Palco

'Cavalas' leva ao palco a dança
de Alana Falcão e Ana Brandão

Os ingressos custam R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia)

Foto: Cristiane Fernandes
A coreografia é uma brincadeira de meninas furiosas

O espetáculo de dança “Cavalas”, de Alana Falcão e Ana Brandão, tem apresentações marcadas para os dias 23 e 24 de outubro (quarta e quinta-feira), às 20h, na Sala do Coro do Teatro Castro Alves (TCA).

A obra se alimenta de paradoxos: animal e humano, terror e beleza, mítico e físico, dominação e cuidado, leveza e tensão, com intenso vigor em dois corpos em que convivem o desejo de liberdade e a disciplina da equitação.

“Cavalas” investiga a borda tênue entre semelhança e diferença a partir de práticas de improvisação e autoficção. As duas dançarinas se conheceram há uma década, quando Ana, que é de São Paulo, chegou a Salvador, encontrando a parceira soteropolitana, e vieram se cruzando em criações artísticas pelo caminho.

O processo que culminou nesta peça foi desenvolvido por dois anos, até a estreia, ocorrida em outubro de 2023 no JUNTA Festival, no Piauí.

O espetáculo já passou por contextos artísticos em São Paulo, Pernambuco, Ceará e Paraná. Em Salvador, apenas uma apresentação foi feita, dentro do festival IC Encontro de Artes, no último mês de agosto, com ingressos esgotados no Teatro Gregório de Mattos.

“Ambas temos um grande tesão em pesquisa de movimento. Estávamos saindo da pandemia e nos encontrávamos para estudar a partir de uma técnica chamada Fighting Monkeys”, lembra Ana Brandão, que, durante o período de isolamento, havia participado com Alana de um curso online com a artista grega Linda Kapetanea, que desenvolveu esta pesquisa de movimento que utiliza tarefas e jogos. “Nesses estudos, acabamos percebendo que havia algo sendo criado ali. E fomos adentrando em histórias de um feminismo que flerta com o gênero do terror, em encontros entre macabros e encantadores”, completa ela.

Houve outros três importantes disparadores. Um deles é o conto “As coisas que perdemos no fogo”, da argentina Mariana Enríquez, que fala de mulheres vítimas de tentativa de feminicídio e que, sobreviventes, se unem para fundar uma nova beleza que fosse insuportável no mundo patriarcal que conhecemos. “É uma beleza que precisa ser aturada”, descreve Alana Falcão.

Outro é o cabelo, simbólico na crina de cavalos, em filmes de terror japoneses e na obra “As xifópagas capilares”, do artista visual Tunga, que retrata mulheres unidas por suas cabeleiras.

Daí, por fim, surge a imagem da gemelaridade e suas questões de espelhamento, identificação, singularidade. “Todas essas ideias de horror e mulheridade nos acompanham desde o início do processo. O cabelo e o cavalo se encontraram e ficamos mexendo nessas interseções até o nascimento de ‘Cavalas’”, conclui Alana.

Na ficha técnica, estão Lais Machado na dramaturgia, Diego Gonçalves na concepção de luz, Bernardo de Oliveira na cenografia, Marlan Cotrim no figurino e Paulo Pitta na concepção de som, com trilha sonora original.

Anote

Datas: 23 e 24 de outubro de 2024 (quarta e quinta-feiras)
Horário: 20h
Local: Sala do Coro do Teatro Castro Alves
Entrada: R$ 30 (inteira) | R$ 15 (meia)