos o PSC, o PR e o PTB. Claro que balança e que gostaríamos de contar com a Lídice, mas é a política nacional que dita o rumo, com a candidatura de Eduardo Campos. 

Tribuna - A oposição vai chegar unida e criar uma candidatura competitiva contra o projeto do PT?
Cícero - Eu acho que não tem espaço para sair duas candidaturas do grupo para diluir igual na outra eleição. Eles vão unidos. O que se fala hoje é que a cabeça de chapa saia com o ex-deputado Geddel ou o ex- governador Paulo Souto. Não tenho dúvida que eles vão unidos. Se for diluir vai ficar mais fácil para o governo.

Tribuna - Como o senhor avalia a administração do prefeito ACM Neto (DEM) em Salvador?
Cícero - Olha, nós da Sedur e da Conder estamos tendo uma relação administrativa forte com a prefeitura. Essa é a orientação do governador Jaques Wagner. Desde a transição, nós conversamos muito. Eu e o secretário Rui Costa conversamos na transição com o ex-governador Paulo Souto. Temos reunião praticamente mensal com o secretário Albérico (Mascarenhas), com (Paulo) Fontana (Infraestrutrura) e o secretário Aleluia (Transportes). Minha pasta tem muito a ver com essas e nós temos conversado muito administrativamente. Acho que a nossa contenda vai passar a existir lá pra agosto, setembro, com as eleições. Depois volta o curso normal com a relação administrativa da cidade.

Tribuna - O que o senhor acredita que exista de aspecto negativo do governo que pode dificultar para o PT em 2014?
Cícero - Olha, os desgastes do nosso governo foram às greves da Polícia Militar e principalmente dos professores, mas estamos superando isso com o tempo. Comunicando-nos melhor vamos conseguir mostrar nossos avanços, principalmente com os servidores, com as melhorias que houve nos últimos anos. Vamos mostrar todas as obras que fizemos. Como exemplo o Água Para Todos, a área de saúde que desenvolveu bastante, muita coisa em todas as áreas que o governo interveio e temos certeza que vamos fazer o nosso sucessor. Não tenho dúvida que as ações do governo vão ajudar a fazer o sucessor de Wagner, em 2014.

Tribuna - O que a população pode esperar da Sedur agora no final do governo?
Cícero - Temos ainda um ano do governo. Temos muitas obras em andamento. Nós vamos concluir todas. São mais 11 bilhões em investimento em Salvador, entre 2007 a 2014. São R$ 7 bilhões em mobilidade; R$1 bilhão em saneamento; obras de infraestrutura urbana, melhorias no Parque São Bartolomeu. Enfim vamos trabalhar cada vez mais para chegarmos em dezembro de 2014 e entregarmos tudo que começamos.

Tribuna - Falta mostrar melhor para a população o que o governo faz?
Cícero - Eu acho que estamos nos comunicando cada vez melhor, mas temos que melhorar mais um pouco ainda. Estamos no caminho certo, por exemplo, com a Via Expressa nos comunicamos muito bem.  

Colaboraram: Fernanda Chagas e Lilian Machado