Os brasileiros – principalmente jovens – tomaram as ruas do país. Por que motivo? Será que estavam protestando contra as péssimas condições de atendimento nos hospitais públicos brasileiros? Ou reclamavam contra a má qualidade do ensino público? Quem sabe, queixavam-se dos preços crescentes do transporte, da falta de segurança nas cidades e no campo, da corrupção que se espalha por amplos níveis da sociedade?
Muita gente achava que as manifestações revelavam o descontentamento de amplas camadas da população contra a forma como o país está sendo conduzido, ou a rejeição à classe política. Vemos agora, a partir de artigo assinado pelo ex-presidente Lula, que estavamos todos – ou quase todos – equivocados.
Lula defendeu a ideia de que os protestos, na verdade, se deram exatamente por conta da eficiência da área da saúde, no Brasil; de sua educação de qualidade; da tranquilidade com que andamos nas ruas, da evolução do trato dos políticos com a coisa pública.
O artigo foi publicado em Inglês – já que distribuído pelo New York Times – mas vale a pena respirar fundo e atentar para esse trecho, aqui traduzido: “...as demonstrações são largamente o resultado do sucesso social, econômico e político”.
É espantoso, mas revelador como uma abreugrafia. Não, Lula não perdeu o juízo. Ele, simplesmente, – como a maioria dos políticos brasileiros – encontra-se completamente desconectado do que sente, sofre, vive o povo brasileiro.
Sabe porque os jovens foram para as ruas, na visão distorcida revelada pelo ex-presidente Lula? Pelo simples motivo de que melhoraram de vida, em relação aos pais, e estão querendo mais.
Assim como alguém se encarregou de traduzir para o inglês o artigo de Lula, faz-se preciso que traduzam para ele – e, por extensão, para a classe política - o que estão gritando as vozes das ruas. Vê-se que têm sido insuficientes os cartazes carregados pelos manifestantes. Em outras passeatas é prudente que desenhem o que desejam.