A coletânea Bahia, 2 de julho: uma guerra pela Independência do Brasil, organizada por Maria das Graças de Andrade Leal, Virgínia Queiroz Barreto e Avanete Pereira Sousa, é uma parceria entre a Mwana Produções e a Editora da Universidade do Estado da Bahia (EDUNEB), com patrocínio da BAHIAGÁS e do Governo do Estado, através do Fazcultura, Secretaria de Cultura e Secretaria da Fazenda, e será lançada no formato de ebook no dia 26 de julho (quarta-feira), às 16h, no Auditório Caetano Veloso da Uneb – Campus I, na Rua Silveira Martins, 2555, Cabula, em Salvador.
A obra é composta por 14 textos inéditos de pesquisadoras e pesquisadores da Bahia, de outros estados do Brasil e Canadá, oriundos de estudos historiográficos sobre a Independência na Bahia, que teve seu marco no dia 2 de julho de 1823, a partir de aspectos da história social; cultural; econômica; política; religiosa; escravização; gênero; representações relativas a festividades comemorativas da Independência e a figuras como Maria Quitéria, Joana Angélica e Maria Felipa.
“Este livro é uma contribuição da Editora da UNEB para a ressignificação e disseminação da real história da Independência do Brasil, evidenciando nela o papel decisivo do povo baiano. Uma obra que impressiona pelo seu conteúdo e pela sua beleza estética. Concebida para tocar o coração dos brasileiros!”, destaca a diretora da Editora, Sandra Regina Soares.
Os conteúdos contemplam aspectos diversos, que afirmam a determinação e a coragem do povo baiano, dos negros, dos indígenas e das mulheres na luta pela libertação dos brasileiros da dominação dos colonizadores portugueses.
“Este livro é um espaço de reflexão historiográfica sobre a independência na Bahia, no cenário da independência do Brasil, cuja guerra foi concluída em 2 de julho de 1823, quando a marinha e o exército portugueses foram expulsos da Bahia e o exército libertador realiza a entrada triunfal em Salvador.
Distribuído em cinco partes, compostos por textos de historiadores e historiadoras, discute os contextos de transformações político-institucionais, econômicas, culturais, sociais, simbólicas - transcorridas ao longo da guerra de independência e ressignificadas pelas festividades representadas no cortejo do 2 de julho que, há 200 anos, valoriza o importante marco fundador da história baiana e nacional. Também, valoriza, através de obras literárias e imagéticas, a riqueza artística de autoras e autores baianos que produziram representações em torno da temática da independência”, explica uma das organizadoras da coletânea, Maria das Graças Leal.
Obra de Yacunã Tuxá
História e arte interligadas
A partir de um conceito de diagramação moderno e sofisticado, a equipe produziu um livro científico e artístico, propondo um diálogo entre os textos historiográficos e as artes de 15 artistas visuais, que ilustram as páginas de abertura de cada um dos 14 artigos escritos, além da capa do livro.
A edição tem curadoria artística de Marielson Carvalho e conta com ilustrações de artistas de diversos estilos e técnicas; pinturas, grafismos, fotografias, poesia, cordel, poema e crônica valorizam a diversidade e estética da nossa cultura, contemplando distintos aspectos que afirmam a bravura e a coragem do povo.
Sobre o processo curatorial, Marielson destaca que foi necessário pensar “um livro que articulasse arte e memória, com a produção de um material iconográfico e textual inédito sobre a Independência do Brasil na Bahia. Fizemos um diálogo possível com a tradição, mas reconfigurando modos de ver e ler o 2 de julho a partir de um posicionamento crítico sobre o que essa história potencializa em termos de uma representatividade negra, indígena, feminina, periférica, LGBTQIAPN+ nas artes visuais e na literatura baianas”.
Na coletânea estão presentes 15 artistas visuais: Almaques, Ani Ganzala, Artur Soar, Daniel Soto, Ezequiel Tuxá, Gilucci Augusto, Iyá Boaventura, Ludimila Lima, Miu Monteiro, Mônica Silveira, Prentice de Carvalho, Rebeca Silva, Samuca, Suzart e Yacunã Tuxá. Este grupo compõe um coletivo especial, com trabalhos exclusivamente criados em aquarela, acrílico, pintura em azulejos, desenho digital, linoleogravura, guache, fotografia etc., ilustrando cada texto escrito pelos pesquisadores, sem perder a liberdade criativa que sua concepção artística poderia fazer do tema abordado.
Estão presentes também Antônio Barreto, Cleidiana Ramos, Gildeci Leite e Rita Santana que criaram, a partir de suas experiências no cordel, na prosa, na poesia, na pesquisa antropológica, na crítica literária e na linguagem jornalística, um bloco de narrativas e poéticas marcado pelo fantástico e pelo sagrado, pelos conflitos e pela liberdade de culto, pelo protagonismo feminino e pela resistência cabocla.
A publicação desta coletânea tem o propósito de colocar em evidência a participação fundamental da Bahia e dos baianos no processo de independência do Brasil da dominação da Coroa Portuguesa. Essa participação teve como marco inicial, a Conspiração dos Alfaiates, também denominada de Conjuração Baiana ou de Revolta dos Búzios, ocorrida em 1798, inspirada pelos ideais liberais das revoluções nas monarquias europeias.
Com a Revolução Liberal do Porto, de 1820, produziram-se desdobramentos acirrados e com sangrentas batalhas, por terra e mar, cujo desfecho se deu em 2 de julho de 1823, quando o povo baiano garantiu a inserção daquela província na unidade nacional brasileira.
Comemorar, com esta obra, esse momento histórico, o qual evidencia que a independência do Brasil não começou nem terminou com o grito no Morro do Ipiranga, é mais uma contribuição importante da Bahia na continuidade da luta dos brasileiros pela soberania nacional e pelo estado de direitos e de igualdade social.
No dia 26 de julho acontecerá o lançamento da versão e-book da coletânea, com participações artísticas da cantora Cláudia Sisan com o Coral Universitário UNEB, cantando o Hino "Dois de Julho"; e de Antônio Barreto, recitando o cordel "200 anos da Independência do Brasil".
O projeto continua em busca de captação complementar de recursos, através do Programa Fazcultura, para viabilizar a impressão de 1.000 unidades do livro, que está com 560 páginas.