O aumento da pobreza e da inflação na Argentina se deve "à má administração e às más políticas", analisou o papa Francisco nesta quarta-feira (25 de janeiro), indo no sentido contrário do que disse o presidente Lula na segunda-feira (23), em Buenos Aires.
"A Argentina termina o ano em uma situação privilegiada, na economia e na política", afirmou Lula, diante do presidente argentino, Alberto Fernandéz, durante visita à Casa Rosada, sede do Poder Executivo, em Buenos Aires.
A inflação argentina chegou ao final de 2022 registrando 94,8%. "Impressionante", espantou-se o papa, em entrevista à agência de notícias Associated Press.
Alberto Hernández atribui a alta dos preços (quase 300% desde que chegou ao poder, há 3 anos) à atuação dos "diabos".
A pobreza na Argentina, país que enfrenta uma taxa básica de juros próxima dos 80% (a maior do mundo), também deixou o chefe da Igreja escandalizado. "Em 1955, quando terminei minha escola secundária, o nível de pobreza era de 5% e hoje está em 52%", disse o papa Francisco.
A moeda, no país, está derretendo. Em 2019, R$ 1 comprava 14,9 pesos. Agora, são quase 37 e as reservas líquidas em dólares mal passam dos US$ 2,1 bilhões, de acordo com a empresa de consultoria Equilibra (as brasileiras somam US$ 346,4 bilhões, segundo o Banco Central do Brasil).
O FMI-Fundo Monetário Internacional enxerga "riscos potencialmente altos" de um calote argentino e o economista-chefe do FMI, Pierre-Olivier Gourinchas, disse, ao jornal La Nación que a situação econômica da Argentina é “muito preocupante”. O país está praticamente sem acesso ao capital internacional e deve mais de US$ 40 bilhões ao FMI.