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ONG acusa terroristas do Hamas
de crimes contra a humanidade

Foram ataques deliberados e indiscriminados contra civis

A Human Rights Watch, ONG internacional ligada aos direitos humanos, publicou um relatório onde destaca os crimes contra humanidade cometidos pelo Hamas e por outras organizações terroristas palestinas em Israel durante os ataques de 7 de Outubro. “Os ‘combatentes’ palestinos cometeram execuções sumárias, tomada de reféns e outros crimes de guerra, bem como crimes contra a humanidade, nomeadamente homicídio e prisão injusta”, diz o documento.

O estudo conclui também que os crimes cometidos pelos palestinos incluem “ataques deliberados e indiscriminados contra civis e bens civis; assassinato intencional de pessoas sob custódia; tratamento cruel e outros tratamentos desumanos; violência sexual e baseada no gênero; tomada de reféns; mutilação e espoliação (roubo) de corpos; uso de escudos humanos; e pilhagem e saques”. Também há provas de nudez forçada e publicação sem consentimento de imagens sexualizadas nas redes sociais

“É impossível para nós atribuir um número aos casos específicos (de crimes de guerra)”, disse o diretor associado da HRW, Belkis Wille, numa conferência de imprensa ao divulgar o relatório.

Por meio de um post na plataforma X (ex-Twitter), o professor Gerald Steinberg, fundador e presidente do NGO Monitor, respondeu à HRW. “Este é outro exemplo flagrante do ‘equilíbrio’ simbólico e da manipulação política cínica da HRW. Nove meses após as brutais atrocidades de 7 de Outubro terem sido mostradas ao vivo nas redes sociais, ninguém precisa de um ‘relatório’ de uma organização dedicada a demonizar Israel usando libelos de sangue de genocídio, apartheid, fome e crimes de guerra”, escreveu.

Sterinberg fez menção também a Danielle Haas, editora sênior da HRW que deixou o grupo logo após os ataques de 7 de Outubro, acusando-o de insistir em buscar uma espécie de justicativa como “contexto” de “apartheid” e “ocupação” “antes mesmo de o sangue secar nas paredes dos quartos” dos kibutzim.

Num e-mail anunciando sua saída, Haas disse que a resposta da HRW ao 7 de Outubro mostrou como “o avanço institucional culminou em respostas organizacionais que destruíram o profissionalismo, abandonaram princípios de precisão e justiça e renunciaram ao seu dever de permanecer firme pelos direitos humanos de todos”. Haas também observou que um gerente do grupo não fez nada quando foi alertado sobre “experiências ao longo dos anos muito parecidas com antissemitismo”.

Para Steinberg, o relatório divulgado pela HRW seria uma tentativa de soar como uma organização equilibrada de forma a “ganhar pontos fáceis” em esforços de Relações Públicas.

14 mil terroristas eliminados

Mais de nove meses após o início do conflito em Gaza, o Exército de Israel (IDF) estima que o Hamas ainda possui foguetes de longo alcance capazes de atingir Tel Aviv e Jerusalém, além de três batalhões que ainda não foram derrotados. Apesar disso, as forças israelenses conseguiram eliminar ou capturar cerca de 14 mil terroristas do Hamas, de um total de aproximadamente 30 mil. Este número inclui também diversos membros de outras organizações terroristas, como a Jihad Islâmica.

O Exército destacou que a maioria dos batalhões do Hamas sofreu grandes perdas devido às manobras terrestres e operações contínuas. No entanto, três batalhões, localizados entre Khan Yunis e Rafah, em Deir al-Balah e Nuseirat, permanecem ativos e operacionais. Nos últimos meses, as forças israelenses concentraram seus esforços em Rafah, enfraquecendo significativamente as capacidades operacionais do Hamas na região.

Em termos de infraestrutura, o IDF conseguiu destruir uma quantidade substancial de túneis subterrâneos utilizados pelo Hamas. Com o apoio de tecnologia avançada e equipamentos de perfuração, as forças israelenses estão conseguindo destruir até um quilômetro de túneis em apenas 10 horas. Este esforço é parte de uma estratégia mais ampla para desmantelar a rede subterrânea que o Hamas construiu ao longo de duas décadas.

