O Museu de Arte da Bahia abriu seu Salão Principal para mostrar ao público recortes do seu acervo de obras de arte que remontam aos séculos XVII a XX reunidos em uma importante exposição que reconstitui o "modus vivendi" da aristocracia baiana do passado. O MAB é o mais antigo e um dos principais equipamentos culturais do Estado, foi criado em 23 de julho de 1918 e é reconhecidamente, o guardião das marcas que remetem à história e à identidade da Bahia, ao tempo em que dialoga com as novas abordagens culturais presentes na sociedade.
A diretora do Museu de Arte da Bahia, museóloga Ana Liberato, avalia que o MAB possui o maior acervo museológico do Estado da Bahia, incluindo a mais significativa coleção da Escola Baiana de Pintura; peças de mobiliário, de imaginária, porcelanas, cristais, prataria, postais, mapas, numismática, arte popular, artefatos indígenas e religiosidade afro-brasileira. O acervo, inicialmente, foi constituído pelas Coleções Jonathas Abbott e Góes Calmon e enriquecido ao longo do tempo, com novas aquisições e doações, totalizando atualmente cerca de 15.000 peças.
Nesta exposição - diz Liberato, "estamos apresentando uma parte do nosso acervo e para tanto, dividimos o espaço expositivo entre a coleção de Arte Sacra Cristã, ambientações através das coleções de Arte Decorativa e da Pinacoteca da Escola Baiana de Pintura.
A coleção de imagens religiosas é constituída de peças produzidas entre os séculos XVII e XIX as quais, em sua maioria, foram confeccionadas por santeiros anônimos ou atribuídas a santeiros conhecidos como Manuel Inácio da Costa (1763-1857). São trabalhos de cedro ou barro cozido, de diferentes dimensões, feitos para oratórios particulares, capelas de engenhos ou solares."
Ana Liberato cita que "no conjunto das artes decorativas o museu conta com um rico e variado conjunto de móveis como camas, cadeiras, mesas e arcas, cujos estilos vão do barroco baiano do século XVIII - Dom João V e Dom José I, ao neoclássico do século XIX - Dom João VI e Império Brasileiro, originários de antigas residências, solares e instituições religiosas e públicas.
O MAB possui ainda um grande acervo de cerâmica, destacando-se as porcelanas chinesas e europeias, comercializadas pelas Companhias das Índias Ocidentais desde o século XVI, as quais eram utilizadas no Brasil, especialmente na Bahia. Destaca-se, também, o conjunto de “louça histórica” que pertenceu a vários representantes da aristocracia brasileira.
A Escola Baiana de Pintura
Mas é a coleção da Escola Baiana de Pintura que esta exposição se destaca, por telas dos 15 principais artistas provenientes da Escola Baiana de Pintura fundada, na segunda metade do século XIX, por José Joaquim da Rocha, que é considerado o maior pintor baiano dos tempos coloniais. Além de fundador, foi responsável pela formação de vários discípulos, com suas obras de temas religiosos e mitológicos, tais como: Teófilo de Jesus, considerado seu melhor discípulo e continuador, Franco Velasco, José Rodrigues Nunes, Cunha Couto.
Com a chegada a Salvador do pintor espanhol Miguel Navarro y Cañizares, em 1876, fundou a Escola de Belas Artes da Bahia, assim novas temáticas foram introduzidas. Quando este começou a lecionar desenho e pintura no Liceu de Artes e Ofícios, tendo como discípulos: Manuel Lopes Rodrigues e Manuel Raimundo Querino. Em 1877, Navarro y Cañizares, em parceria com João Francisco Lopes Rodrigues, fundou a Academia que tempos depois se tornou a Escola de Belas Artes da Bahia, onde se formaram os principais pintores da Bahia: Manoel Lopes Rodrigues, Presciliano Silva, Alberto Valença, Mendonça Filho, Oseas Santos, Antônio Olavo Batista e Robespierre de Farias.
A mostra fica em cartaz até final abril, com visitação de terça a sexta, das 13h às 18h, sábados, domingos e feriados, das 13h às 17h.
A entrada é franca e é obrigatório a apresentação do comprovante de vacinação atualizado e uso facultativo da máscara.
O Museu de Arte da Bahia é administrado pelo Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural - IPAC, autarquia da SecultBa.