Brasil

Previsão do tempo: onda de calor continua durante a semana no País

Na última semana, houve registros de temperaturas máximas acima de 36°C

Foto: Pixabay/Creative Commons
Alta temperatura e baixa umidade são um risco para a saúde

O calor extremo que afeta os estados brasileiros deve persistir na próxima semana. O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) emitiu um alerta de “grande perigo” para seis estados (Paraná, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, São Paulo, e Rio Grande do Sul) e o Distrito Federal —  que termina às 23h59 da quarta-feira (15). No entanto, conforme explica Andrea Ramos, meteorologista do Inmet, isso não significa que as altas temperaturas irão recuar.

As temperaturas nessas regiões permanecerão 5 graus Celsius acima da média. No norte do país, espera-se que a umidade fique abaixo de 20%. Segundo Ramos, será realizada uma nova avaliação na terça-feira (14) para determinar se a onda de calor permanecerá. Independente desse resultado, diz ela, deve-se esperar baixa umidade e altas temperaturas. Em Brasília, a máxima esperada é de 37ºC.

Na última semana, houve registros de temperaturas máximas acima de 36°C em boa parte do centro e norte do país. Registraram-se picos extremos de temperatura máxima superiores a 40°C em áreas das regiões Norte e Nordeste, além de Mato Grosso.

A semana se inicia mantendo os padrões de chuvas já observados, principalmente no Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Chuvas e tempestades ainda podem atingir o Sul, Sudeste e Centro-oeste em forma de pancadas fortes ou até mesmo queda de granizo, a partir de quarta-feira. No nordeste, no entanto, a possibilidade de chuva é baixa.

Cuidados especiais

As condições de alta temperatura e baixa umidade representam um risco significativo para a saúde, tornando fundamental manter-se bem hidratado. O Ministério da Saúde recomenda o uso de lençóis leves na cama, com roupas frescas e leves ao dormir, especialmente bebês e aqueles que estão acamados. É importante manter os ambientes úmidos usando umidificadores de ar, toalhas molhadas ou recipientes com água.

Evite estar diretamente sob a luz solar, especialmente durante o período entre 10h e 16h. Se precisar estar exposto ao sol, utilize protetor solar para proteger a pele dos raios ultravioleta  — e é recomendado o uso de  acessórios, como chapéus e óculos escuros. 

El Niño

Novembro marca o início da fase mais acentuada do fenômeno climático El Niño, que deve durar até janeiro, segundo a Organização Meteorológica Mundial, OMM

O especialista em clima da agência, Álvaro Silva, conversou com a ONU News, de Lisboa, e confirmou as previsões apontando 90% de probabilidade de que o evento climático como um todo só termine em abril de 2024. 

Ele afirma que o El Niño contribuirá para um aquecimento ainda maior do planeta no ano que vem, com possibilidade de novos recordes de temperatura global.

“O impacto do El Ninõ na temperatura global, historicamente, é ainda mais acentuado no ano seguinte ao do seu desenvolvimento. Pelo que, é de se esperar que em 2024 tenhamos um ano com uma temperatura global mais alta ainda que em 2023, pelo menos do que é possível antecipar se considerarmos outros eventos do passado”. 

Silva explica que nesse momento de pico, entre novembro e janeiro, é provável que haja um El Niño de forte intensidade, mas “a probabilidade de seja comparável a outros eventos de El Niño historicamente muito fortes, como o de 1997 e o de 2015-2016, é de apenas 35%”.

O climatologista ressalta que o impacto do evento climático é ainda mais grave devido ao aquecimento induzido pela emissão de gases poluentes na atmosfera.  

“Esse fenômeno natural ocorre num quadro de aumento da temperatura global devido ao acréscimo da concentração de gases com efeito de estufa com origem na atividade humana. E é com este contexto de fundo, com esta tendência crescente de aumento da temperatura global, que então este fenômeno natural do El Niño acontece e vai exacerbar a temperatura em muitas regiões do globo”. 

Em relação a desastres e eventos extremos que podem ocorrer nos próximos meses, Silva destacou chuvas fortes e inundações, secas intensas e calor extremo. 

Segundo ele, as “precipitações acima do normal” deverão atingir a África Oriental, as bacias dos rios Paraná e La Plata, na América do Sul, o sudeste da América do Norte e partes da Ásia Central e Oriental.

Já as chuvas abaixo da média ocorrerão em grande parte do norte da América do Sul, “prolongando a seca já existe nesta região”. A falta de chuvas também deve impactar grande parte da Austrália, Indonésia, Papua Nova Guiné, Filipinas e parte das ilhas do Oceano Pacífico. 

O climatologista ressaltou que em todos os continentes e em grande parte das regiões se prevê que as temperaturas sejam muito acima da média neste período de novembro a janeiro, incluindo a ocorrência de ondas de calor.

Ele destacou que as temperaturas serão provavelmente mais altas nas latitudes abaixo dos 40° norte e acima dos 30° graus sul, ou seja, as latitudes equatoriais e subtropicais a nível global.