Em visita técnica realizada no fim de novembro à região do Sertão do Moxotó, em Pernambuco, arqueólogos do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) identificaram mais um sítio arqueológico de arte rupestre no estado.
O Sítio Arqueológico da Pasta está na cidade de Manari (PE) e está em processo de cadastro pelo Instituto. Esse será o quinto sítio a ser cadastrado na região este ano.
Em maio, haviam sido identificados os sítios Pedra Letrada, Pingador da Carnaúba e Estivas, naquele mesmo município, e Imbe, na vizinha Ibimirim.
Os sítios arqueológicos identificados se caracterizam como de arte rupestre em abrigos sob rocha e com a presença de pinturas e gravuras, representando formas humanas e de animais, cenas de caça e formas geométricas.
As pinturas identificadas foram classificadas como pertencentes a duas tradições arqueológicas para registro s rupestres conhecidas no Nordeste brasileiro: Tradição Nordeste e Tradição Agreste.
Em arqueologia, uma tradição em arte rupestre se caracteriza pela recorrência de determinados tipos de grafismos e temas, permitindo assim a classificação das pinturas e a diferenciação de cada grupamento humano e suas técnicas de desenho.
O conhecimento sobre esses bens arqueológicos é inédito para o Iphan em Manari . Por essa razão, de acordo com o arqueólogo Allan Leonardo Silva, permite jogar luz sobre “como os grupos humanos originários viveram [na região], suas formas de sobrevivência, como eram suas relações com o meio ambiente e com o simbólico”, além de contribuir para pesquisas futuras. “Poderão ser feitas correlações com ocupações de outras áreas, como por exemplo o Vale do Catimbau, importante região com diversos sítios arqueológicos cadastrados”, complementou o pesquisador.
Dos cinco sítios arqueológicos identificados no Sertão do Moxotó e m 2023, somente o Sítio Arqueológico da Pasta ainda está em processo de cadastro. A realização da visita técnica pelo Iphan à região foi solicitada por ofício da Secretaria de Agricultura de Manari. Esse tipo de notificação é fundamental para que o Iphan possa cumprir seu papel institucional de registrar os bens arqueológicos nacionais.
“Existe uma vasta quantidade de sítios arqueológicos, em especial os de grafismo rupestre, como os identificados no m unicípio de Manari, no Estado de Pernambuco, que ainda não está na base de dados do Iphan. Por isso, é importante que todos aqueles que tenham conhecimento da existência desses bens entrem em contato para que possamos fazer o reconhecimento e registro. É através desse processo que passamos a fazer a gestão desses bens, isto é, destinar esforços para a sua preservação e difusão”, finalizou o arqueólogo.