
A libertação, nesta segunda-feira (13 de outubro) integra um plano de paz negociado desde 2023, que prevê trocas de prisioneiros, interrupção dos ataques e reconstrução de Gaza. Em contrapartida, Israel libertará cerca de 2 mil prisioneiros palestinos nos próximos dias.
Os reféns, em sua maioria civis, foram entregues ao Comitê Internacional da Cruz Vermelha em Gaza e levados para centros médicos em Israel. Alguns estavam em cativeiro desde os ataques de outubro de 2023, sendo mantidos em condições desconhecidas.
O acordo foi mediado por Egito, Catar, Estados Unidos e Turquia, após meses de impasse. Fontes diplomáticas informaram que a lista de reféns foi definida com base em critérios humanitários, priorizando crianças, mulheres, idosos e feridos.
Segundo informações oficiais, o acordo de cessar-fogoé dividido em três fases:
-- Libertação dos reféns vivos e cessar-fogo temporário
-- Troca por prisioneiros palestinos e trégua prolongada
-- Reconstrução da Faixa de Gaza com apoio internacional
Nesta primeira etapa, Israel se comprometeu a libertar até 2.000 presos palestinos, incluindo alguns condenados por crimes graves.
Casos emblemáticos e perdas irreparáveis
O acordo também prevê a devolução dos corpos de reféns mortos em cativeiro. O caso mais simbólico é o da família Bibas, sequestrada em 2023. A mãe e os dois filhos morreram em Gaza; os corpos serão entregues às autoridades israelenses nos próximos dias. O pai, Yarden Bibas, foi libertado anteriormente.
O Hamas solicitou tempo adicional para localizar e identificar os corpos de outros reféns. A Turquia formará uma força-tarefa para auxiliar na busca.
Para as famílias dos reféns, a libertação representa um alívio emocional, embora o trauma do cativeiro permaneça. “Estamos felizes por tê-los de volta, mas os danos são profundos e permanentes”, disse um porta-voz da associação de familiares.
Na Faixa de Gaza, a população vive uma crise humanitária severa. Estima-se que mais de 1,2 milhão de pessoas estejam deslocadas, com acesso precário a alimentos, água e assistência médica. O cessar-fogo pode abrir espaço para corredores humanitários e retomada de serviços básicos.
Desafios à frente
Apesar da libertação dos reféns, riscos continuam:
-- Quebra do cessar-fogo: ataques isolados podem reiniciar os confrontos
-- Desconfiança entre as partes: Israel exige verificação rigorosa do cumprimento
-- Fragmentação interna: facções dentro de Gaza podem boicotar o acordo
-- Reconstrução lenta: sem recursos internacionais, a infraestrutura colapsada dificilmente será reerguida em curto prazo.
Cenário geopolítico e o papel dos mediadores
Os EUA pressionaram Israel por um cessar-fogo desde o início de 2025, inclusive com ameaça de suspender envio de armamentos. O Catar, aliado do Hamas, foi essencial para viabilizar as trocas e garantir a segurança dos corredores de evacuação.
O Egito atuou como ponte diplomática entre os dois lados e ofereceu ajuda logística para a passagem humanitária. A Turquia vai coordenar os esforços para localizar corpos de reféns mortos e apoiar psicologicamente famílias afetadas.
O ataque terrorista
No dia 7 de outubro de 2023, o grupo islâmico palestino Hamas lançou um ataque surpresa em larga escala contra Israel, marcando o início do conflito mais mortal da região em décadas. A ofensiva incluiu o disparo de milhares de foguetes e a invasão por terra de combatentes armados na fronteira sul de Israel, a partir da Faixa de Gaza.
O ataque, ocorrido nas primeiras horas da manhã de um sábado, pegou o governo israelense de surpresa e resultou em centenas de mortos e feridos. O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, declarou que o país estava em guerra e ordenou retaliações massivas contra alvos do Hamas.
Segundo as Forças de Defesa de Israel (FDI), o Hamas disparou mais de 3 mil foguetes em poucas horas, atingindo cidades como Tel Aviv, Ashkelon e Jerusalém. Ao mesmo tempo, militantes atravessaram a fronteira por terra, mar e ar, usando motos, parapentes e túneis subterrâneos.
As forças palestinas atacaram bases militares, comunidades agrícolas e cidades próximas à fronteira. Centenas de civis israelenses foram mortos ou sequestrados, incluindo mulheres, crianças e idosos. Vídeos compartilhados nas redes sociais mostraram cenas de pânico, explosões e confrontos nas ruas.
Resposta de Israel e escalada imediata
Horas após o ataque, Israel declarou estado de guerra e iniciou bombardeios aéreos contra alvos estratégicos do Hamas na Faixa de Gaza. O governo convocou reservistas do Exército e bloqueou entradas e saídas da região.
A retaliação causou centenas de mortes em Gaza e o colapso de infraestruturas civis e hospitalares. A comunidade internacional reagiu com preocupação, mas os confrontos se intensificaram nos dias seguintes.
O Hamas declarou que o ataque foi uma resposta às ações de Israel em Jerusalém Oriental, à ocupação da Cisjordânia e ao bloqueio contínuo de Gaza. Analistas apontaram que o grupo visava reafirmar sua liderança na resistência palestina e surpreender Israel com uma ofensiva coordenada e inédita em escala.
O ataque aconteceu exatamente 50 anos após o início da Guerra do Yom Kippur (1973), o que muitos interpretaram como uma escolha simbólica por parte do Hamas.