As obras do mestre artesão Rosalvo Santana, de Maragogipinho, e da Família Santos, que mantém o legado dos mestres/irmãos Armando, Cecílio e Cândido Santos (Tamba) estão expostas e comercializadas na Feira-Exposição Arte dos Mestres, aberta à visitação, com entrada gratuita, que encerra neste domingo (03/09), no Espaço State, na Vila Leopoldina, em São Paulo.
Nesta primeira edição do evento, as artesãs e artesãos baianos também participam de rodas de conversas “Encontro com os Mestres”, nas quais contam suas histórias e falam sobre suas técnicas de criação.
Em uma mostra inédita, a Feira-Exposição Arte dos Mestres reúne mais de 200 obras da arte popular brasileira. Além da Família Santos e Rosalvo Santana, a mostra conta com a participação de 20 mestres artesãs e artesãos, grupos e famílias de vários estados do país. A curadoria é de Josiane Masson e Marco Aurélio Pulchério.
O evento é realizado pela Artesol, organização sem fins lucrativos, que promove e protege os saberes e fazeres artesanais de tradição cultural. A Artesol atua como um centro de pesquisa, reflexão e de incidência para a formulação de políticas públicas, onde o saber artesanal esteja integrado à cultura e à economia.
As imagens sacras em argila do Rosalvo Santana se destacam entre os trabalhos artesanais exibidos na mostra e na feira. A obra do mestre artesão baiano se caracteriza pela complexidade de finíssimas dobras, redobras e pregueados dos mantos e vestes das imagens, produzindo um efeito de leveza exuberante. Residente em Maragogipinho, o maior polo oleiro da América Latina, Rosalvo se destaca com um trabalho que combina elementos do barroco e do rococó em representações únicas dos santos.
Para o mestre artesão, o barroco é suntuoso e belo, foge à regra do erudito e abre espaço para a imaginação. Já o rococó é marcado por um exagero das formas. Como não pinta suas obras, Rosalvo usa do exagero para dar movimento às suas peças e destacá-las de outras produções.
Na Família Santos, quase todos os seus membros sabem modelar o barro, mas é a mestra artesã Aletízia e o artesão, Florisvaldo, mulher e filho de Armando Santos, que seguem o legado da família com uma produção comercial. Mãe e filhos criam em barro esculturas figurativas de animais, como galinhas de angola, pombas, pássaros e a procissão da Boa Morte, cenas típicas de da cidade de Cachoeira e com temática religiosa. Dentro deste tema, o que mais chama a atenção é o “sincretismo” entre elementos do catolicismo e do candomblé, como a figura do Exu, fortemente associado à região do Recôncavo.
As peças originais de Tamba e Armando são muito raras e geralmente pouco acessíveis para um público. Estão presentes em coleções particulares e acervos de alguns museus, como Museu Afro Brasil Emanoel Araujo (SP), Museu Afro-Brasileiro – UFBA (BA) e Museu do Pontal (RJ).
A participação da Família Santos e de Rosalvo Santana no evento Arte dos Mestres tem, justamente, o objetivo de divulgar suas obras a um público mais amplo, reiterando o prestígio e o reconhecimento do trabalho destes enquanto expressão artística genuinamente brasileira.