Além das operações contra túneis, o Exército também está focado em atacar locais de fabricação de armas e esconderijos de combatentes, muitos dos quais estão situados em áreas civis sensíveis, como escolas e hospitais. Segundo o IDF, essas ações são realizadas em conformidade com o direito internacional e visam impedir a reconstrução das capacidades militares do Hamas.

Apesar das significativas perdas impostas ao Hamas, a organização ainda possui capacidade de resistência e continua a representar uma ameaça. No entanto, os sinais de quebra da moral entre os combatentes do Hamas são evidentes, e as operações do IDF continuam a pressionar e enfraquecer a estrutura operacional do grupo.

Pressão da sociedade

Manifestações realizadas nesta quarta-feira (17 de julho), em Israel têm como objetivo mandar uma mensagem de urgência ao primeiro-ministro Benjamin Netanyahu. O lema dos protestos deixa isso bastante claro: “Garanta um acordo antes e depois viaje!”. Netanyahu vai a Washington no próximo dia 24 para um pronunciamento conjunto às duas Casas do Congresso norte-americano.

Nesta terça-feira, numa conferência de imprensa, pais e mães de cinco jovens soldadas que seguem sequestradas exigiram que Netanyahu feche um acordo. Eles divulgaram imagens obtidas pelo Exército de Israel em Gaza que mostram fotografias das mulheres em seus primeiros dias como reféns. Elas estão feridas e com marcas de algemas nos punhos.

Segundo a imprensa israelense, chefe do Mossad, David Barnea, teria dito na reunião de gabinete que as mulheres reféns não tem mais tempo a esperar.

Os familiares exigem um encontro com o primeiro-ministro israelense para pressioná-lo a fechar um acordo que seja capaz de libertar suas filhas.

“Eu repito o meu pedido, primeiro-ministro, para que nos encontre antes de partir para o Congresso. Eu reitero que se você escolher viajar para um discurso que seja então um discurso declarando um acordo imediato. Um acordo que vai restaurar a força, a alegria, o poder do Estado de Israel, e o mais importante, que traga de volta a minha Daniella”, disse Orly Gilboa, mãe de Daniella Gilboa, uma dessas cinco jovens soldadas sequestradas.

Este caso tem bastante repercussão em Israel principalmente depois que no final de maio houve a publicação de um vídeo em que elas são mostradas amarradas e feridas logo após terem sido capturadas pelo Hamas. Num trecho, um dos membros do grupo aponta para as jovens ensanguentadas e as descreve como “as que serão engravidadas”. O temor do estupro é permanente, principalmente após o relato de algumas das mulheres que foram libertadas durante o único período de cessar-fogo, no final de novembro do ano passado.

A estimativa é que 116 israelenses permaneçam sequestrados pelo Hamas em Gaza. Deste total, o Hamas mantém também os restos mortais de 42 reféns cujas mortes já foram confirmadas pelo Exército de Israel.

Solução política

O porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, Matthew Miller, em entrevista coletiva de imprensa, dissertou sobre as negociações a um cessar-fogo e libertação dos sequestrados israelenses. “A Casa Branca avalia que o Hamas não tem mais a capacidade de realizar um ataque da magnitude demonstrada em sete de outubro, mas continua a representar uma ameaça para Israel”.

Matthew Miller conclui que o fato justifica operações na Faixa de Gaza, mas faz uma ressalva. “O conflito israelo-palestino precisa de uma solução política”.

Miller apresenta posição identificada com o atual mandato de Joe Biden, candidato à reeleição. Caso Donald Trump vença as eleições em novembro, o quadro pode mudar.

O premiê Benjamin Netanyahu não aceita soberania do Hamas em Gaza, após a guerra. Cúpula palestina na China irá discutir possíveis cenários para o futuro na região.