Cardiologista João Ricardo Lopes
Uma das doenças que mais matam no país, o enfarte do miocárdio tem, também, um registro grande na região sialeira. Conforme o médico cardiologista João Ricardo Pinto Lopes, os casos mais comuns atingem a faixa etária de 60 anos: "Mas já temos registros que apontam que pessoas cada vez mais jovens estão sofrendo enfarte", explicou.
Formado em Medicina pela Universidade Federal da Bahia (UFBA - 2011), o médico e diretor da Clínica Cardiolin, em Conceição do Coité, João Ricardo fez residência e clínica médica no Hospital Cleriston Andrade (Feira de Santana), cardiologia no Hospital São Rafael (Salvador) e mestrado e doutorado na Escola Baiana de Medicina em Saúde Pública (Salvador).
Segundo o especialista as doenças isquêmicas do coração - também conhecidas como doenças cardiovasculares -, estão entre as principais causas de morbidade e mortalidade no Ocidente e também no Brasil. "Existem vários fatores de riscos para a alta prevalência das doenças cardiovasculares, sendo as principais, causas genéticas, e o avanço da idade, que acabam no enfarto agudo do miocárdio", explicou. Outros fatores de ricos são: hipertensão, diabete, tabagismo, obesidade, sedentarismo e colesterol elevado. "O homem é mais afetado do que a mulher, embora a mulher, após a menopausa, tem o risco de enfarto igualado ao homem", afirmou.
De acordo com o médico, a região sinaleira não foge a regra e também tem apresentado aumento de casos. "O envelhecimento da população e a mudança nos hábitos saudáveis refletem num aumento de casos da doença e Conceição do Coité, por apresentar um desenvolvimento acelerado e isso propicia uma vida sedentária em que as pessoas usam mais o carro e a moto para se locomover. Depois da pandemia da Covid-19, segundo ele, por conta da redução de avaliação médica, houve um aumento em torno de 31% nos casos de doenças.
Toda via o especialista lembra que essa não é uma doença exclusiva da terceira idade. "Hoje temos registros de pessoas da faixa dos 40 anos, apresentando aumento de doenças isquêmica. E a cada década de vida, existe o aumento do número de casos. Esta é uma doença multifatorial”, relata.
Para não correr risco de ter a doença ele dá as seguintes orientações: Existe aqueles fatores de risco que não são modificáveis: Idade, gênero e predisposição genética. “Esses não podemos modificar. Mas, os outros fatores são modificáveis como o controle adequado da pressão arterial, dieta adequada, redução do estresse, atividade física regular, controle de diabetes, do colesterol e abandono do tabagismo. A ajuda religiosa e espiritualidade também, são capazes de beneficiar o paciente", afirma.
Ele lembra também que cerca de 50% das pessoas que apresentam a síndrome coronariana aguda não tem sintomas ou avisos anteriores. "É possível que algumas dessas pessoas já tivessem alguns sintomas: náusea, mal estar, cansaço, respiração curta, tontura, dor no peito, por exemplo. A atenção a esses sintomas é importante a fim de evitar que o paciente chegue a um quadro clinico coronariano agudo, chegando a situação dramática ou trágica, com a morte súbita", alerta.
Em Coité por exemplo, João Ricardo atende mensalmente de 20 a 30 pacientes com quadro de angina e de infarto, contando com os que já estão internados ou que ele é chamado para fazer uma avaliação. "Depois da pandemia houve um aumento de casos, mas ainda não existem estudos conclusivos do porquê. O fato de as pessoas estarem há mais de dois anos sem uma avaliação rotineira pode ser uma das causas desse aumento. Outra situação é o estresse coletivo resultante do confinamento. E coisa o sedentarismo. Nesse período houve um aumento da acomodação pela necessidade de ficar em casa", concluiu.