Cinema / Televisão

Me indica um filme leve. Algo para relaxar...

Bruno Passos atende a pedidos em sua resenha

Foto: Divulgação
Pequena Miss Sunshine

“Me indica um filme leve. Algo para relaxar.” Essa é o pedido de indicação que eu mais ouço: “Um filme tranquilo, a vida já é tensa, trabalho a semana toda, quero algo para descansar o cérebro”. Tem muitas armadilhas nesse tal “filme leve”, ele pode ser confundido com um filme “bobo” ou até despretensioso. Mas eu tenho uma definição sobre eles, uma categoria especial onde, inclusive, ficam alguns dos meus filmes preferidos. A leveza, para minha percepção, vem muito da fotografia do filme, que normalmente vem com tons pastéis e iluminados e, claro, pelo humor, que precisa estar presente mesmo quando discutidos temas mais sérios ou tensos.

Então, estou quase levando o conceito de filmes leves para a “dramédia”, que são filmes dramáticos, com discussões e reflexões sérias, mas abordados de forma engraçada e espirituosa. Então, podemos sim, relaxar no sofá, sem a palpitação de um suspense ou o peso de um filme sobre guerra, mas, ainda assim, refletir sobre a vida e o mundo. Então, uma vez definido o conceito, vamos às indicações.

“Pequena Miss Sunshine” (disponível no Star Plus). Filme bem “iluminado”? Confere! Boas reflexões? Confere! Drama familiar? Confere! Abordagem bem-humorada? Confere duplamente! Esse exemplo é um dos que eu mais gosto, justamente pelo equilíbrio entre drama e humor. Uma família se une para atravessar o país e levar a pequena Olive (Abigail Breslin) para o concurso de moda infantil Pequena Miss Sunshine. Um “road movie” repleto de cenas engraçadas com um roteiro afiado e um elenco fortíssimo (Paul Dano, Toni Collette, Alan Arkin, Greg Kinnear e o ator que para mim praticamente representa esse tipo de filme: Steve Carrel).

“Sideways – Entre umas e Outras” (Disponível no Star Plus). Esse aqui merece um texto só para ele. Mais um “road movie” no qual dois amigos viajam para conhecer os vinhedos da Califórnia e comemorar a despedida de solteiro de um deles. Miles (Paul Giamatti) e Jack (Thomas Haden Church) vivenciam essa experiência transformadora enquanto nos apresentam reflexões sobre relacionamentos, amizade, masculinidade, sucesso, romance... É uma obra praticamente sensorial. A trilha sonora é um jazz muito envolvente, acompanhando as comidas servidas nos restaurantes e, principalmente, o personagem mais carismático da história: O Vinho, que serve de metáfora, propósito e facilitador dessa jornada.

“Um Grande Garoto” (Disponível para locação). Will (Hugh Grant) é um playboy de trinta e muitos anos, mulherengo que não trabalha (vive de herança) e leva uma vida, para ele, perfeita. Até que conhece Marcus (o então ator mirim Nicholas Hoult) e começa a questionar muitos dos vazios que ele nem sabia que tinha. Muitos temas espinhosos são tratados aqui: Depressão, bullying, relacionamentos, proposito de vida... tudo com muito humor e cafajestice.

“Sete Dias Sem Fim” (Disponível no HBO Max). Após a morte do pai, uma família judia celebra uma cerimônia religiosa chamada Shivah, onde passam uma semana inteira juntos, mãe e filhos. Ou seja, um barril de pólvora para uma família desajustada passar a limpo diversas tretas do passado e outras recentes. O destaque vai para Jason Bateman e Tina Fey, mais duas cartas marcadas nesse tipo de filme, que exigem atores com talento para a comédia e para o drama.

“Melinda e Melinda” (Disponível no Star Plus). Essa lista poderia ter sido toda feita com filmes de Woody Allen, já que ele é o mestre em fazer comédias inteligentes e que discutem temas mais profundos, mas aqui escolhi esse que resume o centro da questão: a vida é cômica ou trágica?  Duas narrativas paralelas vão se desenrolando para explicar.

E, por fim, a produção que me motivou a escrever esse texto. “Já Era Hora” (Disponível na Netflix). Nessa simpaticíssima comédia romântica italiana, vemos uma fórmula até já muito batida (a própria Netflix tem mais dois filmes com a mesma premissa): Um personagem viaja no tempo, ou não vê o tempo passar, ou repete o mesmo dia... não importa. O que importa é o que o roteiro faz com isso e aqui o tema é usado de forma emocionante e agradável. Vale a pena para uma tarde tranquila e relaxante.