Artes Visuais

Centro Cultural Correios RJ coloca em cartaz duas mostras

As exposições Passagem, de Liliane Braga, e O Amargo do Açúcar, de Roulien Boechat

Foto: Divulgação
O Amargo do Açúcar

As exposições "Passagem", de Liliane Braga, e "O Amargo do Açúcar", de Roulien Boechat, podem ser visitadas nas galerias A, I e II, segundo andar,  no Centro Cultural Correios RJ, onde os visitantes podem transitar entre universos diversos e experiências marcantes, de dois artistas contemporâneos, que expõem suas vivências de forma bem clara e emocionante.

A artista visual Liliane Braga apresenta a exposição "Passagem", mostra de arte contemporânea, que traz o “lugar vivido” durante o período da pandemia, nascido da idéia de viver junto à natureza e ao atelier,  permitindo ao observador sentir essa transformação do espaço geográfico quando investido de afetos e construído pelas experiências - tanto físicas, mentais, como sensoriais,  através de imagens, monotipias em papel algodão e uma montagem de barro, folhas e gravetos no chão. 

Segundo Carlos Bertão, curador da mostra, "em Passagem, se apresenta esse lugar vivido por Liliane durante um período de muita dor e introspecção, onde ela testemunhou a transformação do espaço geográfico, quando investido de afetos e construído pelas experiências, tanto física, mental, como sensorial - “O lugar numa perspectiva experiencial” - nas palavras de Yi-Fu Tuan, um renomado geógrafo sino-americano. Suas obras são referências das caminhadas, como prática diária do exercício de um reconhecimento da paisagem local, com a observação da fauna e da flora, o mapeamento de trilhas, caminhos, rastros, vestígios, tudo registrado como um inventário fotográfico do seu entorno. Ao trazer suas experiências como parte da paisagem, PASSAGEM mostra a natureza como vida e a vida como arte. Experimente, olhe, ouça e sinta aqui os vestígios dessa passagem viva." 

A exposição pode ser visitada na Galeria A do segundo andar do Centro Cultural Correios RJ, com curadoria de Carlos Bertão, design expográfico e iluminação de Alê Teixeira, produção da EntreArte Consultoria e edição sonora de Rubens Takamine, até 28 de janeiro de 2023.

Roulien Boechat apresenta a exposição "O Amargo do Açúcar", onde traz  personagens dos cabarés e bares luxuosos do Recôncavo Baiano dos senhores de engenho, pintados pelo artista no escuro, utilizando a luminotécnica.

Com realização da EntreArte, a mostra traz obras do artista que, além de artista plástico autodidata, é fotógrafo, historiador, com especialização em História do Brasil e da Arte, e designer de interiores. Suas obras retratam as personagens dos cabarés e bares luxuosos do Recôncavo Baiano, oriundas das memórias de sua avó, das histórias de Jorge Amado e de Gilberto Freyre, e dos comerciantes de escravos, que ganharam vida própria nas pinturas sobre lona, nas quais utiliza uma técnica mista, como betume, textura e tinta à base de água.

Uma das técnicas que Roulien aprendeu e foi desenvolvendo ao longo dos anos, educando sua visão, é pintar praticamente na penumbra, ou seja, quase no escuro, com uma luz amarela sempre de onde quer que venha a luz refletida. Por causa da faculdade de design, ele fez uma especialização em luminotécnica e foi estudando as cores quentes e frias. Essa técnica muda a percepção de quem está vendo, causa a sensação de que realmente está projetando um ambiente para a personagem.

A inspiração para essa exposição veio quando Roulien fez uma pesquisa de campo e se interessou pelas leituras de Jorge Amado ('No País do Carnaval', entre outros) e Gilberto Freyre ('Casa Grande e Senzala'). Sua avó era baiana, veio para o Rio carregando dois filhos, um deles seu pai, juntando as histórias que costumava ouvir dos dois, não só do cotidiano do Recôncavo Baiano, como de pessoas reais. Muitas amigas de sua avó eram brancas, e contavam que suas mães e avós vinham de Portugal, trazidas por comerciantes de escravos. No mesmo navio vinham órfãs portuguesas, comercializadas com os escravos, apesar de brancas, mas que viviam em orfanatos e vinham com o intuito de 'servir' ao senhor de engenho.

Essas meninas mal alcançavam a maioridade e já frequentavam os mais luxuosos lugares, como acompanhantes, pois para o homem branco e dono de terras, eram bonitas e magras, ao contrário de suas esposas, donas de casa. Muitas vezes vinham jovens garotos, também órfãos, com características femininas (como encomendado) e se passavam por meninas, todos vivendo nos cabarés e bares luxuosos. Ouvir essas histórias de sua avó inspirou muito o artista a escrever inclusive um livro, a ser publicado em breve, onde o prólogo será essa exposição, apresentando os personagens das pinturas, que servirão de ilustração.

A exposição pode ser visitada nas Galerias I e II do segundo andar, no Centro Cultural Correios RJ,  com curadoria de Carlos Bertão, design expográfico e iluminação de Alê Teixeira e produção da EntreArte Consultoria, até 28 de janeiro de 2023.

 

Exposição: "O Amargo do Açúcar"
Artista: Roulien Boechat
Exposição: "Passagem"

Artista: Liliane Braga
Curadoria: Carlos Bertão @cbertao
Design expográfico e iluminação: Alê Teixeira @aleartale
Produção: EntreArte Consultoria @entrearteconsultoria