Brasil

Guerra de Israel contra terroristas do Hamas causa impacto no Brasil

O número dos que acreditam que o Brasil vai melhorar até o final de 2023 caiu

A escalada do conflito entre Israel e o grupo terrorista Hamas está afetando o otimismo do brasileiro quanto ao futuro do país. A guerra no Oriente Médio é uma preocupação para 83% dos entrevistados pela pesquisa Radar Febraban, que creem em consequências prejudiciais para a economia nacional. Embora a expectativa positiva sobre o país continue em níveis elevados, o número dos que acreditam que o Brasil vai melhorar até o final de 2023 caiu de 59% em setembro para 56% em outubro.

Ao mesmo tempo, se o cenário internacional conturbado fez com que as expectativas sobre o futuro ficassem mais cautelosas, as avalições sobre o país apresentam estabilidade. A opinião de que o Brasil está melhor este ano do que em 2022 manteve-se em 48%. Já a avaliação de que o país está igual caiu 3 pontos (30%), e os que identificam piora oscilaram de 19% para 20%.

A queda na inflação tem influência na boa perspectiva da população sobre o país, pois a percepção sobre a evolução do aumento de preços vem caindo desde o início do ano e chegou ao menor percentual da série histórica (53%), recuando dois pontos em relação a setembro. Aqueles que apontam diminuição da inflação e dos preços passam pela primeira vez de um quinto (de 20% para 24%).

Realizada entre os dias 12 e 16 de outubro, com 2 mil pessoas nas cinco regiões do País, pelo Ipespe (Instituto de Pesquisas Sociais, Políticas e Econômicas) para a Febraban, esta edição do Radar Febraban mapeia as expectativas dos brasileiros sobre este ano, tanto em relação à vida pessoal, quanto em relação à política e à economia do país, e mensura como a população encara o programa Desenrola, a Reforma Tributária, os golpes e tentativas de golpes bancários. A pesquisa também apura as opiniões de cada uma das cinco regiões brasileiras.

A aprovação do Governo Lula recuou 2 pontos percentuais em outubro, mas ainda assim, chegou ao seu 10º mês com 53% de aprovação, sendo o segundo maior percentual da série histórica, pouco abaixo dos 55% do levantamento anterior. Os que desaprovam somam 40%, mesmo patamar de junho e 2 pontos acima dos dados de setembro.

“A guerra entre Israel e Hamas acontece em meio a notícias positivas e negativas sobre a economia. De um lado, Copom e Banco Central estimam o crescimento da renda disponível das famílias brasileiras e queda da inflação e de outro lado o IBGE registra recuo no varejo no terceiro trimestre e o Índice de Atividade Econômica do Banco Central indica recuo na atividade econômica entre julho e setembro”, aponta o sociólogo e cientista político Antonio Lavareda, presidente do Conselho Científico do Ipespe.

“Além da tragédia humanitária do conflito no Oriente Médio, soma-se a apreensão com o impacto de eventual escalada regional sobre a elevação do preço do petróleo. No Brasil isso poderia gerar um efeito dominó sobre o IPCA, o preço dos combustíveis, dos alimentos e de outros produtos, afetando diretamente o consumidor.”

Desenrola e endividamento

A pesquisa mostra que aumentou ainda mais o conhecimento sobre o Desenrola Brasil, programa de refinanciamento de dívidas do Governo Federal em parceria com os bancos, que passou de 70% em setembro para 75% em outubro. Também é majoritária a aprovação do programa: 81% aprovam a iniciativa.

Por outro lado, a maioria dos entrevistados (57%) desconhece a nova fase do programa e a plataforma online do Desenrola Brasil, que pressupõe um cadastro de nível prata ou ouro no portal gov.br. Ainda sobre a plataforma online, somam 42% os que declaram já terem acessado ou que têm interesse em acessar.

