Cidade / Saúde

UPAs de Salvador são acusadas de violação aos direitos humanos

Pacientes e familiares apontam deficiências graves

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A crescente demanda nas UPAs de Salvador expõe falhas como superlotação, falta de leitos e atendimento precário. Cerca de 80% dos casos são leves e poderiam ser tratados em UBS, mas a Atenção Primária cobre apenas 56,36% da população. O CES-BA acionou o MP-BA para investigar as irregularidades.

As queixas contra as Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) e Pronto Atendimento (PA) em Salvador incluem a falta de leitos hospitalares e de medicamentos.

Pacientes e familiares apontam deficiências graves nessas unidades, tais como: superlotação, maus tratos aos pacientes -- que são atendidos no chão -- falta de humanização no atendimento, demora excessiva no atendimento, alocação inadequada de pacientes em estado grave e insuficiência de profissionais de saúde para atender à demanda.

De acordo com o presidente do Conselho Estadual de Saúde da Bahia, Marcos Gêmeos, a ausência de um atendimento humanizado, as precárias condições sanitárias e a insalubridade encontrada nessas unidades violam os direitos humanos das pessoas que buscam assistência médica e esse cenário precisa mudar.

“É preciso cobrar a gestão e qualidade dos serviços prestados nas UPAs, bem como responsabilizar, a Prefeitura Municipal de Salvador, a garantir que essas unidades ofereçam condições adequadas para o atendimento da população”, afirma

Dados do último Plano Municipal de Salvador mostram que cerca de 70% dos pacientes atendidos nas UPAs recebem pulseira verde, indicando uma situação pouco urgente e, portanto, casos menos graves. Já aproximadamente 10% dos pacientes recebem a pulseira azul, que sinaliza a ausência de urgência, ou seja, quadros que não exigem atendimento imediato. 

Esses números indicam que grande parte da demanda nas UPAs poderia ser resolvida em unidades de saúde menos complexas, como as Unidades Básicas de Saúde (UBS).

Esse cenário de superlotação nas UPAs é visto como reflexo de uma defasagem na cobertura da Atenção Primária à Saúde em Salvador, que atualmente atende apenas 56,36% da população. Isso significa que 43,64% da população soteropolitana está sem acesso adequado aos cuidados primários de saúde, levando muitas pessoas a recorrerem às UPAs e PAs para resolver problemas que poderiam ser atendidos nas UBS.

O CES-BA já acionou o Centro de Apoio Operacional de Defesa da Saúde - CESAU  do Ministério Público da Bahia e a Coordenação do Centro de Apoio Operacional dos Direitos Humanos do MP-BA para realizar uma investigação sobre o atendimento prestado pelas UPAs e demais irregularidade