Não é segredo para ninguém que a Inteligência Artificial é a tecnologia do momento. Tanto isso é verdade que um estudo recente da Accenture aponta que as empresas que a utilizam superam seus concorrentes em diversas frentes, enxergando um crescimento de receita 2,5% maior.
Além disso, dados da Statista nos mostram que, globalmente, o mercado de IA deve crescer 28% ao ano e alcançar US$ 827 bilhões até 2030. E um setor que pode se beneficiar bastante por conta disso e, de quebra, trazer benefícios à população é o bancário.
Durante anos, o banco sempre foi sinônimo de burocracia. Para termos uma ideia, um levantamento da Unico de 2022 apontou que 93% dos brasileiros consideravam as autarquias as campeãs no excesso de trâmites, superando até mesmo cartórios e outros órgãos públicos.
E, por causa disso, 36% dos entrevistados alegaram ter desistido do acesso a crédito, já que os processos eram muito difíceis e exigiam um número gigante de documentos. Podemos dizer, sem sombra de dúvidas, que isso colabora para a desigualdade no Brasil, já que esse tipo de produto é necessário para a população conseguir melhorar suas condições de vida por meio do consumo. Além disso, as instituições deixam de lucrar com esses serviços.
Contudo, as autarquias têm buscado na Inteligência Artificial uma forma para mudar esse cenário. Atualmente, uma pesquisa da Deloitte aponta que 96% dos bancos já possuem tecnologias envolvendo a solução, sendo a automação robótica de processos e a inteligência cognitiva umas das maiores aplicações. Além disso, dados da Provenir mostram que a IA é vista como essencial em diversos segmentos, como prevenção de fraudes (59%), redução de custos (52%) e maior precisão dos perfis de risco de crédito (45%). Isso porque, hoje em dia, existem softwares capazes de ir além das soluções tradicionais de análise de perfis, por exemplo.
Normalmente, na hora de conceder créditos, os bancos faziam avaliações muito superficiais, levando em conta somente o fato de a pessoa ter conta em banco ou então um emprego de carteira assinada. Contudo, com mais de 4,6 milhões de brasileiros sem conta bancária e 38% da população trabalhando informalmente, acabava que muitos indivíduos ficavam excluídos dessas análises. Além disso, elas eram feitas por funcionários sobrecarregados, que precisavam checar documentos de centenas de indivíduos, o que tornava os processos demorados e ainda suscetíveis a erros.
Atualmente, já existem soluções de Inteligência Artificial que ajudam os bancos a superar essa lacuna. Ao invés de se focar em um conjunto pequeno de dados, esses softwares conseguem ir mais além, avaliando a vida de alguém de forma mais completa, englobando até mesmo questões mais específicas como comportamento online, histórico de compras na internet, pagamentos de contas diversas, renda familiar, histórico de emprego, etc. Com isso, as instituições têm mais insumos para não deixarem de fora cidadãos que, por vezes, são bons pagadores, mas não entram nas estatísticas apenas por uma questão burocrática.
Um ponto que também é relevante diz respeito ao quanto a tecnologia auxilia os funcionários de banco a trabalharem melhor. Um outro estudo da Accenture aponta que a Inteligência Artificial deve assumir mais de 60% das tarefas diárias desses profissionais, aumentando a produtividade em 30%.
Essa vantagem acontece porque a solução é capaz de avaliar um grande contingente de documentos em pouco tempo e de forma mais eficiente, já que um colaborador humano sobrecarregado precisa fazer pausas e tende a cometer alguns equívocos.
Dessa maneira, há uma grande ajuda no dia a dia dos bancários, que podem deixar essas tarefas mais burocráticas a cargo da IA e acelerar outros processos mais importantes.
Com isso, cai por terra aquele mito de que a tecnologia vai roubar o emprego das pessoas. Muito pelo contrário. Nesse caso, além de auxiliar o trabalho dos profissionais de banco, a IA ainda ajuda a promover a inclusão financeira no Brasil, trazendo à tona milhões de pessoas que antes eram incapacitadas de conseguir crédito.
Dessa forma, precisamos exaltar a sua importância para o mercado, enxergando-a como aliada e parte do futuro, ampliando oportunidades e acessos, além de contribuir para um sistema financeiro mais democrático e justo.
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Igor Castroviejo é diretor comercial da 1datapipe