A proposta do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para a paz na Ucrânia não tem "viabilidade", afirmou o ex-embaixador do Brasil nos Estados Unidos Rubens Barbosa, em entrevista à Ansa. 

"Essa possibilidade de o Brasil ser mediador na Ucrânia nunca existiu. Lula tem esse plano de paz, mas o Brasil não tem peso político para convencer todos os players envolvidos: nem Ucrânia, nem Rússia, nem EUA, nem a Otan estão querendo interromper essa guerra. Isso é uma constatação de fato", explicou.

O mandatário brasileiro defende a criação de um "clube" de países para facilitar a paz, tema sobre o qual falou na sexta-feira (26) com seu homólogo russo, Vladimir Putin.

No fim de semana anterior, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, havia deixado Lula aguardando por uma reunião marcada em Hiroshima, no Japão, no âmbito da Cúpula do G7. Segundo Barbosa, essa atitude de Zelensky foi uma "mensagem" para Lula, que não passaria uma imagem de "neutralidade" entre Moscou e Kiev.

"Lula não quis nem se levantar para saudar Zelensky na reunião do G7", lembrou o diplomata, que foi embaixador nos Estados Unidos entre 1999 e 2004. Por fim, Barbosa fez um balanço das viagens do representante de Lula, o ex-chanceler Celso Amorim, para Rússia e Ucrânia.

"Enviar o ministro Amorim a Kiev e Moscou é coerente com a política de equidistância proposta pelo governo. O problema é que o clima não é propício para a proposta do Brasil. Ninguém está interessado em paz agora.", disse o embaixador.