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Brasileira também foi morta pelos terroristas do Hamas em Israel

Mais de 260 pessoas foram executadas em festa com brasileiros

Foto: Instagram | Reprodução
Ranani Glazer, com a bandeira do Brasil

O gaúcho Ranani Nidejelski Glazer, de 24 anos, foi o primeiro brasileiro encontrado morto. O Exército de Israel foi até a casa do pai de Ranani, que mora em Israel, para confirmar a morte do brasileiro.

Mais de 260 pessoas foram executadas em uma festa que acontecia no deserto de Negev, perto de Re-im, no sul de Israel, a menos de 20 quilômetros da Faixa de Gaza.

O evento era uma edição local do Universo Paralello, criado em Goiás pela família do DJ Alok e realizado anualmente em uma praia da Bahia. Juarez Petrillo, pai e Alok, estava no local. Com o nome artístico de  DJ Swarup, havia sido contratado para se apresentar no o festival, organizado por uma empresa isralense, que pagou para usar o nome e o modelo do festival brasileiro.

Havia cerca de 3 mil jovens no local, um dos primeiros locais invadidos. .

Os terroristas cercaram os participantes, lançaram granadas e atiraram nos que tentavam escapar.

Ranani, que vivia em Tel Aviv com amigos e trabalhava como entregador, tinha cidadania israelense. Ele nasceu em Porto Alegre e prestou serviço militar em Israel, onde estava há 7 anos.

Junto com a namorada Rafaela Treistman e o amigo Rafael Zimerman ele conseguiu se esconder em um abrigo, que também foi atacado. 

"O bunker em que nos escondemos foi metralhado por integrantes do Hamas e depois jogaram gás para todo mundo morrer asfixiado", contou Zimerman, após ser encontrado por socorristas, ferido por estilhaços de granada. 

Rafaela também falou sobre os momentos de terror. “Eu não lembro direito das coisas. Sei que em uma hora ele estava comigo, estávamos em um canto, abraçados, e em outra hora ele não estava mais. Eu estava tão desorientada que perguntava para uma menina que estava do meu lado ‘Ranani, é você?’. E ela não respondia.”

O governo brasileiro solidarizou-se com a família, amigas e amigos de Ranani, e reiterou seu "absoluto repúdio a todos os atos de violência, sobretudo contra civis".

A brasileira Bruna Valeanu, que estava na festa, também foi encontrada morta pelo Exército de Israel. Ela se escondeu em uma área de mato, mas foi cercada pelos terroristas em caminhonetes, tanques e motos.. 

Bruna Valeanu, de 24 anos, nasceu no Rio de Janeiro e se mudou em 2015 para Israel, onde estudava Comunicação e Sociologia e Antropologia na Universidade de Tel Aviv. Ela foi instrutora de tiro das Forças de Defesa de Israel durante dois anos, entre 2018 e 2020.

“Minha neném virou uma estrelinha no universo”, escreveu uma das irmãs de Bruna, Florica Valeanu, no Facebook, na manhã desta terça-feira (10).

As brasileiras Karla Stelzer e Bruna Valeanu
Foto: Redes sociais | Reprodução

Outra brasileira, Karla Stelzer Mendes, está desaparecida

Karla Stelzer enviou um áudio para uma amiga, no início do ataque contando que estava fugindo do local. Segundo a mãe de Karla, Regina Stelzer, estava acompanhada do namorado, o israelense Gabriel Azulay, também desaparecido.

Há americanos, franceses, ucranianos, tailandeses e nepaleses entre os mortos e levados como reféns. Relatos extraoficiais afirmam haver cidadãos de 17 países entre os sequestrados pelo Hamas e levados para a Faixa de Gaza.

Carros destruídos pelo Hamas em festa promovida por brasileiros, próximo à Faixa de Gaza
Foto: Mídias sociais | Reprodução

Resgate dos brasileiros

O governo brasileiro estima retirar 900 brasileiros de terça-feira (10) até sábado (14) que estão em Israel e na Palestina, informou o comandante da Aeronáutica, Marcelo Damasceno.

“Estamos coordenando as listas com o Ministério das Relações Exteriores”, disse o comandante em entrevista nesta segunda-feira (9).

De acordo com o Itamaraty, a prioridade é a repatriação de quem mora no Brasil ou não tem passagem aérea de volta. Até o momento, 1,7 mil brasileiros manifestaram interesse em retornar ao Brasil, em razão do conflito entre Israel e o grupo Hamas iniciado no fim de semana. A maioria é de turista que está em Israel. Três brasileiros continuam desaparecidos.

"Face à incerteza quanto ao momento em que poderão ocorrer os voos de repatriação, o Ministério das Relações Exteriores reitera recomendação de que todos os nacionais que possuam passagens aéreas, ou que tenham condições de adquiri-las, embarquem em voos comerciais do aeroporto Ben-Gurion, que continua a operar", diz nota divulgada pelo Ministério das Relações Exteriores.

Foram reservadas seis aeronaves para a retirada dos brasileiros. O segundo avião da Força Aérea Brasileira (FAB) deixou a Base Aérea de Brasília nesta segunda-feira. O KC-30 decolou às 16h20 rumo à cidade de Roma, na Itália. De lá, ele seguirá para Tel Aviv, em Israel.

O primeiro, um Airbus A330-200 convertido em um KC-30 com capacidade para 230 passageiros, saiu do Brasil na tarde do domingo (8) e já está na capital italiana, devendo decolar em direção a Tel Aviv até esta terça-feira (10).

Nos últimos anos, as Forças Armadas realizaram quatro operações de repatriação, por ar e por terra, na Turquia, na Ucrânia, na China e na Bolívia, com cinco aeronaves e 30 viaturas, que resultaram no resgate de, aproximadamente, 6.600 pessoas, entre brasileiros e estrangeiros.

Avião da Força Aérea Brasileira que está à espera para o resgate de brasileiros
Foto: FAB

Evacuação

Em relação aos brasileiros que estão na Faixa de Gaza, região mais afetada pelo conflito, o governo prepara um plano de evacuação, coordenado pela Embaixada do Brasil no Cairo (Egito).

“O Escritório de Representação em Ramala segue em contato com os brasileiros na Faixa de Gaza e, tendo em conta a deterioração das condições securitárias na área, está implementando plano de evacuação desses nacionais da região, em coordenação com a Embaixada do Brasil no Cairo”, diz nota do ministério.

O Itamaraty estima que ao menos 30 brasileiros vivem na Faixa de Gaza e outros 60 em Ascalão e em localidades na zona de conflito. Já em Israel, a embaixada brasileira já tinha reunido, até este domingo, informações de cerca de 1 mil brasileiros hospedados em Tel Aviv e em Jerusalém interessados em voltar ao Brasil.