Janja Lula da Silva subiu a rampa do Congresso Nacional neste domingo (1º) ao lado do novo presidente do Brasil. Para a ocasião, a primeira-dama escolheu um terno da estilista gaúcha Helô Rocha, que também foi responsável pelo icônico vestido do casamento com Lula. O conjunto composto por jaqueta, colete e calça pantalona é de tingimento natural e foi bordado por artistas de Timbaúba, município da Zona da Mata pernambucana, valorizando também as artesãs brasileiras.
“Ela apresentou uma elegância tradicional, mas desconstruída”, analisa a consultora de moda e estilo Camile Stefano. Segundo a profissional, o terninho e a cor clara remetem à civilidade exigida pelo evento, mas também à mensagem de empoderamento feminino presente nos posicionamentos da primeira-dama. O corte moderno e os bordados elaborados trazem modernidade, carisma e descontração à imagem. Além disso, há o significado por trás da escolha da designer gaúcha.
Não é a primeira vez que Janja prioriza estilistas brasileiros em momentos de grande exposição. Em novembro, logo após a divulgação do resultado do segundo turno, a socióloga usou uma camisa da Misci para sua primeira entrevista como primeira-dama, no Fantástico. Apesar das críticas recebidas devido ao valor da roupa, de R? 2.580,00, a mensagem transmitida por ela foi poderosa: além da própria identidade da marca falar sobre a miscigenação nacional -- daí o nome Misci --, segundo o designer criativo, Airon Martin, a peça é um resgate de símbolos e matérias-primas do Brasil.
Fotos : reprodução imagem TV Globo
Uma mensagem destinada à cultura e à representação nacional também estava presente no vestido de noiva da primeira-dama, usado em maio de 2022. O modelo de Helô Rocha foi feito em parceria com seis bordadeiras do Seridó, interior do Rio Grande do Norte. Cada um dos bordados, feitos artesanalmente em máquinas de pedal, contava uma história do sertão nordestino.
Janja antes e depois da campanha
Mas não é de hoje que Janja conta histórias através das roupas. Durante sua carreira pública e política, era normal ver a socióloga vestindo camisetas com símbolos de protestos e causas defendidas por ela. Outro ponto comum observado em seu visual é a preferência pelo conforto. “Na militância é compreensível priorizar looks confortáveis, pois se passa muito tempo em pé ou em caminhadas”, explica Camile. “Mas existe também o fator da imagem. O tênis e camiseta passam a ideia de uma pessoa próxima à população. As pessoas se identificam, se sentem representadas”, analisa.
Durante o período eleitoral, Janja Lula da Silva manteve grande parte de suas características de estilo. Ela era vista em cima de palanques e em eventos oficiais do Partido dos Trabalhadores (PT) - ao qual é filiada desde 1983 - com combinações leves e despojadas, sempre priorizando a calça jeans e os sapatos baixos.
Após a eleição, a socióloga acompanhou o presidente à COP 27, no Egito. Segundo a análise da especialista em imagem, Janja manteve o conforto, porém optou por escolhas mais elegantes, já se apresentando como primeira-dama. Durante o evento, ela preferiu a discrição, com combinações neutras. “Em um momento em que estamos vendo o pai?s dividido politicamente, trabalhar cores mais fortes poderia ser um erro. Até mesmo a armação dos óculos mudou. Durante a campanha era preta e agora é nude, deixando a imagem mais leve”, comenta a stylist.
É impossível dizer com certeza como a primeira-dama do Brasil irá se vestir e se posicionar nos próximos quatro anos. Mas Camile aposta que muitas das características observadas na história política de Janja a acompanharão no exercício da função. “Acredito que ela tera? essa elega?ncia simples: a formalidade que a posic?a?o exige, mas transmitindo simplicidade e buscando sempre uma imagem acessi?vel e de identificação com as pessoas”, pressupõe.