Pedro Ivo Veloso da Silveira nasceu em Olinda (PE) em 1811. Era filho do coronel Pedro Antônio Veloso da Silveira e Helena Perpétua da Silveira e neto de Pedro Ivo Veloso da Silveira, um dos rebeldes da Revolução de 1817.
Inspirador de dois grandes poetas, sobre Pedro Ivo, herói da Praieira, assim escreve Álvares de Azevedo: “Era um leão sangrento, que rugia,/Da glória nos clarins se embriagava,/ E vossa gente pálida recuava,/ Quando ele aparecia.
Castro Alves dedica-lhe longo poema em V cantos, datado de maio de 1865/ Recife.
Sobre o herói desaparecido, após a refrega, diz: “Que importa se o túmulo ninguém lhe conhece?/nem tem epitáfio, nem leito, nem cruz? Seu túmulo é o peito do vasto universo,/Do espaço - por cúpula - as conchas azuis”!/Mas contam que um dia rolara o oceano/ Seu corpo na praia, que a vida lhe deu/Enquanto que a glória, rolava sua alma/ Nas margens da história, na areia do céu!
A Revolução Praieira foi um movimento armado, que irrompeu em Pernambuco em 1848, tendo sido a última rebelião do 2º Reinado, após cujo conflito os conservadores consolidaram o seu poder, exercido até 1864. Motivou a queda do Gabinete Liberal de 31 de maio de 1848, que foi substituído a 29 de setembro pelo conservador do Visconde de Olinda, por muitos considerado da “salvação nacional”, destinado à pacificação dos espíritos.
A denominação Praieira decorreu do fato de ser a tipografia dos rebeldes situada na Rua da Praia.
Dentre os itens do programa político dos praieiros constavam: a convocação de uma Constituinte, a abolição da vitaliciedade do Senado; a modificação da divisão territorial; a exigência de ser brasileiro nato para os lugares de ministro, membro do Parlamento e dos tribunais de Justiça; a escolha do Imperador procedida de uma lista tríplice organizada pelas assembleias provinciais, dos Presidentes de Província e Prefeitos departamentais; a escolha dos empregados de cada departamento a cargo do respectivo prefeito; a redução a um só tesoureiro nas Províncias, que concorreriam com suas cotas para as despesas gerais.
Mesmo tendo sido afastados do poder, os Liberais não queriam desapegar-se dos cargos que exerciam na Província, acentuando-se cada vez mais a odiosidade entre aos praieiros (liberais) e os gabirus (conservadores).
Na vigência da substituição do Presidente Antônio da Costa Pinto pelo Conselheiro Herculano Ferreira Pena, a princípio imparcial, mas, pouco a pouco, assumindo tendência conservadora e perseguindo os Liberais, a situação foi-se agravando.
O aumento dessas tensões conduziu os ânimos à luta armada no dia 7 de novembro de 1848, tendo sido dirigido pelos deputados provinciais. Os revoltosos concentraram-se na vila de Igaraçu, apoderando-se, em seguida, da Vila de Nazaré, de onde foram desalojados. Houve sangrento embate, a seguir, no Engenho de Muçupinho, onde se haviam recolhido, tendo sido derrotado o coronel rebelde José Joaquim de Almeida Guedes. Com perdas de ambos os lados, os imperiais tiveram 23 mortos e 67 feridos, enquanto os “praieiros” contaram 43 mortos, 100 feridos e 56 prisioneiros.
No dia 17 chegava ao Recife procedente do Rio de Janeiro o deputado-geral Des Joaquim Nunes Machado, que, inicialmente, condenou a medida extrema da revolução, porém, diante da desconfiança dos seus correligionários, colocou-se destemidamente a seu favor.
Diante dessa situação, o Governo Imperial nomeou Comandante das Armas e das forças em operação o Brigadeiro José Joaquim Coelho, mais tarde Barão de Vitória. Aconteceram vários embates, tendo os rebeldes recebido importantes adesões, a exemplo do Cap. Pedro Ivo Veloso da Silveira, tornando-se insustentável a situação desfavorável dos revoltosos.
Substituído o Presidente Ferreira Pena por Dr. Manuel Vieira Tosta travou-se combate decisivo, no dia 2 de fevereiro de 1849, às portas do Recife.
Nunes Machado tombou com um tiro na testa, tendo Pedro Ivo, com cerca de 300 homens, resistido por algum tempo, no interior da Província, resolvendo, por fim, entregar-ser ao Governo da Bahia. Daqui, foi enviado para a Corte, onde foi recolhido ao Forte da Laje, de onde conseguiu escapar num navio estrangeiro, desaparecendo, à altura da Paraíba, no dia 2 de março de 1852, não se sabendo o seu destino.
Imortalizado pelos poetas românticos: Álvares de Azevedo e Castro Alves, Pedro Ivo permanece no imaginário popular como um herói tragado pelo próprio destino.