Artes Visuais

Nova exposição do MAM-Bahia resgata o Museu de Arte Popular de Lina Bo Bardi

Foto: Geraldo Moniz
Museu de Arte Popular

Depois de 60 anos, como atitude de redemocratização e compromisso histórico, a SECULT/IPAC/Dimus via MAM-Bahia passam a salvaguardar e exibir a ‘Coleção de Arte Popular’ no Solar do Unhão com cerca de 1.000 peças, resgatando a ideia de Lina Bo Bardi por um MUuseu de Arte Popular na Bahia

Será aberta amanhã sexta-feira (21.10), às 17h, e continua até dezembro/2022, a exposição ‘Reminiscências Museu de Arte Popular’ no Museu de Arte Moderna (MAM-Bahia). Depois de 60 anos a Secretaria de Cultura do Estado e o IPAC/Dimus, através do MAM, como uma ação de redemocratização e compromisso histórico, voltam a salvaguardar e expor a ‘Coleção de Arte Popular Lina Boa Bardi’ no seu local de origem, o Solar do Unhão.

Formada por cerca de 1.000 peças de arte popular nordestina coletadas desde o final da década de 1950 e início dos anos 1960, é integrada por carrancas da proa de barcaças do Rio São Francisco, ex-votos, imaginária, esculturas em cerâmica representando animais e figuras humanas, fifós/candeeiros, panelas, potes de barro, brinquedos, utensílios domésticos e objetos de uso diário criados a partir de materiais recicláveis. A exposição tem acesso gratuito e estará aberta de terça-feira a domingo, sempre das 13h às 17h.

Foto Geraldo Moniz

Bienal e Nordeste no Unhão – A coleção tem o nome em homenagem a arquiteta e designer ítalo-brasileira, também primeira diretora do MAM (1959-1964), Lina Bo Bardi (1914–1992), pois foi ela que deu continuidade ao acervo de arte popular iniciado pelo cenógrafo e diretor de teatro pernambucano, Martim Gonçalves (1919–1973) que implantava a pioneira Escola de Teatro da UFBA. A partir da amizade e afinidade entre os dois foram viabilizadas duas mostras com essas peças: 'Exposição Bahia' de Arte Popular Nordestina na 5ª Bienal Internacional de São Paulo (1959); e a exposição 'Nordeste' no Solar do Unhão (1963).

Foi também Lina Bo Bardi que concebeu e coordenou as obras de restauro do complexo arquitetônico-histórico do Solar do Unhão, originário do século XVII e tombado como Patrimônio do Brasil em 1943. Desde o início, Lina planejou criar dois museus no Unhão: o de Arte Popular e o de Arte Moderna, incluindo um Centro de Estudos e Trabalhos Artesanais (CETA) como uma escola produtiva de arte e design que unia o saber popular ao acadêmico. Impedida e pressionada pelo Golpe Militar em 1964, Lina foi obrigada a abandonar as suas ideias inovadoras e à frente do seu tempo.

Espaço Lina Bo Bardi – A abertura da exposição ‘Reminiscências Museu de Arte Popular’ marca o resgate do Museu de Arte Popular (MAP) no MAM-Bahia, como um ato de redemocratização em relação à ditadura militar e reafirma o complexo educacional-museológico da proposta inicial de Lina Bo Bardi para o Unhão. “O MAM hoje detém o Espaço Lina Bo Bardi, composto pela sala da exposição ‘Reminiscências’, outra sala para pesquisas e a grande sala das Oficinas do MAM para práticas educativas e de formação, e isso é o reinício do MAP”, explica o diretor do MAM-Bahia, Pola Ribeiro.

O curador do MAM, Daniel Rangel, ressalta que a atitude da Secult/IPAC/Dimus/MAM mostra o entendimento e a pertinência simbólica do gesto do resgate histórico do MAP, tornando o sonho uma realidade. “A retomada do projeto ‘utópico’ de reservar um espaço permanente para o MAP e a arte do povo no MAM, colocando essa coleção de Arte Popular em diálogo constante com a produção moderna e contemporânea do museu, se tornou aqui uma missão poética e política”, revela Daniel.

Como a ‘Coleção de Arte Popular Lina Bo Bardi’ é muito extensa com cerca de 1.000 peças, novas exposições serão montadas depois da ‘Reminiscências Museu de Arte Popular’. Mais informações sobre o museu via telefones (71) 31176132 e 31176139 (segunda a sexta, 9h às 12h e 13h às 15h). Acesse o instagram @bahiamam e site www.mam.ba.gov.br.