Artes Visuais

Lu Brito expõe autorretratos feitos durante a pandemia

A mostra Embora Haja Excesso foi aberta em A Galeria

Foto: Divulgação
Exposição

Após reconhecimento em eventos de fotografia nacionais e internacionais ao longo deste ano, como Paraty em Foco, Festival de Fotografia de Tiradentes e Med Photo Fest (Itália), os autorretratos da artista visual Lu Brito ocupam as paredes de A Galeria, no Ativa Atelier Livre, no Rio Vermelho. A exposição Embora haja excesso reúne quatro séries de trabalhos realizados durante a fase mais acirrada da pandemia da Covid-19: Múltiplos, Defrag, Metalinguagem e WebMonster. A mostra será aberta no dia 28 de outubro, às 19 horas, e prossegue até 19 de novembro.

No início da pandemia, Lu Brito foi obrigada a olhar a vida a partir de sua casa e de si mesma. Embora haja excesso é o resultado deste tempo suspenso, um encontro da artista consigo. Ela conta que nunca tinha ficado em casa por tanto tempo quanto no isolamento imposto pela crise sanitária, iniciado no Brasil em março de 2020. “Sempre fui ‘do mundo’, se alguém quisesse se esconder de mim, bastava ficar em minha casa… Quando fiquei em casa, não tinha mais como fugir de mim e de minhas angústias. O que significou? Me rasguei inteira e mergulhei nos meus retalhos”, relata a artista.

Os autorretratos de Lu Brito são produzidos por meio de scanner, câmera polaroid e webcam. “Tudo que temos nesta exposição são autorretratos. Autorretratos de uma mulher negra. Sempre em excesso porque necessários. Ela precisa ocupar o espaço como forma de afirmação da vida, da sua própria existência e de tantas outras mulheres. Sim, toda repetição é política mesmo quando este excesso de realidade me confunde. Repetir, repetir, repetir produz um encontro com a vida”, ressalta o Doutor em Artes Fábio Gatti, curador da mostra.

O fio que une todos os trabalhos, conta Lu Brito, é a “corporalidade como reflexo do inconsciente”. A obra Múltiplos foi impressa em tecido e se transforma em uma grande instalação que ocupa quase todo o espaço da galeria, propondo uma imersão no processo da artista. Metalinguagem é um díptico que propõe uma ideia de autoconhecimento. Já em Defrag, formado por 12 fotografias polaroides, a artista traz a desfragmentação na busca pela recomposição de si. A mostra apresenta ainda Webmonster, trabalho montado na área externa do Ativa Atelier, que imprime as fantasias que constituem Lu Brito como artista.

Trajetória da artista

Lu Brito vive e trabalha em Salvador, é artista visual e médica oftalmologista. Nos últimos dez anos, tornou a fotografia ponto central de sua pesquisa. Partindo da fotografia de viagem, ela construiu um repertório visual sobre mais de 40 territórios, sempre interessada nas relações entre singularidade e identidade. Atualmente sua pesquisa está voltada para o próprio corpo como território móvel e performático.

Embora haja excesso é a quarta exposição individual de Lu Brito. Desde 2015, a artista já participou de 15 coletivas. Em 2020, ela publicou o fotolivro Bacurau no Mapa (ed. Artisan Raw Books). Em 2021, publicou Sertão (ed. Origem), onde reúne sua pesquisa fotográfica realizada pelo Sertão da Bahia, nos últimos 5 anos, com texto critico escrito pelo professor e artista visual Fábio Gatti. Seus trabalhos podem ser encontrados na Zeca Fernandes Galeria de Arte, de Salvador, que representa Lu Brito desde 2018.

 

Exposição: Embora haja excesso

Artista: Lu Brito

Local: A Galeria, no Ativa Atelier Livre, rua Tupinambás, 423,  Rio Vermelho

Período: até 19 de novembro de 2022