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Cordão da Bola Preta arrasta uma multidão no centro do Rio

O ânimo dos foliões este ano chegou com um toque de saudade

Foto: Tomaz Silva | Agência Brasil
A passagem de gerações entre os foliões mantêm o bloco como um dos favoritos do carnaval

Passa ano, entra ano e o Cordão da Bola Preta, o mais antigo bloco carnavalesco do Rio de Janeiro, continua concentrando multidões em apresentações tradicionais no sábado de carnaval.

Em 2023 faz seu 103º desfile e nesse sábado (18 de fevereiro) arrastou muita gente que se diverte com alegria, na capital fluminense. A estimativa é que o bloco concentre 1 milhão de pessoas.

O ânimo dos foliões este ano chegou com um toque de saudade e muita vontade de compensar os dois anos em que, por causa da pandemia, ficaram impedidos de se divertir naquele espaço de descontração.

A irreverência é um destaque nas fantasias, que embora sejam distintas, boa parte, têm um traço em comum: as cores branca e preta, que são as do bloco. Com o calor a preferência também é por roupas mais leves.

A concentração dos foliões começou cedo, antes mesmo do horário marcado para o desfile, no centro do Rio. O início estava marcado às 9h mas houve atraso de 20 minutos.

O trajeto foi o mesmo definido pela prefeitura para todos os Megablocos do carnaval carioca: da Rua Primeiro de Março até a Avenida Presidente Antônio Carlos. O policiamento foi reforçado na região pela Polícia Militar e apoio da Guarda Municipal, inclusive com o uso de aparelhos de detector de metais. Os foliões se espalharam não só pelas ruas do circuito como também nas transversais.

O presidente do bloco, Pedro Ernesto Marinho, disse que “o desfile é a mãe de toda a existência do Bola Preta. Se a gente fizer um grande desfile a gente está caminhando com o Bola Preta. O desfile é o maior acontecimento social da vida do Bola Preta. Não existe outro acontecimento tão grande quanto o desfile. Nada é mais importante que o desfile. É a marca do Bola Preta desde a fundação”, disse o presidente.

A passagem de gerações entre os foliões é um dos fatores que mantêm o bloco como um dos favoritos do carnaval. Para Pedro Ernesto, a explicação é o comprometimento do Bola com o carnaval tradicional. Ele lembrou que o bloco é último remanescente das entidades de carnaval daquela ocasião, porque nasceu na segunda década do século XX. Na época existiam instituições com o porte e até maior do que o Bola Preta. Só que todas pereceram ao longo do tempo por problemas econômicos e o Bola continuou firme e forte apegado às suas origens da tradição do carnaval”, contou.

Segundo o presidente, o objetivo maior é preservar a música tradicional do carnaval, o que faz com sua famosa banda, que entre os instrumentos têm a marca de metais. “Foi isso que fez o Bola Preta atravessar os seus 104 anos. O Bola Preta foi fundado em 31 de dezembro de 1918 e já em fevereiro de 19 fez o primeiro desfile que sempre esteve um ano à frente do seu aniversário. Quando fez 100 anos já era o 101º desfile. Só que com a paralisação dos desfiles com a pandemia, apesar de gente ter feito em dezembro 104 anos este desfile é o de número 103”, disse ele.

Entre essas músicas uma reforça a marca do bloco e os foliões não cansam de cantar. É a marcha Quem não chora, não mama, de autoria de Vicente Paiva e Nélson Barbosa. “Quem não chora não mama! Segura, meu bem, a chupeta. Lugar quente é na cama. Ou então no Bola Preta”, dizem os versos mais repetidos no desfile.