Filmes experimentais de curta duração serão exibidos na 7ª edição da Mostra Audiovisual Cinema e Sal, com o tema “Mar, Natureza, Juventude e Comunidade”, nos dias 9 e 10 de dezembro, a partir das 18h30, ao ar livre na Praia do Forte de Itaparica (Centro) e na Orla de Amoreiras.
As obras são resultado de uma série de oficinas realizadas dentro do projeto “Cinema e Sal - Rede Audiovisual” que é produzido pela Camboa Audiovisual, com apoio financeiro do Fundo de Cultura do Estado da Bahia e apoio da Associação Ilha das Crianças (Amoreiras) e da Prefeitura de Itaparica. A Mostra, que conta também com outros curtas convidados para sua curadoria. Todas as atividades do projeto são gratuitas.
O Coletivo Cinema e Sal que já esteve em três ilhas do arquipélago de Cairu, agora chega na ilha de Itaparica, coração da Baía de Todos os Santos, estimulando o audiovisual enquanto ferramenta para as juventudes criarem suas próprias narrativas e fortalecer suas identidades e territórios. A iniciativa tem como principais âncoras: oficinas de audiovisual, produção de curtas e mostras audiovisuais.
"Falar sobre o Cinema e Sal é falar sobre um pequeno recorte do Cinema Comunitário latino-americano, sobre um audiovisual ambiental, sobre a cultura do mar. Um projeto que dialoga com as práticas de educação e cinema, educomunicação, audiovisual participativo, cinema comunitário e vai descobrindo suas práticas e desafios na criação coletiva e na beleza do encontro”, destaca a idealizadora e diretora do Cinema e Sal, Lara Beck.
A exibição dos filmes reúne todos os envolvidos e a comunidade. “Além das oficinas, a proposta de formação de plateia é a “cereja” do coletivo porque faz os olhares curiosos dos alunos encheram-se de brilho e orgulho ao testemunhar seus filmes sendo exibidos em uma grande tela de cinema para seus familiares e suas comunidades nas mostras ao ar livre, sempre que possível, próximas ao mar”, destaca a coordenadora de produção, Irá Santos.
O Cinema e Sal faz parte da Rede de Cinema Comunitário da América Latina e os filmes do projeto já participaram de mais 20 festivais e encontros de Cinema Comunitário do Brasil e do Mundo, como 13ª edição do “FICI – Festival Internacional de Cinema Infantil”, “Cine Latino de Toulouse e Festival Internacional de Cinema Infantil de Chicago”, sendo Premiado no “Festival Nueva Mirada para infância e Juventude” (Buenos Aires 2015) com a melhor produção de criação coletiva.
Oficinas
O Coletivo Cinema e Sal continua navegando e conectando as juventudes através das águas e do potencial transformador do cinema. Nessa nova etapa, em Itaparica, duas oficinas ocorrem paralelamente até o início de dezembro, uma na Sede no município de Itaparica e outra em Amoreiras.
As oficinas propõem experiências de participação comunitária, educomunicação, colheita de saberes, cartografia afetiva, construção de histórias, filmagem de curtas, edição e difusão, culminando com a realização audiovisual dos quatro curtas documentários e Mostras de Cinema na Ilha.
"Esta edição tem um contexto específico: pós pandemia - os jovens estão sedentos por espaços de diálogo, encontro e conhecimento. E o cinema comunitário é essa janela de escuta do sujeito e da vida. Especialmente as juventudes de Itaparica me encantam pelo conhecimento que tem sobre seu próprio território, pela história do Brasil e pelo olhar descolonizado, que reivindica a própria cultura. O cinema comunitário deveria ser uma política pública, para seguir ouvindo e contando as histórias das juventudes dos territórios pesqueiros de todo o Brasil", revela a coordenadora de educação, Natalie Lima Hornos.
Por que fazer o Cinema e Sal?
Ao longo da história, o audiovisual e meios de comunicação, em sua maioria, se construíram segundo a lógica industrial hegemônica e não como uma ferramenta de expressão dos povos. Em suas diferentes plataformas, as histórias ou notícias “das telas” costumam privilegiar narrativas construídas pela classe dominante, reproduzindo seus padrões estéticos, culturais e sociais. Diante desse panorama, as comunidades, povos originários ou periferias vivem uma cruel contradição: em um mundo cada vez mais imagético, se tornam cada dia mais invisíveis.
O Cinema e Sal através da prática do Cinema comunitário marca presença nessa luta: contribuir para que o audiovisual e as mídias se desloquem de um lugar colonizador e possam se transformar em uma ferramenta de emancipação. É também um instrumento na luta contra a lacuna existente na educação infanto-juvenil lúdica, voltada ao estímulo à imaginação e criatividade. O Cinema e Sal precisa continuar navegando para construir junto às juventudes uma prática na qual, a própria comunidade se apropria de ferramentas audiovisuais para auto representar-se e dar visibilidade às suas realidades em modo de produção horizontal.
Lara Beck – Idealizadora do Cinema e Sal
Lara Beck Belov é diretora, roteirista, montadora e educadora audiovisual. Entre seus trabalhos se destacam a direção e roteiro do longa “O Amor dentro da câmera”, (Prêmio de Melhor Longa no 25º FAM Mercosul e Menção de Melhor Longa 22º Bafici, atualmente em exibição no Canal Brasil). Ela também é idealizadora e diretora do “Cinema e Sal-Rede Audiovisual” com 12 curtas realizados e exibidos em mais 10 países. Atua também como educadora audiovisual convidada em diversos projetos de cinema comunitário latino-americanos como Cine en Movimiento (Argentina) e Ojo Semilla (Equador). Atualmente desenvolve a nova etapa do Cinema e Sal na ilha de Itaparica e dirige o documentário “Onde a onda quebra", em fase de produção.
Histórico - Cinema e Sal
Nos últimos sete anos, o Cinema e Sal realizou seis Mostras Audiovisuais Itinerantes e seis oficinas de documentários para crianças e adolescentes, nas quais foram produzidos doze curtas coletivos, sempre guiados pelo olhar e escuta dos jovens e sua relação afetiva com a natureza e a cultura das ilhas do da Bahia. Foram montadas três bases audiovisuais nas ilhas do arquipélago de Cairu, com câmeras e computadores, para fortalecer os processos de autogestão.
Uma média de 80 adolescentes e crianças produziram seus próprios curtas, com temáticas que valorizam e promovem a identidade local. Temas como a relação afetiva da comunidade com o mar, a valorização da pesca, o resgate de festas populares e brincadeiras tradicionais, a gestão dos resíduos sólidos em ilhas, a proteção ao meio ambiente, fazem parte dos conteúdos dos documentários do Cinema e Sal. Nas mostras realizadas pelo projeto, uma média de 2.500 pessoas, entre elas crianças, jovens, professoras, marisqueiras, pescadores e líderes comunitários, tiveram acesso às programações.
Mostra Cinema e Sal
Data: 9 e 10 de dezembro
Horário: 18h30
Local: ao ar livre na Praia do Forte de Itaparica (Centro) e na Orla de Amoreiras