Neste cenário, com os possíveis impactos do Desenrola Brasil, a perspectiva de aumento do endividamento, que vinha em crescimento desde o início do ano, recuou três pontos entre setembro e outubro (de 25% para 22%). Inversamente, a expectativa da população de ficar menos endividada subiu de 38% para 41%.

No âmbito pessoal e familiar, a expectativa favorável em relação aos últimos meses de 2023 manteve-se em patamar elevado, voltando ao percentual de abril e junho (70%). A parcela que percebe melhoria de vida entre 2022 e 2023 oscilou de 45% para 46%, ao passo que subiu dois pontos a percepção de piora (de 18% para 20%). Os que não veem mudança caíram de 35% para 33%.

Projeções

Taxa de juros: a perspectiva de aumento, em linha descendente desde fevereiro, manteve-se em 45%; enquanto o percentual dos que acham que vai diminuir oscilou de 25% para 26%.

Inflação e custo de vida: subiu de 43% em setembro para 45% a projeção de aumento.

Desemprego: o receio de que o desemprego aumente é declarado por 36%, dois pontos a mais do que em setembro.

Poder de compra: acompanhando a projeção sobre a inflação e o desemprego, caiu de 40% para 38% a parcela que aposta em aumento do poder aquisitivo. Os que acham que não haverá alteração foram de 22% para 25%; e a parcela mais pessimista, que acredita na diminuição do poder de compra, oscilou de 34% para 33%.

Acesso ao crédito: 41% acreditam que vai aumentar, leve queda diante dos 42% de setembro. Oscilou de 29% para 30% a opinião de que vai continuar como está; e de 22% para 23% a crença de que vai diminuir.

Impostos: em meio à discussão sobre a Reforma Tributária, a expectativa de aumento oscilou de 53% para 54%.

Prioridades da população

No ranking de áreas prioritárias para a atuação do Governo Federal, Saúde e Emprego/Renda – com mais de um quarto das menções –, seguidos de Educação, continuam a ocupar os primeiros lugares.  Itens como Inflação e custo de vida, Fome e pobreza e Corrupção, que no final de 2022 alcançavam dois dígitos, apresentaram queda paulatina ao longo da série histórica, ao passo que Segurança – provavelmente também sob impacto do noticiário da guerra – cresceu, ocupando agora o 4º lugar.

Saúde: é mencionada como prioridade por 29% dos brasileiros (1ª menção), mantendo o percentual de setembro.

Emprego e Renda: oscilação de menos um ponto em relação a setembro, marcando agora 26%.

Educação: a citação a essa área oscila menos um ponto, de 15% para 14%.

Segurança: obtém 8% das menções, três pontos a mais que em setembro.

Inflação e Custo de Vida: com 7%, apresenta oscilação de menos um ponto em relação a setembro.

Fome e Pobreza: variação de mais um ponto, subindo de 6% para 7%.

Corrupção: apresenta estabilidade, com 4%, mesmo percentual de setembro.

Desejos dos brasileiros

Na hipótese de sobra no orçamento doméstico, os entrevistados mantêm os desejos já registrados nas pesquisas anteriores.  A maioria optaria por “comprar imóvel” (30%) ou “reformar casa” (20%); “aplicar em investimentos bancários” – poupança (22%) ou outros (25%). “Fazer cursos e melhorar a educação sua e da família” aparece em 5º lugar, com 18%. Ainda na casa dos dois dígitos aparecem “Viajar” (14%), “Fazer ou melhorar o plano de saúde” (10%) e “Comprar carro” (10%).

O conhecimento sobre a Reforma Tributária teve discreto aumento. Saiu de 42% em setembro para 45% em outubro a parcela que tomou conhecimento sobre a Reforma Tributária no que se refere à parte dos impostos sobre o consumo (PEC 45/19). Mas o desconhecimento ainda prevalece entre 55% dos entrevistados. Entre os que declaram ter conhecimento da Reforma, metade deles aprova (49%), e o restante se divide entre desaprovação (25%) ou baixa informação, sendo incapazes de emitir opinião a respeito (26%).