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Entenda a nova lesão no joelho esquerdo do atacante Neymar

Ortopedista explica lesão no menisco que levou Neymar à cirurgia

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Neymar passou por artroscopia no joelho esquerdo após lesão no menisco, agravada por sobrecarga típica do futebol. Especialistas alertam para riscos biomecânicos após cirurgia ligamentar e destacam avanços com células mesenquimais na recuperação. Reabilitação precisa de precisão para evitar novas lesões em atletas de alto rendimento.

O meia-atacante Neymar, do Santos, realizou nesta segunda-feira, 22, para tratar uma lesão no menisco do joelho esquerdo. O procedimento, uma artroscopia, foi realizado após o atleta conviver com o incômodo por algumas semanas.

O caso reacendeu uma discussão importante sobre a sobrecarga no joelho de atletas profissionais, articulação que concentra elevadas demandas mecânicas durante acelerações, desacelerações, giros e mudanças bruscas de direção, movimentos típicos do futebol.

De acordo com o ortopedista David Sadigursky, especialista em joelho e trauma do esporte, o menisco atua como um dos principais amortecedores do corpo, responsável por distribuir carga, proteger a cartilagem e manter a estabilidade durante movimentos complexos.

“Quando o menisco sofre uma lesão, o joelho perde parte da capacidade de absorver impacto e estabilizar o movimento, e isso interfere diretamente na confiança do atleta para executar gestos rápidos”, explica.

No caso de Neymar, o incômodo teve início na partida contra o Mirassol e persistiu ao longo das semanas seguintes, levando à decisão de realizar o procedimento após o encerramento da temporada do Santos.

Para atletas de alto rendimento, microdescompensações acumuladas, seja por cansaço, retorno acelerado após cirurgia ou desequilíbrios musculares, podem criar um ambiente favorável para lesões.

“Após uma cirurgia ligamentar, como a que Neymar fez no ligamento cruzado anterior em 2023, é comum que a articulação passe por adaptações biomecânicas. Isso muda a distribuição de carga e pode aumentar a vulnerabilidade do menisco”, detalha Sadigursky.

O menisco é particularmente sensível a movimentos de torção com o pé fixo no chão, desacelerações intensas e mudanças rápidas de direção, exatamente os gestos que compõem o jogo do camisa 10. Quando essa demanda ultrapassa a capacidade de resposta da articulação, surgem dores, sensação de travamento, perda de estabilidade e até incapacidade de apoiar o peso do corpo.

A evolução do tratamento depende da extensão da lesão. Em muitos casos, a artroscopia é indicada como, no caso de Neymar, para reparar ou remodelar a estrutura, sendo que a reabilitação é determinante para o retorno com segurança.

“A recuperação precisa respeitar fases de mobilidade, fortalecimento, propriocepção e, por fim, reintegração progressiva aos gestos esportivos. É um processo que exige precisão para evitar sobrecargas adicionais”, afirma o especialista.

Avanços terapêuticos

Nos últimos anos, a ortopedia tem avançado no uso de terapias regenerativas, especialmente as que utilizam células mesenquimais, com efeito anti-inflamatório e modulador da cicatrização. Sadigursky explica que essas células contribuem para a melhora do ambiente biológico dentro da articulação, acelerando processos reparativos e reduzindo a dor.

“As células mesenquimais não substituem a cirurgia quando ela é necessária, mas têm se mostrado importantes para melhorar a qualidade da recuperação, proteger o tecido restante e otimizar o retorno funcional. Elas atuam na inflamação e na regeneração, e isso faz diferença em atletas com histórico extenso de lesões articulares”, destaca.

Para o ortopedista, o caso de Neymar reflete um ponto central da medicina esportiva atual que é o equilíbrio entre carga, força e recuperação.

“A articulação do joelho responde ao que recebe. Quando há sincronia entre condicionamento, força muscular e controle de movimento, o risco de lesões cai drasticamente. No alto rendimento, onde o corpo é exigido no limite, esse equilíbrio precisa ser continuamente reavaliado”, conclui.